Na manhã seguinte, enquanto eu me aprontava para a aula, cometi o grande erro de pedir ajuda a Lesley para escolher um moletom.
— O que você acha? — Eu seguro o roxo e o coloco ao lado do azul.
— Ok, pegue o verde de novo. — Ela diz, mexendo no meu guarda-roupa com a cabeça levemente virada para o lado enquanto considera as opções.
— Não tem um verde. — Porque ela não pode ser séria nem um pouco? — Me ajude, eu vou me atrasar.
— Você diria que esse azul é celeste ou azul marinho? — Ela esfrega o queixo.
— Certo, chega. — Jogo o azul na cama e passo o roxo pela cabeça.
— Tá, tá. Vá com o azul. — Eu paro com o moletom a meio caminho.
— É sério, destaca seus olhos. — Olho para ela por um momento, então tiro o roxo e faço o que ela diz. Então procuro o gloss para aplicar um pouco.
— O que está acontecendo? Quero dizer, crise com o moletom, a maquiagem... o que houve?
— Não estou usando maquiagem.
- Emily, o que é isso que você está prestes a passar em sua boca? Gloss conta. — Jogo o gloss de volta na gaveta e pego o protetor labial, passando ao redor dos meus lábios em uma linha branca encerada. — Eu ainda estou esperando uma resposta!
Deixo Lesley falando sozinha, e saio do quarto para descer as escadas e ir em direção ao meu carro.
— Tanto faz.
— Eu sei que não é o Ian, já que você não é o que ele gosta. E não é a Maya, já que ela não é o que você gosta. O que me deixa com... — Ela entra no carro trancado e senta no banco da frente enquanto eu tento não me irritar. — Você só tem esses amigos, então me conte logo.
— Eu não gosto de ninguém. Mas acredite, eu nunca mais vou pedir ajuda para você.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Quando eu chego na aula de inglês, estou tão nervosa que minhas mãos estão escorregando. Mas quando eu vejo Noah conversando com Natalie, absolutamente tudo muda.
— Hum, com licença. — Eu peço a Noah para retirar suas pernas longas do meu caminho, que estão no lugar da mochila que Natalie deixa todos os dias.
Mas ele apenas me ignora e continua parado na mesa dela, enquanto a encanta tirando rosas brancas de todos os lugares.
— Oh meu Deus! Como você fez isso? — Ela diz, em escândalo para que todos possam ver, como se Noah tivesse a entregado um diamante.
— Eu preciso passar. — Eu murmuro para Noah, e ele finalmente me olha antes de sair do meu caminho.
Sigo até a minha mesa, e tiro meus materiais da mochila, ignorando com dificuldade como Noah reclama quando a professora o manda vir para seu lugar.
— O que diabos? — Maya diz, movendo sua franja e olhando diretamente para mim, enquanto se senta batendo as mãos na mesa do almoço. Uma das poucas promessas de ano novo que ela conseguiu manter, foi a do banimento de palavrões. Mas ela acha "diabos" engraçado.
— Eu não sabia que não ia durar nada. — Ian balança a cabeça e olha para Noah, observando enquanto ele balança a caneta no ar. — Eu sabia que era bom demais para ser verdade.
Olho para o meu sanduíche, sem estar pretendendo mesmo o comer e dou de ombros. Ainda estou pensando na aula de inglês, quando Noah se esticou um pouco para mim e me entregou um bilhete. Mas só para que eu pudesse passar ele para Natalie.
— Passe você mesmo. — Eu digo, me recusando a tocar nele.
— Vamos lá. — Ele empurra o papel em minha direção para que parasse a centímetros dos meus dedos. — Passe o papel para ela.
— Eu não quero.
— Por que não? Que chato.
Eu não quero tocar nisso. Não quero tocar nesse papel e ver o conteúdo dele em minha mente. Eu posso ouvir o pensamento de Natalie, pelo pequeno cérebro dela, e posso me convencer de que é tudo imaginação.
Mas se eu pegar esse papel, posso ver que as palavras são realmente verdadeiras, e da parte dele.
— Passe você mesmo. — Finalmente respondi, empurrando o papel para fora da minha mesa com a ponta do lápis. Odiando o jeito que ele ri e se abaixa para pegar.
— O-lá para o planeta Emily! — Ian estala os dedos em meu rosto tentando chamar minha atenção de volta. — O que aconteceu? Ontem você foi a última pessoa a estar com o Noah e...
Me perdi nas palavras de Ian. Tentei procurar em minha mente algo que explicasse o motivo pelo qual Noah está agindo assim hoje. Antes de Natalie, tem a ruiva que eu vi no restaurante.
E então eu me sinto uma idiota por ter cogitado pensar que ele gostaria de mim. Noah é um jogador. E tenho certeza que ele faz isso o tempo todo com todas as outras meninas. O toque quente com as mãos e o olhar penetrante.
— Eu não fiz nada. — Finalmente respondo, tão confusa com o comportamento de Noah quanto Ian e Maya, só que bem menos disposta a admitir isso.
— Você se sente tão traída quanto eu? — Ian diz com um beicinho extremamente patético.
Então eu só pego as minhas coisas e saio da mesa, 30 minutos antes do sinal tocar. Só desejando que tudo se exploda.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Durante a aula de matemática, eu penso em maneiras de escapar da aula de artes. Sério, qualquer desculpa serve. Não mais por Noah, a verdade é que eu não sei porque me matriculei nessa aula. Não fazia parte das obrigatórias, meus projetos são horríveis e eu não tenho habilidade artística.
E se você adicionar Noah nessa mistura que já está cheia, vamos acabar com uma média comprometida e 45 constrangedores minutos.
Mas no final das contas, eu vou. E estou tão concentrada juntando meus materiais e colocando o avental, que a princípio nem percebo que ele não está lá.
Minutos passam e não há sinal de Noah. Pego uma tela e vou para o meu cavalete. Só para encontrar um bilhete idiota na ponta dele.
Eu o encaro, focando tanto nele que minha mente se silencia por uns segundos e toda a sala se reduzia a um ponto. Todo o meu foco consiste em um papel dobrado em forma triangular, com o nome Natalie escrito na frente.
Dou uma olhada na sala para reafirmar que Noah não está lá, e uso um pincel para jogar isso para longe de mim. Não vou entrar no jogo dele.
— Parece que você derrubou isso. — A professora Juliane chega com um sorriso brilhante, balançando o papel entre os dedos.
— Hum, isso não é meu. — Estou agindo como uma criança? Talvez. Mas que ela leia o nome que está no papel e o entregue para a dona.
— Eu não tenho outra Emily nessa turma. Então suponho que seja seu sim.
Eu pego o papel que ela não parou de balançar um segundo sequer, com "Emily" claramente escrito na frente. Sem fazer ideia de como isso aconteceu, eu sei o que vi.
Desdobro o papel, abrindo as três pontas e alisando os amassados e me sinto ofegante quando um pequeno desenho é revelado - uma pequena e muito bem tracejada: rosa vermelha.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...