Quando chego em casa, Noah está me esperando nos degraus da escada sorrindo maravilhosamente.
— Como foi seu dia? — Ele diz, se levantando e limpando a parte de trás da calça preta.
Dou de ombros, e abro a porta para ir logo atrás de Noah, quebrando a regra mais importante de Alison: nunca deixar um estranho entrar em casa. Mesmo que esse estranho seja supostamente meu namorado.
— Você sabe, apenas rotina. — Digo, finalmente. — E você, o que fez? — Ofereço água a Noah, que nega.
— Dirigi, surfei e esperei dar o horário para te ver novamente.
— Se fosse ao colégio, não precisaria esperar. — Digo.
— Vou tentar me lembrar de ir amanhã. — Ele ri.
Me encosto na mesa, um pouco nervosa por estar sozinha com ele, com tantas perguntas sem respostas e sem saber por onde começar.
— Quer ir lá para fora? — Pergunto rodando a tampa da minha garrafa de água, imaginando que ar fresco me dê coragem para perguntar o que quero.
— Prefiro ir lá para cima e conhecer o seu quarto. — Ele nega.
— Como você sabe que fica lá em cima?
— Bom, sempre estão lá em cima. — E então eu hesito, me perguntando se devo ou não. Mas quando ele me pega pela mão, e sobe as escadas, só consigo desejar que Lesley não esteja no quarto.
— Ó Deus! Finalmente! Olha só, não quero mais brigar com voc- — Lesley sai do banheiro dizendo, mas para bruscamente ao me ver com Noah.
Mas eu só continuo andando como se não tivesse visto ela ali, esperando que ela tenha a sensatez de só voltar mais tarde. Bem mais tarde.
— Parece que deixou sua TV ligada. — Ele diz, enquanto eu olho para Lesley, que está andando ao lado dele, olhando de cima a baixo e levantando os polegares em forma de aprovação.
Vou para o banheiro, chateada com ela por não sumir, sabendo que é só uma questão de tempo para que ela faça alguma loucura e eu não saiba como explicar.
Então me livro do casaco e faço a rotina habitual: tomo um banho rápido para não deixá-lo esperando, escovo os dentes com uma mão e passo desodorante com a outra, e cuspindo na pia antes de vestir uma camiseta. Me apresso apenas para descobrir que Lesley ainda está lá, olhando atentamente o cabelo de Noah.
— Venha aqui na varanda. Vamos tomar um vento. — Digo, ansiosa para afasta-lo da minha irmã.
— Depois eu vou. — Ele nega, e me convida para sentar junto a ele, enquanto Lesley aplaude.
Vejo como ele está sentado ali, completamente inocente, inconsciente, confiando que tem o sofá só para ele, quando na verdade esse formigamento em seu ouvido, o vento leve no cabelo e o frio no pescoço, é cortesia da minha irmã morta.
— Espera, eu deixei minha água no banheiro. — Digo, olhando de relance para Lesley e esperando que ela me siga, mas a pestinha apenas se senta do lado dele enquanto balança as pernas.
— Permita-me. — Noah se levanta, indo em direção ao banheiro. E então eu presto atenção em como ele passa graciosamente entre o sofá e a bancada, claramente evitando as pernas de Lesley. Logo, ela me olha boquiaberta e desaparece. — Pronto, aqui está.
Noah agora se move com bastante liberdade, quando apenas um momento atrás, se movia com muito cuidado. Percebendo a minha cara, ele apenas sorri.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
— Posso te fazer uma pergunta? — Estamos do lado de fora, acomodados na cadeira da varanda e acabamos de comer uma pizza inteira. Quero dizer, eu acabei, Noah apenas mordiscou.
— Pode fazer duas se quiser. — Ele diz, tomando um grande gole de sua garrafa.
— Como você consegue fazer isso?
— Isso o quê? — Ele apoia o queixo em meu ombro.
— Tudo! Você nunca faz tarefas do colégio, é só molhar o pincel na tinta que surge uma obra de Picasso. Você é ruim em alguma coisa? Você deve ser horrível em música.
— Eu toco violão, teclado e saxofone. — Ele diz rindo.
— Absolutamente todo mundo é ruim em alguma coisa, Noah Auguste. Diga-me no que você é.
— Por que você quer saber isso? — Ele me aperta. — Quer destruir a perfeita ilusão que tem de mim?
— Quero saber no que você é ruim, para que eu me sinta melhor. Vamos, melhore a minha autoestima.
— Você quer realmente saber? — Faço sinal de afirmativo com a cabeça, enquanto Noah folga seu braço ao meu redor. — Sou ruim no amor.
— Se importa em ser mais específico? — Pergunto, sem ter certeza se quero uma resposta sincera.
— Eu apenas sempre termino bem decepcionado. — Ele dá de ombros.
— Você não é tão velho assim para ter tido tantos relacionamentos, certo? — Me livro dos seus braços e o encaro.
— Vamos nadar? — Ele me abraça de volta, se recusando a me responder.
Depois de uns minutos ele retorna com uma roupa de banho. Noah avança pela borda, se decidindo entre pular ou não.
— Sem testes, pula logo. — Entro na água de roupa.
— Posso dar um salto?
— Pode até cair de barriga. — Rio, enquanto ele dá uma perfeita pirueta para frente e cai na água, molhando tudo.
— Você tem medo do fundo? — Ele diz, vindo para o meu lado. — Estou me referindo as suas roupas. — Pressiono os lábios, sem saber o que dizer. Então ele odeia a forma que me visto tanto quanto Lesley? — Talvez você se proteja da ira de Natalie. Ela odeia competição.
— Estamos competindo? — Pergunto, lembrando do flerte dele, das rosas, e eu tenho certeza de que isso não acabará bem para mim. Observo enquanto ele fica calado por um longo tempo, por tanto tempo que o meu humor muda e me afasto.
— Emily, não tem competição. — Ele diz, me seguindo.
— Como eu posso saber de alguma coisa, quando você é quente e frio? — Me apoio na borda para sair da água, sabendo que preciso ser rápida se vou dizer o que quero, porque no momento que ele se aproximar, as palavras sumirão. — Em um momento você me quer, enche minhas coisas de rosas vermelhas, e em outro está por aí com Natalie.
— Emily, eu nunca tive a intenção de machucar você. Nunca. — Ele finalmente me alcança. — Sinto muito se pareceu que estou jogando com seus sentimentos. Eu disse que não sou bom. — Noah sorri, tirando uma rosa vermelha da minha orelha.
— Como você faz isso? — Olho para ele, vendo que não tem nada onde se possa esconder uma rosa.
— É mágica. — Ele sorri.
— Você nunca pode falar sério? — Me afasto, indagando como fui me meter nisso e se ainda há tempo para recuar.
— Estou falando sério. — Ele murmura, pegando a camisa e as chaves na espreguiçadeira. — Alison chegou. — Ele se dirige para as portas do fundo, mesmo que eu não me lembre de ter mencionado que havia uma saída ali.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...