— Como foi que... — Olho para Noah em busca de alguma explicação.
— Acabou, Emily. Absolutamente, completamente, eternamente. Nunca mais seremos importunados por ela.
— Eu... matei a Lillian? — Pergunto. Apesar de tudo que ela fez à minha família, e das tantas vezes que supostamente me matou, não sei ao certo como me sentir em relação a isso.
Noah faz que sim com a cabeça.
— Mas... como? Quer dizer, se ela é imortal...
— Você acertou o ponto do coração, e além disso, o impacto do seu chute fez com que a cabeça dela se fosse. Você matou Lillian.
— Ela não pode ficar aqui. Quero dizer, o corpo dela não pode ficar aqui. — Estou aterrorizada por ter matado uma pessoa, mas ao mesmo tempo estou aliviada. Lillian não nos incomodará mais.
Noah pede que eu vá para o meu quarto e fique lá até que ele volte. Assim eu saberei que ele já se livrou do corpo da mulher.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Quando Noah volta, estou em meu quarto, lutando entre dormindo e acordada, com medo de ter pesadelos com Lillian e com o que aconteceu mais cedo.
Ele fica parado na porta me fitando, com um ar de cansaço e com os cabelos molhados.
— Eu limpei tudo lá embaixo. Sua tia não chegará agora, você deveria dormir. — Ele diz.
— Não vá embora. — Fico encarando Noah. — Nunca mais saia do meu lado, por favor.
— Nem para buscar um copo d'água para você? — Ele brinca e vem se sentar ao meu lado.
— Nem pra isso — Respondo, as mãos explorando o rosto inacreditavelmente perfeito que tenho à minha frente. — Noah, eu... — As palavras param na garganta.
— Você o quê? Fala. — Ele sorri.
— Senti muito sua falta — Finalmente consigo falar.
— Também senti a sua — ele devolve. Depois se aproxima para beijar minha testa, mas subitamente recua.
— Que foi? — pergunto, observando a maneira como ele me olha, o sorriso largo entre os lábios, a expressão de carinho no rosto. Então passo os dedos sob a franja e levo um baita susto ao perceber que a cicatriz não está mais lá.
— O perdão cura — Ele diz sorrindo. — Sobretudo quando perdoamos a nós mesmos. Olho fundo nos olhos dele, sabendo que deveria dizer alguma coisa, mas sem saber se encontrarei as palavras certas. Portanto, apenas fecho os olhos e dou vazão aos pensamentos para que eles sejam lidos.
Mas Noah ri e diz:
— É sempre melhor quando é dito.
— Mas eu já disse. Foi por isso que você voltou, não foi? Achei que fosse vir mais cedo. Tipo assim, eu até estava precisando de sua ajuda.
— Ouvi quando você chamou, claro. E teria vindo antes, mas precisava ter certeza de que você estava realmente pronta, não apenas se sentindo sozinha depois que Lesley se foi.
— Você sabia disso também?
Ele assente com a cabeça.
Ele assente com a cabeça.
— Você agiu certo.
— Então... você quase me deixou morrer naquela cozinha só porque queria ter uma certeza?
— Jamais deixaria você morrer, Emily. Não desta vez. — Noah faz que não com a cabeça.
— E Lillian?
— Subestimei o ódio dela. Não imaginava que ela fosse capaz.
— Vocês não liam os pensamentos um do outro?
— Faz tempo que aprendemos a blindar nossos pensamentos — Ele responde olhando para mim, acariciando meu rosto com o polegar.
— Você vai me ensinar a blindar os meus também?
— Com o tempo vou lhe ensinar tudo, prometo. Mas, Emily, você precisa ter consciência do que tudo isso implica. Se optar pela eternidade, nunca mais verá sua família outra vez. Não vai atravessar aquela ponte. Você precisa saber onde está se metendo. — Ele ergue meu queixo e olha fundo em meus olhos.
— Mas eu posso, tipo... cair fora quando quiser, não posso? Foi você mesmo quem disse.
— Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica.
Sei que o preço da eternidade é alto, mas sei também que as coisas podem se arranjar. Lesley prometeu mandar algum tipo de sinal; depois disso vejo o que faço. E se a eternidade começa hoje, é assim que vou vivê-la: até o fim do dia, e só. Sabendo que
Noah estará sempre ao meu lado. Tipo assim, sempre, certo?
Ele busca meu olhar, esperando uma resposta.
— Eu amo você — Digo baixinho.
— Também amo você — Ele devolve, os lábios pedindo os meus. — Sempre amei. E sempre vou amar.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...