— Meu pai era um grande sonhador. — Noah começa. — Um artista, doido por ciência e alquimia.
— Que época? — Pergunto, ávida por nomes, datas, lugares... qualquer informação concreta que possa ser pesquisada depois, não apenas uma ladainha filosófica de ideias abstratas.
— Meu pai, assim como os amigos alquimistas dele, acreditava que tudo podia ser reduzido a um único elemento, e que se você conseguisse isolar esse elemento poderia criar o que quisesse com ele. — Ele diz, ignorando a minha pergunta. — Ele se dedicou a essa teoria por anos, criando fórmulas, abandonando fórmulas, e mais tarde, quando ele e minha mãe... morreram, dei continuidade a pesquisa até aperfeiçoá-la.
— Você ainda pode envelhecer? — Cortei a explicação dele.
— Sim. Envelheci até certo ponto, depois parei. Sei que você prefere a teoria dos "congelados no tempo", dos vampiros, mas isso é fantasia. — Ele diz, como se ser imortal fosse normal.
— Tudo bem, e então... — Falo, ansiosa por mais.
— Então, meus pais morreram. Passando um tempo, conheci Lillian. Éramos tutelados pela igreja. Mais tarde, ela ficou doente, achei que não fosse suportar perdê-la, então a fiz tomar
— Ela disse que vocês eram casados. — Franzi os lábios, sabendo que ela não disse exatamente isso, mas sugeriu quando deu seu nome completo.
— Eu já estou na estrada há séculos. Tempo mais que suficiente para cometer alguns enganos. — Ele me olha sério. — As coisas eram diferentes naquele tempo. Eu era diferente. Era vaidoso, superficial e materialista. Mas assim que conheci você tudo mudou, e quando a perdi, bem.. não sabia que uma dor tão grande seria possível. Mas depois, quando você reapareceu... — Noah para de repente e olha ao longe. — Reencontrei você, mas logo em seguida a perdi novamente. Uma vez, duas vezes, três vezes... um eterno ciclo de amor e perda, até agora.
— Quer dizer então que a gente... reencarna? — Digo, estranhando a palavra assim que ela sai da minha boca.
— Você, sim. Eu, não. — Ele dá de ombros. — Estou sempre aqui, sempre o mesmo.
— E quem fui eu? — Pergunto, mesmo sem saber se acredito nisso tudo, acho fascinante o conceito da reencarnação. — Como não lembro de nada?
— É como se na viagem de volta, você passasse por um rio do esquecimento. — Ele explica, parecendo aliviado com a mudança de assunto. — Não é para lembrarem de nada. Estão aqui para aprender, para evoluir, para quitas as dívidas. Sempre recomeçando do zero até encontrar o próprio caminho.
Me pergunto como ele sabe de tudo isso, se nunca passou pela experiência.
— Então, depois de anos a sua procura, finalmente consegui reencontrá-la... e o restante você já sabe.
Respiro fundo e olho para o abajur ao meu lado, o acendendo e apagando várias vezes, tentando digerir essa avalanche de informações.
— Faz muitos anos que me afastei de Lillian, mas ela tem o péssimo hábito de reaparecer. Naquela noite no restaurante, quando você nos viu juntos, eu estava a mandando ir embora e me deixar em paz. E sim, sei que ela matou Eva. Aquele dia na praia, quando você acordou sozinha. — Eu sabia que ele não estava surfando! — Eu havia acabado de encontrar o corpo dela, mas era tarde demais para agir. Felizmente, pude ajudar Maya.
— Isso tudo parece ser demais para mim. — Digo, o olhando nos olhos.
— E quanto ao meu quarto sinistro, como você chama não é? Aquele é o meu lugar feliz. As lembranças da minha vida. Deixa eu te confessar, ri muito quando você achou que eu fosse um vampiro.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...