QUATORZE

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Se eu achava a voz de Noah incrível do jeito que me envolvia em silêncio, se eu achava o toque dele incrível da maneira que formigava minha pele, o que dizer do beijo dele?

Eu não sou expert em beijar, mas eu sei alguma coisa ou outra sobre, eu tinha até namorado na minha antiga vida.

Quando Noah se afasta e olha em meus olhos, eu só penso em o trazer de volta para mim.

— Oh, eu deveria saber que você estaria aqui. — Maya diz, e eu me afasto de Noah, com frio na barriga por ter sido pega beijando-o depois de dizer que não ligava a mínima para ele.

— Nós só estávamos... — Maya ergue sua mão para que eu me cale.

— Ei, me poupe. Eu só queria que você soubesse que estou indo embora com Eva.

— Já? Por que? — Eu pergunto, me questionando quanto tempo fiquei ali na piscina.

— Sim. Minha amiga Lillian passou aqui, vai nos levar para outra festa.

— Lillian? — Noah se levanta rápido.

— Oh, você conhece? — Maya pergunta, mas ele já saiu rápido.

Vou atrás de Maya, andando rápido, ansiosa para alcançar, desesperada para explicar, mas quando chegamos na porta que dá para a cozinha e eu a pego pelo braço, sou atingida por uma energia tão escura, uma raiva tão grande, que as palavras se congelam.

— Eu disse que você mente mal. — Ela se afasta e olha por cima do ombro, antes de continuar andando.

Suspiro, e continuo andando olhando fixamente a nuca de Noah, que parece saber exatamente onde encontrar a tal Lillian.

E quando entramos na cozinha, eu tomo um choque quando o vejo juntos. Ele em um belo disfarce de Conde Fersen, e ela vestida como Maria Antonieta, tão rica, tão delicada e tão bem fantasiada, que me deixa no chinelo.

— Você deve ser... — Ela ergue o queixo levemente enquanto seus olhos param nos meus, dois brilhantes olhos verdes.

— Emily. — Murmuro, observando a pele sem falhas dela, sua suave voz, os lábios perfeitos que agora revelam um sorriso de dentes tão brancos que não parecem reais.

Me viro para Noah, esperando que ele explique como a ruiva que eu vi no restaurante aquele dia, está agora na minha cozinha. Mas ele está ocupado olhando fixamente para ela.

— O que você está fazendo aqui? - Ele sussurra parecendo ameaçador.

— Maya me convidou. — A linda ruiva, que atende por Lillian, responde sorrindo gentilmente.

— De onde vocês se conhecem? — Pergunto a mulher parada ali, cujos pensamentos são inacessíveis e a aura também é inexistente.

— Eu a conheci no Nocturne. — Ela diz olhando diretamente para mim.

— Estamos indo para lá agora! — Maya diz animada, enquanto eu tento entender que diabos está acontecendo aqui e por que Noah parece tão tenso com a presença dessa mulher?

— Oh, você estava falando sobre Noah e eu, não estava? — Ela ri, os olhos dela viajando por minha fantasia e voltando para os meus. — Nos conhecemos na Itália.

— França. — Noah corrige, seco.

— Vamos apenas dizer que nos conhecemos a muito tempo. — Lillian ri.

— Ela não é legal? — Maya diz, olhando para ela com um respeito que normalmente reserva para góticos e Noah. Enquanto Eva está parada ao lado dela, revirando os olhos e checando a hora no celular.

— Será que chegamos no Nocturne até meia noite? — Eva diz, cutucando Maya.

— Você é bem vinda para se juntar a nós, Emily. — Lillian sorri de canto. E os pensamentos de Maya soam em "não, diga não, por favor diga não." — O motorista está esperando. — Ela cantarola, olhando de mim para Noah, e de volta.

— Eu não posso ir embora da minha própria festa. — Noah segura minha mão de surpresa quando eu digo, e eu a solto de imediato. — Mas você pode ir se quiser.

— Enfim, é muito bom encontrar você, Emily. — Lillian diz, suspirando em satisfação. — Tenho certeza que vamos nos ver de novo.

— Quem eu devo esperar agora? — Digo para Noah, quando as mulheres vão embora da cozinha. Não sei porquê estou soando tão ciumenta, não temos nada. Ele é um jogador, e hoje foi a minha vez.

— Emily... — Ele sussurra, e quando eu começo a me afastar para sair dali, ele olha para a mesa e diz. — Eu deveria ir também.

— Obrigada por vir. Se você sair agora, talvez dê tempo de chegar no Nocturne antes da meia noite. — E então ele sai. Sem dizer mais nada.

Sento nas escadas, afundando em pensamentos e desejando voltar no tempo, e nunca ter permitido que ele me beijasse.

— Aí está você! — Alison diz me pegando pelo braço. — Estive te procurando. Betty concordou em ficar só para te fazer uma consulta.

— Tia, eu não quero uma consulta. — Ela ignora, enquanto me puxa para onde a mulher está.

— Olá, Emily. — Betty sorri, enquanto eu afundo na cadeira, completamente tonta pela energia bêbada de Alison. — Leve todo o tempo que precisar. — Ela diz.

— Eu não quero uma leitura. — Olho as cartas de tarô ali na minha frente.

— Então tudo bem, eu não vou fazer uma leitura. — Ela diz juntando as cartas e dando de ombros. — O que você acha de irmos levando só para fazer sua tia feliz? Ela se preocupa com você. Se pergunta o tempo todo se está fazendo o certo te dando toda essa liberdade. — Ela espalha as cartas pela mesa, em forma de meia lua. — O que você acha?

— Eu acho que quero sair daqui. — Digo sinceramente.

— Ela vai se casar. — Ela sorri. — Mas nem hoje, nem mês que vem.

— Por que eu me preocuparia? — Mudo de posição na cadeira, me preparando para levantar.

— Como está lidando com seu dom? — Betty pergunta, virando três cartas.

— Como estou lidando com o quê?

— Com seu dom psíquico. — Ela sorri. Olho ao redor da sala e vejo Lesley dançando com Ian sem ele saber. — Eu sei que é difícil no início. Fui a primeira a saber sobre a morte do meu tio. Ele veio na minha cama e acenou. Eu só tinha quatro anos então você imagina a reação dos meus pais quando eu corri e disse? — Ela balança a cabeça rindo. — Mas você entende, porque você também os vê.

— Eu não faço ideia do que você está falando, minha senhora. — Me desafio a olha-la diretamente nos olhos.

— Você pode falar comigo aqui, quando estiver pronta. — Ela desliza seu cartão sobre a mesa, e eu pego porque Alison está observando.

— Terminamos? — Pergunto, ansiosa para sair dali.

— Só mais uma coisa. — Ela junta todas as cartas de uma só vez. — Estou preocupada com sua irmã. Eu acho que é hora dela seguir em frente, não acha?

— Como? Lesley seguiu em frente. Ela está morta! — Eu olho para ela, sentada ali tão convencida, achando que sabe tudo sobre a minha vida, e amasso o cartão sem me importar com quem vai ver.

— Eu acho que você sabe o que eu quis dizer. — Ela diz sorrindo calmamente.

O que diabos essa mulher é?

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