DOZE

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Maya veio com Eva, sua amiga doadora, que para a minha surpresa veio fantasiada de vampira. E Ian trouxe o Henrique, um garoto que ele conheceu na aula de teatro.

Não encosto em ninguém, mas os deixo entrar na casa, me arrependendo na hora de ter aceitado a ideia dessa festa. Várias pessoas desconhecidas em um só lugar, todas pensando ao mesmo tempo e com suas auras fortes e brilhantes em cores diferentes.

— Eu nem acredito que você não convidou o Noah. — Maya diz, sacudindo a cabeça e esquecendo completamente do "olá, tudo bem? boa amiga?". Ela está chateada comigo a semana toda, desde que ficou sabendo que ele não estava na minha lista de convidados.

Me limito a revirar os olhos e respirar fundo. Quero dizer, me desculpe por não querer pensar demais no fato de que, exceto as rosas vermelhas e o íntimo olhar que compartilhamos uma vez, ele não fala comigo há duas semanas.

— Ele não viria. Tenho certeza que ele está em algum lugar com Natalie ou a ruiva.

— Ruiva? Tem uma ruiva também? — Dou de ombros diante da encarada de Maya. Não me importo com Noah. — Você deveria vê-lo. — Ela se vira para Eva. — Ele é incrivelmente lindo.

— Parece uma ilusão. Do jeito que você fala dele, é estranho alguém ser assim tão perfeito. — Eva arqueia levemente suas sobrancelhas.

— Noah é. É uma pena que você não vai poder vê-lo. — Maya me olha outra vez. — Mas caso você veja, não esqueça que ele é meu. Eu disse isso muito antes de te conhecer, ok?

Eu olho para Eva, reparando em sua aura escura demais, seu short preto e uma camiseta, sabendo que ela não ligaria para Maya se visse quão lindo o Noah realmente é.

— Emily, eu poderia te emprestar presas e sangue falso e você poderia ser uma vampira também. — A mente dela acaba de se convencer que eu sou uma inimiga.

Eu nego e as levo para outro lugar da sala, desejando que ela esqueça Noah e me esqueça também.

Alison está conversando com um amigo, Maya e Eva estão colocando álcool em suas bebidas, Ian e Henrique estão conversando ao fundo e Lesley está brincando com a ponta do chapéu do acompanhante de Ian.

E quando eu estou a ponto de tentar dar um sinal discreto para que ela saia dali, alguém bate a porta e ambas corremos para ver quem chega primeiro a porta — por mais que para o resto da festa eu tenha corrido sozinha —.

Chego primeiro mas esqueço de saborear a minha vitória, porque Noah está ali com rosas vermelhas em uma mão e um chapéu com bordas douradas na outra.

Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo, sua habitual roupa preta foi substituída por uma camisa branca de babados, um casaco com botões dourados e uma calça apertada e sapatos pontiagudos.

E enquanto penso como Ian vai sentir inveja dessa fantasia, me dou conta do que ele está disfarçado e meu estômago cria borboletas indesejadas.

— Conde Fersen. — Eu resmungo, quase não pronunciando as palavras.

— Maria Antonieta. — Ele sorri, imitando uma reverência.

— Ninguém sabia minha fantasia... você não estava convidado. — Eu sussurro em choque, olhando além de seus ombros, procurando Natalie, Spencer ou a ruiva.

— Então é uma coincidência. — Ele me entrega as flores, decifrando o meu sussurro. Conde Fersen era o amante apaixonado de Maria Antonieta. Como Noah pode ter aparecido em uma festa que ele não foi convidado, vestido exatamente como a perfeita metade do meu disfarce?

— Noah está aqui! — Maya grita enquanto ele me segue pela sala, balançando os braços freneticamente. Mas no momento que ela vê a fantasia dele, percebendo que ele está vestido como o não tão secreto amante de Maria Antonieta, seu rosto todo se fecha e ela me olha. — Quando vocês combinaram isso? — Ela se aproxima, tentando parecer neutra, mas mais para o benefício de Noah do que para o meu.

— Não combinamos. — É uma coincidência muito estranha. Eu mesma estou começando a me perguntar se deixei escapar em algum momento, mesmo tendo certeza que não fiz.

— É só uma coincidência. — Ele responde.

— Você deve ser o Noah. — Eva diz, indo para o lado dele e brincando com os babados da camisa. — Eu achei que Maya estava exagerando, mas você é realmente um gato. Do que está disfarçado e por que todo esse escândalo?

— Oh, ele está vestido de Conde Fersen. — Maya responde com uma voz dura.

— Não faço ideia de quem seja. — Eva diz, antes de pegar o chapéu dele, colocando-o e pegando a mão de Noah para levá-lo para outro lugar.

— Eu não acredito nisso, Emily. — Maya começa, assim que eles vão embora. — Eu confiei em você te contando como eu gostava dele!

— Eu juro que não foi planejado. Eu nem o convidei! — Tento convencê-la, mesmo sendo inútil. — E eu não sei se você notou o que aconteceu aqui, mas a sua amiga Eva está praticamente montada nele.

— Ela faz isso com todo mundo, não é uma ameaça.

— Eu não sei quando você virou essa idiota que classifica mulheres como ameaça ou não com um cara que não está nem aí pra você! Essa coisa de sair reivindicando pessoas como se fossem objetos é ridícula, Maya! Isso está estragando a nossa amizade, Noah não pode me dizer um "oi" que você acha que ele vai me beijar. — Jogo tudo o que penso em Maya.

— Emily, cala a boca. — Ela pisca para tentar afastar as lágrimas. — Se você gosta dele, não tem nada que eu possa fazer. Quero dizer, não é sua culpa que você seja tão bonita e inteligente e os caras sempre vão preferir você. Especialmente quando te vêem sem capuz. — Ela tenta rir, sem sucesso.

— Você está fazendo um drama por nada. A única coisa que Noah e eu temos em comum é nosso gosto por filmes. — Tento convencê-la e me convencer também.

— Você é uma droga mentindo. — Ela diz e se afasta.

— Essa é a sua melhor festa! Drama! Intriga! Ciúmes! Estou tão feliz de não ter perdido isto! — Lesley está ali do meu lado, gritando, enquanto eu vou até a porta que tem a campainha tocada novamente.

— Posso ajudar? — Pergunto a mulher que está parada ali, notando que ela não está fantasiada.

— Desculpe, eu estou atrasada. O trânsito estava uma droga. — Ela passa por mim e cumprimenta Lesley com a cabeça, como se pudesse vê-la.

— Você é amiga da Alison então. — O que diabos essa mulher tanto olha na direção de Lesley? Ela tem uma aura de agradável cor branca, e por alguma razão eu não posso ler seus pensamentos.

— Eu sou Betty. Sua tia me contratou.

— Você é da equipe das comidas? — Mas não pode ser, ela não está usando camisa branca e calças pretas como o resto.

Ela sorri e cumprimenta Lesley novamente, que nesse momento está um pouco atrás de mim.

— Eu sou psíquica. — Ela diz, afastando o cabelo do rosto e se ajoelhando ao lado da minha irmã. — E vejo que tem uma amiga aqui com você.

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