VINTE E TRÊS

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Quando entro em minha rua, me surpreendo ao ver alguém sentado nos degraus da entrada, e quando chego mais perto, fico ainda mais surpresa ao ver que é Lesley.

— Oi. — Digo, agarrando minha mochila e batendo a porta do carro um pouco mais forte do que eu planejava.

— Jesus! Achei que você iria me atropelar.

— Desculpe, pensei que era Noah. — Ando até a porta.

— O que o bonitão fez dessa vez? — Lesley debocha.

— O que aconteceu? Te deixaram do lado de fora? — Devolvo o deboche dela, e fujo dessa pergunta. Não quero dizer que meu estranho namorado sumiu de novo.

— Muito engraçado. — Ela se dirige até a cozinha e eu observo como seu disfarce de mulher maravilha está uma bagunça.

— E então, o que se passa? — Amasso uma garrafa de água que estava em cima da pia.

— Nada. Mas eu quero saber o que você vai fazer. — Ela pergunta, se inclinando na cadeira de forma que me deixa tensa, mesmo sabendo que é impossível ela cair e se machucar. — Quero dizer, você tem essa casa enorme só para você.

— Eu odeio decepciona-la, mas não vou dar uma festa. — Digo. — Essa Emily festeira morreu naquele acidente, certo? — Mas quando eu a encaro, está claro que ela não está me escutando.

— Não fique irritada, certo? — Ela diz, fazendo espirais com o dedo no granito preto do balcão. — Eu passei o dia com Betty. Sei que você não gosta dela, mas ela tem me dito coisas e eu penso que ela pode ter razão.

— Em quê ela pode ter razão? — E um nó se forma em minha garganta, não quero que essa mulher convença a minha irmã de ficar longe de mim.

— Betty disse que eu não deveria estar aqui. Que não era para eu te visitar mais.

— E o que você disse? — Eu respiro fundo, desejando que ela parasse de falar e retirasse tudo.

— Eu disse que gosto de estar aqui. Eu disse que nunca vou ser uma jovem, então posso ser através de você.

— Por Deus, você não poderia ter escolhido um exemplo melhor? — Digo para tentar aliviar a pressão dentro do meu peito.

— Não me diga! — Ela ri. — Mas o que acontece se ela tiver razão? E se for errado eu estar aqui o tempo todo?

— Lesley. — Eu começo, mas logo a campainha toca e quando eu olho para ela novamente, ela havia desaparecido. — Lesley! — A chamo pela cozinha. Mas é inútil, ela não vai aparecer. E sei que Maya está lá fora, preciso deixa-la entrar.

— Encontraram Eva. Está morta. — A confusa mulher diz, entrando com pressa. Em seu rosto, uma mistura de rímel e lágrimas. Seu cabelo recentemente pintado de vermelho, está uma bagunça.

— O quê? Tem certeza? — Começo a fechar a porta, mas sinto Noah estacionando na frente da minha casa. — Eva... — Começo a conta-lo, tão horrorizada com a notícia que tinha me esquecido do que ele fez.

— Você está bem? — Ele diz, se ajoelhando ao lado de Maya.

— Sim. Quero dizer, eu não a conhecia muito bem, só saímos algumas vezes. Mas mesmo assim, é horrível o fato de que provavelmente eu fui a última pessoa que a viu. — Ela balança a cabeça e limpa o rosto.

— Certamente você não foi a última pessoa a vê-la. — Noah diz, e eu o olho perguntando-me se era uma piada de péssimo gosto, mas seu rosto estava sério.

— Eu me sinto tão responsável. — Ela murmura, escondendo seu rosto entre as mãos. — Não vou ficar aqui choramingando com vocês, só achei que você devia saber. Mas agora preciso ir ver Lillian.

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