Na mesma noite, algum tempo depois que a festa terminou e todos foram embora, estive deitada em minha cama pensando em Betty e no que ela me disse sobre Lesley.
Sempre achei que ela não tinha assuntos pendentes e que me visitava porque assim ela queria. Era simplesmente algo que ela decidiu sozinha, e o tempo que não está comigo, provavelmente está na casa de alguma celebridade.
Quando eu finalmente adormeço, sonho com Noah. Mas pela manhã, tudo o que lembro são partes fragmentadas, imagens sem sentido. A única coisa que lembro claramente é de nós dois correndo em direção a algo que não posso ver.
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Quando chego à casa de Ian, ele já estava esperando do lado de fora, enquanto digita concentrado no celular.
— Você vem? — Dou a ele o sinal que já estou aqui e Ian entra no carro.
— Me conte tudo, do começo ao fim. — Ele já entra de um jeito nada agradável.
— Do que você está falando? — Sigo pela rua, tentando advertir Lesley, que esta sentada no colo de Ian, soprando em seu rosto enquanto ele tenta ajustar o ar-condicionado do carro.
— A-lô? Noah? Ouvi comentários sobre o que vocês estavam fazendo sob a luz da lua, na sua festa. — Ele ri. A notícia já se espalhou, baby. Eu ia te ligar ontem, mas meu pai confiscou meu celular e me arrastou para um treino de futebol, para me ver jogar como um frango. — Ele ri novamente. — Vamos ao que interessa!
— Não tenho nada para contar. — Dou de ombros, e freio bruscamente para que Lesley saia do colo dele e desapareça.
— O que é isso garota? Se não quer que eu insista, é só falar. Não precisa tentar me matar, eu hein. — Ian diz, consertando o cabelo. — Maya me contou o que aconteceu.
— Ele me beijou.
— E? — Ian diz me olhando, esperando o resto da história.
— E nada, meu amigo. — Minto como uma principiante.
— Não te ligou? Não te mandou mensagem? Nem foi te visitar? — Ian diz visivelmente chateado, com sua mente se perguntando o que isso significa para o nosso grupo.
— Absolutamente nada. — Digo, ligando o rádio a fim de encerrar aquela conversa.
Mesmo estando completamente comprometida em não pensar em Noah, não posso evitar me decepcionar quando chego à classe de inglês e vejo que ele não está.
Não importa o quanto eu tente, não consigo esquecer a imagem dele e Lillian juntos. Ele em um perfeito Fersen e ela em uma perfeita Maria. Enquanto eu fico a margem, como a pior imitadora do mundo.
Estou a ponto de conectar os meus fones, quando Noah e Natalie entram juntos, alegres e risonhos, tão juntos que seus ombros quase se tocam, duas rosas brancas na mão dela.
— Oi. — Ele diz, sentando-se em sua cadeira e agindo como se estivesse tudo perfeitamente normal. Rabisco um pedaço de papel, tremendo pelos pensamentos de Natalie, e a caneta escorrega para o chão. Me abaixo para pegá-la, e quando volto a minha mesa, vejo uma rosa vermelha.
— O que aconteceu? Acabaram suas rosas brancas? — Digo, tentando parecer tranquila.
— Jamais te daria uma rosa branca. — Ele diz, tranquilo. Mas eu me recuso a participar desse jogo, e pego minha mochila para procurar algo, xingando em voz baixa quando vejo que ela está cheia de rosas vermelhas. — Você é uma garota de rosas; rosas vermelhas. — Ele sorri.
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— Olha quem chegou. — Maya diz, assim que eu apareço na mesa de almoço. Me sento ao lado de Ian, que está muito ocupado enviando mensagens para notar minha presença, e não posso evitar me perguntar se devo arrumar novos amigos.
Limpo minha maçã com o guardanapo do sanduíche de Ian, e tomo um choque quando encaro Maya e vejo que suas lentes amarelas, foram substituídas por uma verde.
Que é de um verde tão intenso e suave ao mesmo tempo, que só pode ser como os olhos de Lillian.
Pressiono meus lábios e olho para o resto de sua aparência, notando como o seu delineador é mais suave, mais estilo Lillian, e como seu batom vermelho foi trocado por um rosa leve, como Lillian. Ela está usando um vestido, sedoso e clássico, algo como Lillian usaria.
— E onde está Noah? — Maya pergunta, como se fosse minha obrigação saber. Me limito a morder minha maçã. — O que aconteceu? Achei que agora vocês andavam agarrados. — Ela pergunta, sem querer abandonar o assunto.
Mas antes que eu pudesse responder, Ian larga seu celular e olha para Maya de uma maneira que deixa a tradução direta de: cuidado com o que vai dizer.
— Que seja. — Ela tira os olhos de Ian e volta a me encarar. — Não me incomodo de você estar com ele. Não se preocupe, certo? Já está completamente superado. — Ela estende a mão para mim, e eu aceito, me surpreendendo por ela estar sendo sincera.
Quer dizer, este fim de semana ela me viu como inimiga número um, e agora ela não se importa mais. Mas eu posso ver o motivo disso somente nesse aperto de mãos.
— Maya. — Eu começo, me perguntando se quero fazer isso. — Quando vocês estiveram no Nocturne, por acaso viram o Noah? — Solto de uma vez, sentindo o olhar afiado de Ian, enquanto Maya só me encara confusa.
— Não, não o vi por lá. — Ela diz, relaxando a feição.
Mesmo sabendo que o verei brincando de flores com Natalie, resolvo dar uma olhada em todo o refeitório e ao menos por hoje, a mesa de Natalie e companhia está sem flores. Noah não está aqui.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...