No momento que entro na minha rua, vejo Noah encostado em seu carro e sorrindo como se soubesse que eu estava chegando.
— Como foi seu dia na escola? — Ele diz, circulando meu carro enquanto eu estaciono. — Vejo que ainda está irritada.
— Eu não estou irritada. — Minto, destrancando a porta e deixando minha mochila no sofá.
— Isso é um alívio porque eu fiz reserva para dois, e se você não está irritada, virá comigo. — Ele sorri e toma meus fones de ouvido. — Você não precisa dessas proteções. Confie em mim. — Noah tranca a porta, coloca as chaves no bolso e me leva até seu carro.
— Onde vamos? — Me acomodo no carro, sempre disposta a seguir qualquer que seja o seu plano. — Eu tenho uma tonelada de tarefas para fazer.
— Você vai fazer tudo mais tarde. Eu prometo.
— Quanto mais tarde? — O olho atentamente, me perguntando se um dia serei capaz de negar qualquer coisa que ele peça.
— Antes da meia-noite. Agora coloque o seu cinto.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Noah dirige rápido. Muito rápido. Então quando ele entra em um estacionamento, parece que só se passaram alguns minutos.
— Onde estamos? — Lhe pergunto, olhando um letreiro grande e verde que diz entrada leste.
— Olha ali. — Ele diz, me puxando enquanto quatro cavalos passam por nós sendo puxados por uma mulher de jaqueta verde e rosa.
— Um hipódromo? — Completamente inesperado.
— Ei, não é qualquer hipódromo. É um dos melhores. Agora vamos lá, temos uma reserva no restaurante daqui.
— Isso não é ilegal? — O Noah é tão aleatório.
— Comer é ilegal? — Ele sorri.
— Estou me referindo as apostas em cavalos. Você sabe. — Ele me ignora e escolhe o número cinco no painel do elevador.
— Sr. Auguste! Sua mesa está pronta há horas, venha por aqui. — Um moço parado a frente do restaurante cumprimenta Noah como se fossem amigos a muito tempo.
Ele me guia por uma sala cheia de jovens, adultos, aposentados, um pai com uma criança, e eu noto que não há um lugar sequer vazio no local. Paramos em uma mesa no final com vista para a pista de corrida.
— Só faltam 5 minutos para começar as apostas. — E dito isso, o homem sai.
— O que você acha de Major? — Ele pergunta, abrindo um envelope deixado na mesa, provavelmente o itinerário de cavalos.
Mas estou ocupada demais observando ao meu redor. Esse lugar não só é enorme, como está completamente cheio — no meio da semana — e no meio do dia. Toda essa gente deixando suas responsabilidades e apostando. É um mudo completamente novo, e não posso deixar de me perguntar se é aqui que Noah passa seu tempo livre.
— E então? Quer apostar no Major? — Ele me olha brevemente antes de fazer anotações.
— Pode ser. — Digo, sem ter certeza se fiz uma boa escolha.
— Quanto você quer apostar? A mínima são duas fichas.
— Assim está bom. — Não sei se escolhi um bom cavalo, mas sei que não quero esvaziar minha carteira nisso.
— Eu acho que você escolheu um bom cavalo. Então vou apostar cinco fichas. Ou melhor, serão dez.
— Não aposte isso tudo. — Pressiono meus lábios. — Eu só escolhi porque você sugeriu.
— Saberemos se foi uma boa escolha em breve. — Ele diz, se levantando enquanto eu pego a minha carteira, mas ele rejeita com a mão. — Poderá me reembolsar quando ganhar. Se o garçom vier, peça o que quiser.
— O que peço para você? — Pergunto, mas ele se move tão rápido que não me escutou.
Quando ele volta, o telão conta 15 segundos para começar a corrida. A princípio, os animais parecem manchas escuras, mas vejo claramente quando o Major chega em 1° lugar!
— Ganhamos! Ganhamos! — Digo sorrindo abertamente.
— Não há nada como ganhar a primeira aposta quando se tem muito dinheiro.
— Bem, não sei o quão grande é essa aposta. — Digo, desejando ter tido mais fé para dobrar minhas fichas.
— Como você só apostou duas, você ganha mais ou menos oito.
— Oito dólares? — Franzi o cenho, decepcionada.
— Oitocentos dólares. — Ele ri. — Oitocentos e oitenta dólares e noventa centavos.
— Tudo isso com duas fichas? — Digo, me tocando agora porque Noah fica na melhor mesa. — E você ganhou o mesmo?
— Eu perdi bem feio. — Ele sorri. — Como você não tinha certeza no Major, eu apostei em outro cavalo e ele não conseguiu. Mas vamos apostar novamente, vou conseguir.
E assim ele fez. Depois da sétima e última corrida, eu já havia ganhado mil e seiscentos dólares, enquanto Noah encheu o bolso muito mais.
— O que você achou das corridas? — Ele disse, me levando para fora.
— Bom, agora eu sei porque você não está nem um pouco interessado na escola.
— Vamos até a loja de presentes. Quero te comprar alguma coisa para comemorar nossa vitória.
— Não, você não precisa c... — Eu começo, mas as mãos de Noah me interrompem.
— Qual é? Eu faço questão. Mas nada de capuzes ou casacos. — Ele sorri.
Depois de insistir em um capacete de jóquei, uma estátua de cavalo e uma enorme ferradura para pendurar na parede, nos decidimos por uma pulseira de prata com pingente de cavalo.
— Desse jeito, você nunca esquecerá desse dia. — Ele me ajuda a prender a pulseira em meu pulso. — Agora vamos, prometi te deixar antes da meia-noite.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
A volta para casa pareceu ser mais rápida do que quando fomos para o hipódromo. E quando ele entra na minha rua, relutantemente me dou conta que o dia acabou.
— Olha só. — Noah diz, apontando para o relógio do carro. — Bem antes da meia-noite, como havia prometido.
— Alison amará esse seu lado pontual. — Digo, me preparando para descer do carro.
— Te vejo no colégio, certo? — E antes que eu possa me despedir, Noah sai acelerando.
Vote nesse capítulo caso queira me ajudar com a história e incentivar com ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...