VINTE E UM

48 14 4
                                    

No momento que entro na minha rua, vejo Noah encostado em seu carro e sorrindo como se soubesse que eu estava chegando.

— Como foi seu dia na escola? — Ele diz, circulando meu carro enquanto eu estaciono. — Vejo que ainda está irritada.

— Eu não estou irritada. — Minto, destrancando a porta e deixando minha mochila no sofá.

— Isso é um alívio porque eu fiz reserva para dois, e se você não está irritada, virá comigo. — Ele sorri e toma meus fones de ouvido. — Você não precisa dessas proteções. Confie em mim. — Noah tranca a porta, coloca as chaves no bolso e me leva até seu carro.

— Onde vamos? — Me acomodo no carro, sempre disposta a seguir qualquer que seja o seu plano. — Eu tenho uma tonelada de tarefas para fazer.

— Você vai fazer tudo mais tarde. Eu prometo.

— Quanto mais tarde? — O olho atentamente, me perguntando se um dia serei capaz de negar qualquer coisa que ele peça.

— Antes da meia-noite. Agora coloque o seu cinto.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

Noah dirige rápido. Muito rápido. Então quando ele entra em um estacionamento, parece que só se passaram alguns minutos.

— Onde estamos? — Lhe pergunto, olhando um letreiro grande e verde que diz entrada leste.

— Olha ali. — Ele diz, me puxando enquanto quatro cavalos passam por nós sendo puxados por uma mulher de jaqueta verde e rosa.

— Um hipódromo? — Completamente inesperado.

— Ei, não é qualquer hipódromo. É um dos melhores. Agora vamos lá, temos uma reserva no restaurante daqui.

— Isso não é ilegal? — O Noah é tão aleatório.

— Comer é ilegal? — Ele sorri.

— Estou me referindo as apostas em cavalos. Você sabe. — Ele me ignora e escolhe o número cinco no painel do elevador.

— Sr. Auguste! Sua mesa está pronta há horas, venha por aqui. — Um moço parado a frente do restaurante cumprimenta Noah como se fossem amigos a muito tempo.

Ele me guia por uma sala cheia de jovens, adultos, aposentados, um pai com uma criança, e eu noto que não há um lugar sequer vazio no local. Paramos em uma mesa no final com vista para a pista de corrida.

— Só faltam 5 minutos para começar as apostas. — E dito isso, o homem sai.

— O que você acha de Major? — Ele pergunta, abrindo um envelope deixado na mesa, provavelmente o itinerário de cavalos.

Mas estou ocupada demais observando ao meu redor. Esse lugar não só é enorme, como está completamente cheio — no meio da semana — e no meio do dia. Toda essa gente deixando suas responsabilidades e apostando. É um mudo completamente novo, e não posso deixar de me perguntar se é aqui que Noah passa seu tempo livre.

— E então? Quer apostar no Major? — Ele me olha brevemente antes de fazer anotações.

— Pode ser. — Digo, sem ter certeza se fiz uma boa escolha.

— Quanto você quer apostar? A mínima são duas fichas.

— Assim está bom. — Não sei se escolhi um bom cavalo, mas sei que não quero esvaziar minha carteira nisso.

— Eu acho que você escolheu um bom cavalo. Então vou apostar cinco fichas. Ou melhor, serão dez.

— Não aposte isso tudo. — Pressiono meus lábios. — Eu só escolhi porque você sugeriu.

— Saberemos se foi uma boa escolha em breve. — Ele diz, se levantando enquanto eu pego a minha carteira, mas ele rejeita com a mão. — Poderá me reembolsar quando ganhar. Se o garçom vier, peça o que quiser.

— O que peço para você? — Pergunto, mas ele se move tão rápido que não me escutou.

Quando ele volta, o telão conta 15 segundos para começar a corrida. A princípio, os animais parecem manchas escuras, mas vejo claramente quando o Major chega em 1° lugar!

— Ganhamos! Ganhamos! — Digo sorrindo abertamente.


— Não há nada como ganhar a primeira aposta quando se tem muito dinheiro.

— Bem, não sei o quão grande é essa aposta. — Digo, desejando ter tido mais fé para dobrar minhas fichas.

— Como você só apostou duas, você ganha mais ou menos oito.

— Oito dólares? — Franzi o cenho, decepcionada.

— Oitocentos dólares. — Ele ri. — Oitocentos e oitenta dólares e noventa centavos.

— Tudo isso com duas fichas? — Digo, me tocando agora porque Noah fica na melhor mesa. — E você ganhou o mesmo?

— Eu perdi bem feio. — Ele sorri. — Como você não tinha certeza no Major, eu apostei em outro cavalo e ele não conseguiu. Mas vamos apostar novamente, vou conseguir.

E assim ele fez. Depois da sétima e última corrida, eu já havia ganhado mil e seiscentos dólares, enquanto Noah encheu o bolso muito mais.

— O que você achou das corridas? — Ele disse, me levando para fora.

— Bom, agora eu sei porque você não está nem um pouco interessado na escola.

— Vamos até a loja de presentes. Quero te comprar alguma coisa para comemorar nossa vitória.

— Não, você não precisa c... — Eu começo, mas as mãos de Noah me interrompem.

— Qual é? Eu faço questão. Mas nada de capuzes ou casacos. — Ele sorri.

Depois de insistir em um capacete de jóquei, uma estátua de cavalo e uma enorme ferradura para pendurar na parede, nos decidimos por uma pulseira de prata com pingente de cavalo.

— Desse jeito, você nunca esquecerá desse dia. — Ele me ajuda a prender a pulseira em meu pulso. — Agora vamos, prometi te deixar antes da meia-noite.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

A volta para casa pareceu ser mais rápida do que quando fomos para o hipódromo. E quando ele entra na minha rua, relutantemente me dou conta que o dia acabou.

— Olha só. — Noah diz, apontando para o relógio do carro. — Bem antes da meia-noite, como havia prometido.

— Alison amará esse seu lado pontual. — Digo, me preparando para descer do carro.

— Te vejo no colégio, certo? — E antes que eu possa me despedir, Noah sai acelerando.

Vote nesse capítulo caso queira me ajudar com a história e incentivar com ela.

All for usOnde histórias criam vida. Descubra agora