Noah mora em um condomínio fechado com acesso controlado. Suponho que a presença de seguranças e barras de ferro, não atrapalhou a minha irmã em nada.
— Oi, sou Jade Heather. Estou aqui para ver o Jake Real. — Ofereço minha mão para a mulher que faz a liberação para o condomínio, e quando ela aceita, tenho acesso rápido a nomes aleatórios que estão previstos para visitar o condomínio.
— Deixe isto na janela. — Ela disse, entregando um papel amarelo com a palavra "visitante" e a data escritos. — E não estacione no lado esquerdo da rua, apenas no direito.
Ela volta sua cabine e eu sigo em frente, passando por ruas até que chegue na que Lesley sinalizou. Olhando no meu mapa de direções, viro à esquerda, rapidamente seguindo por outra passagem também à esquerda, parando no bloco em que Noah mora.
E agora me dou conta de que perdi toda a coragem. Que tipo de namorada eu sou? Quem pensaria em recrutar sua irmã morta para espionar o namorado? Mas também não é como se algo em minha vida fosse normal.
Continuo sentada no carro, me concentrando em minha respiração, tentando mantê-la lenta e regular. Demorei para chegar aqui, e agora que estou, não tenho um plano.
Isso provavelmente não importa muito. Quero dizer, o que de pior poderia acontecer? Noah aparecer e confirmar que sou louca? Ele já deve estar pensando isso depois de ter me visto tão carente pela manhã.
Desço do carro e vou até a frente da casa dele, que fica no final da rua sem saída, com árvores altas e grama cortada. Mas não vou rastejando e nem me escondendo, só ando normalmente como se tivesse o direito de estar aqui.
Parando em frente a porta, dou um passo para trás e olho pela janela que estão com cortinas baixas. Mesmo sem saber o que dizer, pressiono a campainha, prendo a respiração e espero.
Mas depois de uns minutos sem resposta, eu pressiono outra vez, e quando ele não abre a porta, eu giro a maçaneta para me certificar de que a porta está trancada.
Caminho pela calçada, para ter certeza que nenhum vizinho está olhando, deslizo pela entrada lateral e esquivo para o quintal. Fico perto da casa, observando vagamente a piscina, as plantas e aquele ar incrível de mansão, enquanto caminho para a porta deslizante de vidro, que também está trancada.
Encontro uma janela levemente aberta, provavelmente para ventilação, coloco meus dedos por dentro dela e uso toda a minha força para me puxar para dentro da casa, e quando meus pés tocaram no interior, ultrapassei oficialmente todos os limites.
Não deveria continuar. Não tenho o direito de fazer isso. Deveria escalar de volta, sair e correr até meu carro. Voltar para minha casa tranquila, mas essa voz em minha cabeça fica me dizendo para continuar.
Exploro a grande e vazia cozinha, a sala vazia, a sala de jantar sem mesas ou cadeiras, o banheiro com apenas uma barra de sabonete preto e uma toalha.
Lesley tinha total razão, esse lugar está vazio de uma maneira assustadora, sem livros ou fotos. Nada exceto pelo chão de madeira escura, paredes brancas, armários vazios, uma geladeira cheia com incontáveis garrafas desse estranho líquido vermelho e nada mais.
Vejo a TV que Lesley mencionou, uma poltrona reclinável a qual não mencionou, e uma grande pilha de DVDs de língua estrangeira, cujo os títulos eu não sei traduzir.
Paro ao pé da escada, sabendo que deveria sair, já tinha visto mais que o suficiente, mas algo me força a continuar. Seguro o corrimão, parando quando a escada range sob meus pés, de uma maneira que parece estrondosa nesse espaço grande e vazio.
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All for us
Mystery / ThrillerEmily, de 18 anos, sobreviveu a um acidente de carro que matou toda a sua família. Agora ela vive com sua tia na Carolina do Sul, sendo atormentada não só pela culpa de ter sido a única sobrevivente, mas também pela sua nova habilidade: ouvir os pen...