✹ 3 ✹

3.9K 323 281
                                    

Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

✹✹✹

Eu acendi um cigarro, mas antes que pudesse levá-lo à boca, Victória o tomou de minha mão e jogou pela janela.

— Lavei meu cabelo ontem. Eu posso suportar esse cheiro de morte em você, só que ele em mim já é demais.

— Mas poluir o mundo com meus cigarros não tem problema?

— Garota, você polui o maldito oxigênio. — Ela afastou os cachos do rosto ao colocar seus óculos escuros enormes.

Tirei os olhos do trânsito por um segundo apenas para erguer as sobrancelhas para o seu perfil sério. Victória tinha cachos dourados largos, harmoniosos e brilhantes descendo até a cintura, olhos castanhos escuros da mesma cor que sua pele geralmente escondidos atrás dos óculos de sol que usava apenas pelo estilo, já que aquela cidade era cinza e de clima ameno, e bem humorados, combinando com o sorriso fácil sempre em exibição no rosto bonito. Menos hoje.

— Acordou com o pé esquerdo? — Perguntei curiosa. Ela suspirou alto no meu canto do olho.

— Me distraia. Conversou com Elias? Nora? Sua mãe?

— Eu... — franzi o cenho. — Desde de quando minha mãe virou tópico de conversa?

— Desde quando você nunca falou sobre ela. Ela morreu?

Bufei.

— Eu também me pergunto isso às vezes. — Batuquei os dedos no volante ao parar no sinal vermelho. — Falei com Elias, mais ou menos. Na verdade ainda vou falar, então respondi as mensagens dele dizendo para me encontrar hoje depois da aula.

Victória se empertigou, nada acostumada comigo falando sobre meus assuntos abertamente.

— E o que vocês vão conversar?

— Sei lá, vou deixar claro o término. Talvez falar com Nora, perguntar a quanto tempo isso vem acontecendo, quem deu o primeiro passo. — Encolhi os ombros, me sentindo mais triste do que jamais demonstraria. — Não sei o que fazer.

Ela pousou a mão macia no meu braço coberto pela manga longa do meu suéter, o rosa das unhas em contraste gritante com o algodão preto.

— Eu também não saberia o que fazer, provavelmente ainda estaria trancada no quarto. Mas me promete que não vai chorar.

Eu ri fraco.

— Prometo.

Não conseguiria nem se quisesse.

— E quanto ao Sales?

Enrijeci, sentindo meus olhos se arregalarem um pouco.

— O que tem ele?

Victória deu de ombros, recolhendo o braço com um sorriso relaxado voltando ao rosto.

— Você ficou com ele para se vingar, não foi?

— Talvez.

— Então termine o que começou.

Eu fumei meu cigarro antes da aula, no lado de fora do prédio em um canto sem movimento. Estava ventando bastante, o que era bom para levar a maior parte da fumaça para longe. O anel de suporte prateado no meu indicador segurando o cigarro pela bituca só livrava minha mão do cheiro, então tive que prender as ondas rebeldes do meu cabelo em um coque raivoso no alto da cabeça. Na mão com o cigarro, eu segurava um copo de isopor com uma quantidade generosa de cappuccino já pela metade e o celular na outra, encarando aquela solicitação de Sales.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora