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Vocês não fazem ideia da saudades que eu tava disso, maaaas ainda tenho algumas coisas a dizer:

A recuperação é um processo lento né *suspiro cansado*. Eu escrevi esse capítulo aos poucos durante esse tempo longe (mais nos últimos dias do que nos primeiros porque a dor  diminuindo, mas eu não posso extrapolar), então o próximo pode levar mais algum tempo também.

Tem dias que dói mais e dias que quase não dói. Eu tô voltando a encaixar toda minha rotina neles e há coisas que eu preciso dar prioridade antes da escrita por enquanto. As postagens serão um tanto escassas e eu ainda não vou conseguir responder os comentários maravilhosos deixados ao longo do livro, mas estarei atualizando pouco a pouco e estou sempre de olho!

E, gente? Vocês são incríveis! Eu postei aquele aviso com medo de ser esquecida com 7k de leituras, e eu volto em um mês com 15k? Literalmente mais que o dobro do que levei o ano todo pra conseguir!!! Muito, muito, muito obrigada!!!

Agora, vamos ao que interessa. Acho que nenhum aviso de conteúdo precisa ser aplicado aqui, mas se algo incomodar você, avise! Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

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A casa de Nora era exatamente como eu me lembrava, uma vista deprimente combinando com o resto da rua. O muro e a cerca que mal chegavam na cintura, o caminho da garagem ao lado de um espaço de terra seca que deveria ter sido um jardim, o degrau de cimento que levava à porta, as duas janelas de vidro aramado que ficavam uma em cada lado da entrada, os corredores estreitos nas laterais que levavam ao quintal, o telhado escurecido de mofo pela umidade das chuvas e a tintura bege das paredes gasta pelo tempo, tudo tão igual que era quase como se eu tivesse voltado no tempo.

Quase, porque, no entanto, haviam pequenos detalhes que faziam toda a diferença. A ausência da bicicleta de Nora na lateral esquerda que costumava denunciar se ela estava em casa ou não, por exemplo. O novo tapete áspero na entrada e os pares de sapatos que não estavam lá antes. Um uno antigo e marrom como sangue seco na garagem antes vazia. Um diabólico pinscher minúsculo latindo furioso atrás do muro desde que Sandro estacionou na frente do portão baixo. Pequenos detalhes que, no segundo em que os notei, tornaram palpáveis os quase sete anos que fazia desde a última vez em que estive ali. E que me fizeram ter quase certeza que a mãe de Nora não morava mais lá.

Estava perto de anoitecer. A viagem da capital até ali, cruzando todo o estado, levava cerca de nove horas em um dia normal. Mas era fim de semana, o trânsito dobrado nos pedágios, e um temporal imprevisível arrastou as horas além do possível. Nós precisamos parar para abastecer e depois almoçamos em silêncio em uma lanchonete nada saudável. Eu fumei do lado de fora com dedos trêmulos enquanto imergia mais e mais em meus pensamentos e olhava a chuva virar garoa.

— Tem certeza que é aqui? — Sandro quis saber ao meu lado, parecendo nervoso. Eu tirei os olhos do vidro e me perguntei quanto tempo passei encarando aquela casa.

— Aposto que é bem diferente do condomínio em que você cresceu. — Era para ter saído em tom de brincadeira, mas minha voz estava rouca e apática.

Sandro pigarreou baixinho e ficou quieto, provavelmente sem saber o que responder.

Respirei fundo. — Espere aqui.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora