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Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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Era perigoso o momento em que a aura pesada da tensão sexual se dissipava após o orgasmo. Frágil.

Meu corpo saciado e cérebro vibrando sempre me deixavam muito consciente da minha nudez, como se minha alma estivesse à flor da pele. Costumava ser quando eu me levantava e ia atrás de minhas roupas, quando ouvia as declarações estúpidas de amor, quando perguntavam meu nome. Mas eu não senti vontade de me vestir com Sandro ao meu lado, e o silêncio entre nossas respirações ainda ofegantes era tão confortável que meus olhos estavam pesando de sono.

Eu sentia que tinha engolido o sol e podia muito bem dormir ali mesmo, com nossos braços quase se tocando e pernas ainda entrelaçadas de depois de Sandro ter escorregado de cima de mim. Mas ele parecia ter outros planos, com um sussurro rouco retumbando pelo quarto:

— Onde você esteve durante o churrasco?

Precisei de um momento para sair daquela névoa de torpor, piscando e lambendo meus lábios inchados e formigando.

— Aqui. E depois jantei com Luís.

Eu o senti enrijecer. Virei meu rosto em sua direção na escuridão.

— Achei que ele não fizesse seu tipo.

— Não faz. Faz o da minha irmã.

— Eu não... estou estendendo.

— Eles vão se casar.

Luís vai se casar?

— Uhum. — Murmurei.

— Com sua irmã?

 — Uhum.

— Eu nem sabia que você tinha irmã.

Eu ri suavemente. — Aposto que não.

Sandro não sabia quase nada sobre mim, se eu parasse para pensar. Mas essa afirmação parecia errada.

Sandro sabia que eu preferia séries a filmes – e só os medievais –, que eu preferia salgado a doce, que eu preferia passeios simples a festas, que eu não tinha preferência entre os três sabores do napolitano e misturava todos eles, que eu era extremamente criteriosa ao dividir comida. Entre inúmeros detalhes sórdidos, mas essenciais. 

Era quase engraçado o quanto Sandro me conhecia, sabendo tão pouco sobre mim.

Pensei no que meu psicólogo falou, sobre o passado das pessoas não defini-las se elas não permitissem. Pensei em mim mesma, determinada a não olhar para trás. E apenas suspirei, cansada de tanto pensar.

— Luís não vai se casar, acredite.

— Hm? Você viu ele com alguém nos últimos meses?

— Não, mas ele sempre saiu com garotas.

— Tipo hoje, passando o dia fora depois de falar que vai sair com alguém.

— Isso.

— Bom, esse alguém era minha irmã.

— Mas Luís não falou com nenhum de nós sobre isso. Sobre nada disso.

— Nem Enila, até ele insistir em me conhecer, como família dela. Talvez ele só quisesse ter certeza ou, sei lá, fazer uma surpresa para vocês.

— Agora não tem mais surpresa.

Eu ri de novo, e ele me acompanhou dessa vez. — Não espalhe isso. Só não estou com peso na consciência porque você não é irmão deles.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora