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Avisando desde já sobre substâncias duvidosas aqui e esse capítulo ficou mais longo do que eu esperava, mas... perdão por qualquer erro de digitação e leiam com moderação!

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Eu não ia à uma festa boa assim desde o ensino médio. Isso quer dizer que a noite de sábado rendeu tanto que eu acordei no domingo em uma rede de sítio, com o canto nada gracioso dos passarinhos – especificamente um de peito amarelo estufado que literalmente pousou em uma das vigas do teto e gritou. Foi quando eu percebi que não era a única bêbada em uma rede.

Começou com meu cansaço semanal evaporando assim que voltei para o apartamento com seis pulseirinhas brancas Elite Privado e encontrei uma Victória que já estava sorrindo, mas que conseguiu sorrir ainda mais quando balancei as pulseiras no seu rosto e começou a pular falando que tudo estava bem entre ela e Bruna e eu me juntei a ela na comemoração espalhafatosa, rendendo gritos quando falei para ela chamar todo o seu grupinho de amigos para a festa mais famosa da faculdade que estávamos indo sem nem pagar.

Os vizinhos provavelmente nos xingaram e fantasiaram nossas mortes porque, depois de tantos pulos, Victória ainda ligou a televisão conectada no celular e por pouco não estourou a caixa de som com uma música realmente depravada e uma desculpa que estava longe de ser dez horas da noite para reclamarem enquanto eu tomava banho com um coque cuidadosamente feito por ela – vamos aproveitar porque nós duas sabemos que não é todo dia que seu cabelo está bem cuidado assim, dona Natália – e a mesma foi separar nossas roupas e avisar seus amigos sobre a noitada que teriam.

A roupa posta para mim era mais outra desculpa esfarrapada de vestido realmente bonito que definitivamente não havia saído do meu guarda-roupa. Victória me lançou um olhar de desafio antes de entrar no banho e eu, que era mãe de gato a tempo suficiente para conhecer a ameaça velada quando via uma, escorreguei para dentro do vestido obedientemente.

As alcinhas eram tão finas que deslizavam pelos meus ombros e meus peitos pequenos se escondiam no tecido de sobra do decote baixo onde deveriam ficar os peitos espremidos de Victória. Mas a seda preta forrada de veludo se agarrava à minha cintura lindamente e o tecido sintético macio e um tanto transparente que a revestia por fora era uma estampa de onça que me fez repensar todas as vezes que julguei oncinha como uma coisa brega. Sequer chegava no meio das minhas coxas, mas não estava nada mal. Preenchi meu busto espaçoso com um cordão fino e longo de ouro e uma gargantilha fina dourada, partindo para pulseiras e anéis em seguida, alguns emprestados de Victória. E ela veio em socorro do meu cabelo assim que ficou pronta, usando uma calça jeans branca e um corpete lilás detalhado que faziam maravilhas aos seus peitos, sua pele brilhando como o sol com creme iluminador.

— Você parece a porra de uma leoa! — Victória tinha gritado e eu gargalhado, a taça de vinho que abrimos para nos animarmos já pela metade.

O grupinho feliz e colorido de Victória era composto por ela, Bruna, Brenda, Iuri, Pascoal e Patrícia – que ainda não havia saído da capital do estado vizinho em que morava, mas mantinha contato frequente. Os motoristas do Uber tinham muito amor às suas carteiras de habilitação para nos deixar ir todos juntos, então nos dividimos em três para dois carros. Eu, Victória e Bruna em um, Brenda, Iuri e Pascoal em outro. Claro que todos gritaram ao chegarmos ao mesmo tempo, ganhando olhares tortos de quem estava na fila que ficaram ainda mais azedos por passarmos direto – Iuri mandando beijinho por sobre o ombro.

A gritaria deles se misturou com a gritaria dos outros quando entramos, e nossas roupas coloridas fizeram mais sentido sob a luz neon oscilante e os arco-íris das bolas brilhantes balançando no teto. Fomos arrastado por outra moça bonita por mais escadas e infelizmente nenhum elevador dessa vez. Victória não ficou nada satisfeita – você me prometeu, Natália!

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora