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Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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Ainda naquela mesma noite, Eva me esperava encostada no meu carro do lado de fora do hospital, parecendo menor do que era. Ao nosso redor, a cidade dormia, a brisa não mais que um sopro.

— Eu procurei você por toda a tarde. — Falei assim que me aproximei o suficiente.

— Desculpa. Eu não conseguia mais ficar lá dentro.

— Onde estão os trigêmeos?

— Falei para irem para casa, mas Lótus vai voltar para passar a noite aqui com Sandro. — Ela abriu a porta do carona para si mesma quando destravei o carro. — Nós vamos falar com sua irmã agora?

Estranhei sua firmeza, mas fui para trás do volante sem pestanejar. Dentro do carro o ar estava parado, nossas vozes mais claras.

— Eu preciso avisar para ela. — Puxei o celular do bolso para mandar uma mensagem à Enila.

— Ninguém nos avisou que Sandro teria o rosto amassado. — Seus olhos de mel eram ouro concreto na pouca luz do carro quando liguei o motor, ainda digitando com uma mão.

Joguei o celular no porta-copos depois de enviar o aviso à minha irmã e manobrando para fora da vaga, cenho franzido. — Então você está dentro mesmo?

— Claro que estou. A última Elite é depois de amanhã, pode ser nossa única chance.

— Nossa última chance? — Ergui uma sobrancelha.

Eva me olhou como se eu fosse idiota.

— De pegar eles.

— Tenho certeza que não vai ser tão simples assim, mas você vai?

— Vou. — Respondeu rigidamente. Eu a lancei um olhar rápido antes de voltar a prestar atenção no trânsito.

— Está com medo? Vão estar todos lá.

— Eu sei, eu... — Eva pareceu olhar para as próprias mãos no canto do meu campo de visão. — Eu quero estar lá para ter certeza que todos serão detidos.

— Você lembra dos rostos? — Perguntei com cuidado. — Dos homens que fizeram aquilo com você?

— Na verdade eu nem me importava muito com isso, fingia que não tinha acontecido e vivia minha vida o mais feliz que eu podia, o que funcionou por um tempo. Mas é diferente depois que vi o vídeo com olhos sóbrios. Não consigo mais esquecer.

— Você vai denunciar? Acho que Sandro ainda tem o vídeo. — Se eu fosse ele, guardaria todas as mensagens para no caso de servir como prova um dia.

— Eu não sei, Nat. Não sei se quero passar por isso. — Ela apoiou o cotovelo na janela, massageando a têmpora. — O que vamos falar para sua irmã?

— Tudo.

— E acha que vai dar certo? — Eva perguntou, sem muita fé.

Tem que dar certo, não temos muitas opções. Não sei como Enila vai fazer para provar que Fantasma tem na mão metade dos policiais da cidade, mas o primeiro passo é ter Fantasma. Ele não recebeu esse apelido à toa. — Pisei no acelerador quando um sinal ficou laranja, não querendo perder tempo. — Mas confio nela quanto à isso. Enila é persistente e pediu para que eu ajudasse no que pudesse, então deve estar fazendo a parte dela.

— Hm. Você acha que uma prisão vai conter Fantasma?

— Não sei. — E eu não gostava de incertezas. — Mas não pretendo mandar ele para a cadeia.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora