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Chegamos na reta final do livro *snif snif*. Sei nem o que pensar, só sentir. (Mas ainda tem um punhado de capítulos pela frente). Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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A chácara era simplesmente um sonho. Eu não fazia ideia de que o mundo podia ser tão colorido, que o sol podia ser tão quente a ponto do calor me cobrir como uma agradável segunda pele.

A cidade natal dos trigêmeos e Eva era vizinha da capital de seu estado, o que explicava a calmaria da pessoas caminhando pelas calçadas repletas de árvores com copas ricas por onde a luz do dia se infiltrava entre as folhas em feixes dourados, inzentos da pressa e tensão dos moradores de grandes potências. Debaixo de algumas dessas árvores, o chão era coberto por um tapete espesso de flores rosas que fizeram meu queixo cair em admiração. As praças estavam cheias delas, além de mulheres grávidas lendo em lençóis estirados na grama, jovens passeando com vira-latas na coleira e idosas conversando em banquinhos de madeira. Os trigêmeos não muito, mas Eva parecia pertencer tanto àquele lugar que seus olhos brilhavam como o sol, seus cabelos estavam mais terrosos do que nunca e o bege quente de sua pele se bronzeava rapidamente, cada vez mais puxado para o marrom.

Antes disso, no avião, Sandro havia derretido em um sono dos exaustos no momento em que as portas e janelas fecharam e sugaram toda a luz para fora. Eu o acordei o mais suavemente que pude para lhe oferecer a janela ao perceber o quão judiado seu pescoço parecia com a cabeça enclinada em uma posição que podia ser tudo, menos confortável. Sandro estava apenas meio acordado quando trocamos de lugar e, para a surpresa do meu coração que tropeçou e acelerou o dobro das batidas, puxou minha mão e se escorou na parede com um suspiro baixo, apertando meus dedos como se precisasse garantir que eu estava ali para descansar em paz.

Eva me contou histórias de sua infância ao acordar com a aeromoça empurrando um carrinho de comida de preços obscenos, mas a baixinha não olhou o cardápio duas vezes ao fazer os pedidos. Ela franzira o cenho quando me viu comendo apenas com uma mão e fez uma cara que geralmente só dirigia para Dara quando ela estava fazendo coisas fofas ao perceber onde estava a outra, então voltou a falar como se aquilo fosse normal.

— Não vejo diferença entre chácara, sítio e fazenda. — Eu falei em tom baixo enquanto desembalava o lanche. — É tudo verde e no fim do mundo.

— Está no tamanho. — Ela mastigava calmamente. — Oh, quase me esqueci. Caso não tenha ficado claro, os pais dos trigêmeos não vão estar com a gente o tempo todo. Mas vamos visitá-los, óbvio.

— Como assim?

— Nós só íamos lá nas férias e feriados, sempre moramos na cidade. Os pais dos trigêmeos deram a chácara de presente de dezoito anos para eles. Levi, Luís e Lótus fizeram uma festa tão grande que ficou tudo destruído pela manhã e a tia Teresa chegou muito perto de pegar o presente de volta.

— Não a culpo. — Bufei uma risada. — Por que estou sentindo que você não foi para essa festa?

— Não sei, mas eu realmente não fui. Estava namorando e... você sabe.

Franzi o cenho, sem fazer ideia. — É, acho que sim.

— Enfim, há quarto o suficiente para todos! Mesmo que talvez você queira dividir com alguém. — Ela olhou para Sandro sugestivamente e eu me remexi no banco, sem tirar a mão da dele mesmo enquanto o suor se acumulava entre nossas palmas.

— Eu gosto de ter o meu espaço. — Pigarreei, tomando alguns goles do achocolatado. — Aliás, por que ele está tão cansado?

— Provavelmente passou a noite em claro, e ontem também ficamos o dia arrumando aquela festa tão em cima da hora.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora