VINGANÇA

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Será que voltei a atualizar com frequência? Tomara.
Aqui tem coisas sexuais explícitas pois eu tava inspirada, tá avisado!

Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

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— O que você comprou para ela?

— Um livro de culinária.

Franzi o cenho, tentando imaginar que pessoa com menos de quarenta anos gostaria de ganhar um livro de culinária de aniversário – os chefes de cozinha, talvez, mas eles provavelmente escreveriam e comprariam os próprios livros.

— Você é terrível com presentes assim mesmo ou...?

Sandro encolheu os ombros largos. — Sou. Por isso eu perguntei o que ela queria e Eva falou sobre esse livro de receitas que só tinha pela internet e era muito caro, ainda mais com o frete.

Eva estaria fazendo vinte e quatro anos no dia seguinte e eu só descobri ontem a noite porque Lótus disse que sua família faria uma pequena festa surpresa. Eu me perguntei quem seria convidado, já que ela mesma falava que não tinha amigos, mas Eva definitivamente devia ter colegas de infância por ali. Pensar que talvez algum deles pudesse aparecer me deixou um pouquinho azeda de ciúmes, mas afastei os sentimentos tão rápido quanto pude.

Então, depois do almoço de hoje, arrastei Sandro para longe dela e dos trigêmeos pelo pouco que conhecíamos da cidade para que eu pudesse comprar um presente com a desculpa de encontro romântico para que não desconfiassem.

— Só Eva mesmo pediria um livro de culinária. — Resmunguei olhando as vitrines de pequenas e fofas lojinhas enquanto andávamos calmamente pela calçada.

Ainda me surpreendia o quanto aquela cidade era viva e cheia de cor, os centros e feiras meus lugares preferidos por conta de todas as pessoas amigáveis passeando para lá e para cá, o sol e o vento e o cheiro picante de comida nas esquinas.

— Ela gosta de cozinhar.

— Uma pessoa simples, de fato. Faz parte da estética dela. — Brinquei.

Já era sexta-feira e a semana inteira havia passado voando. Eu havia me adaptado em uma pequena e confortável rotina com todos os outros.

Pela manhã, eu tomava o café do lado de fora com Eva ou Sandro, às vezes Sandro e Eva, que não se importavam com o cheiro dos cigarros. Pela tarde, saíamos para almoçar em restaurantes rústicos e passear pela cidade: pontos turísticos, shopping, bibliotecas, lanchonetes e bares. De noite, eram horas de filmes amontoados no sofá com alguma comida que pedíamos para a viagem, como sushi ou pastéis.

Sandro brincava com meus dedos no escuro um pouco antes de unir nossas mãos e, quando eu levantava para buscar água, via Eva – que sempre acabava dormindo – com a cabeça no ombro de Lótus, ele quase sem respirar para não acordá-la. Eu estreitava os olhos para Lótus em uma ameaça silenciosa.

Nos dias em que ficamos em casa, as tardes foram gastas com churrasco na cozinha externa e banhos de piscina. Os trigêmeos brincaram com balões de água e mangueiras na grama entre as árvores, o sol fazendo seus peitorais nus reluzirem como mármore. Sandro se encarregou da carne com desculpas de que o calor escaldante e o ar-condicionado estavam deixando sua garganta dolorida e ele não queria arriscar piorar passando o dia molhado, mas o fato de ter evitado o meu olhar ao dizer isso me fez ter certeza que ele não queria tirar a camisa por causa dos seus hematomas – eu fiquei toda tensa pela próxima hora inteira depois disso, tirada da nuvem perfeita das férias e voltando à realidade cinzenta que nos esperava na nossa cidade no final do mês.