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Aviso de gatilho e conteúdo sensível: menção à violência  familiar, menção a estupro (se você apertar os olhos) e um pouco de conteúdo sexual implícito no começo.

Último capítulo da viagem! (Eu não tava aguentando mais, sinceramente. Quanto mais perto do fim parecia, mais tinha coisa pra escrever, mas deu tudo certo ainda bem.) No próximo voltaremos para a programação normal de caos e problemas (brincadeira).

Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

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Nós não dormimos pelo resto da madrugada.

Depois que Sandro havia erguido a cabeça do meio de minhas pernas e antes que pudesse enfiar o quadril entre elas, insisti que trouxesse um copo d'água como desculpa para pedir que apagasse a luz assim que voltasse. E, feito isso, ele me olhou ao parar perto do interruptor com cautela nos olhos sombrios e pesados de desejo, o cabelo bagunçado por minhas mãos e um volume ansioso se sobressaindo na virilha.

— Tem certeza?

Eu assenti. Já havíamos nos encontrado no escuro várias vezes antes, poderíamos muito bem fazer de novo.

Diferente da outra noite, eu ansiei sua silhueta esguia e elegante se elevando sobre mim ao invés de temê-la, suspirando quando nossas peles nuas finalmente se encontraram. Sandro me beijou por uma eternidade enquanto eu desenrolava a camisinha em seu pênis e não parou nem quando eu mal pude corresponder, ocupada demais ofegando com as provocações lentas e sensuais de seu membro se arrastando ao redor da minha entrada até que eu estivesse pingando de necessidade.

Ficar quieta foi mais difícil do que nunca quando perdi a paciência e cruzei as pernas ao redor de seu quadril para empurrá-lo para dentro. Sandro praguejou no meu pescoço e eu cravei os dentes no seu ombro com o quão incrivelmente cheia me sentia, minha boca logo sendo capturada mais uma vez em um beijo animalesco.

Ele não perdeu o ritmo mesmo tendo gozado antes de mim com um estremecimento tão forte que senti em meus ossos, o que não me chateou por já ter vindo antes. Mas Sandro caiu no colchão ao meu lado respirando pesadamente e, em compensação, me puxou para montar seu rosto pelo meu bel prazer – o que eu fiz com entusiasmo.

Eventualmente, os gemidos abafados foram reduzidos a nada mais do que suspiros suaves.

Os lençóis eram uma bagunça amarrotada e pegajosa de suor e outros fluidos secando quando me forcei a achar o controle para ligar o ar-condicionado, incomodada com o quão quente e abafado o cômodo parecia depois do tesão passar. E só notei que não havia fechado as cortinas em toda a cólera da noite anterior quando um brilho laranja avermelhado atravessou humildemente a janela, lançando sombras longas e embaçadas em todos os objetos ali dentro e um brilho fantasmagórico em nossos membros emaranhados.

— Está amanhecendo — murmurei.

De costas para Sandro, meu couro cabeludo formigava com sua respiração em meus cabelos e uma de suas mãos vagava por minhas costas, arrepios nada sexuais, mas tão incríveis quanto, me amortecendo em uma nuvem pesada de sono. Eu só não dormia naquele exato instante porque minha bexiga exigia para que eu fosse ao banheiro, o que eu adiava por pura pachorra.

A resposta dele foi um murmúrio preguiçoso e: — Plutão não é um planeta.

Espiei por sobre o ombro. Sandro estudava a tatuagem que cobria toda a linha da minha coluna na luz baixa.

Eu não lembrava direito dos detalhes, tendo que recorrer às fotos guardadas em meu celular e esquecendo logo depois, mas era o sistema solar

Começava com o sol em minha nuca e terminava com plutão entre as covinhas de minha lombar. Os planetas que tinham luas eram rodeados por elas e haviam várias estrelas que mais pareciam pontos por serem tão pequenas, além de riscos retos e outros circulares interligando-os pela estética. Era a primeira tatuagem que eu fizera e, com medo que ficasse feia, decidi que fosse nas costas para não ter que olhar para a maldita coisa e me torturar todos os dias. Mas acabou ficando melhor do que eu esperava.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora