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Avisando sobre uso de entorpecentes, coisas sexuais implícitas e um pouco de homofobia por aqui. Boa leitura!

O interior do salão de festas era maior e mais escuro do que eu esperava. Pela primeira vez, aquilo parecia mais uma festa universitária de fato do que uma boate. As portas de vidro principais estavam escancaradas, o piso no início inclinado em uma rampa dividida em entrada e saída por um corrimão metálico que levava diretamente para a pista de dança entupida de gente, luzes coloridas piscando e mandando flashes ocasionais de rostos familiares.

Eva nos guiou para dentro segurando o pulso da minha jaqueta, saudando os seguranças da entrada com um aceno e sorriso.

Meus olhos foram atraídos rapidamente ao teto de gesso alto para ver bolas prateadas girando sem parar, nenhum sinal de dançarinos seminus em gaiolas. O DJ estava na parede oposta em um palco entre caixas de som maiores do que eu, gelo seco saindo de algum lugar perto dele e deixando a aura do lugar espessa. Ao seu lado, duas escadas largas subiam ao segundo andar que era basicamente um enorme pé-direito com jovens apoiados na grade de forma tão descuidada que dava aflição.

— Vem, — Eva me deu um puxão quando me distraí. — eles estão lá em cima!

Levamos algum tempo para subir por conta da quantidade de pessoas passando e eu fiz uma nota mental para me manter por perto das escadas afim de ver algum bêbado caindo, porque eu tinha certeza que isso iria acontecer, apesar de uma parte de mim se perguntar se isso não era maldoso por todo o risco e perigo.

O bar também estava no andar de cima, assim como duas portas cuspindo luz amarelada que presumi serem os banheiros, e aquela costumeira roda de sofás envolto de uma mesinha de centro repleta de bebidas, coisas para fumar e alguns petiscos.

Foi impossível ignorar a maneira como o meu coração deu um salto quando meus olhos varreram o local em busca de Sandro, e mais ainda como senti meus ombros arriarem um pouco ao não encontrá-lo entre os rostos dos trigêmeos e minhas amigas. Eu suspirei, prestes a perguntar para Eva onde ele estava, mas segurei a língua – havíamos acabado de chegar, por Deus.

Meu pequeno descontentamento foi deixado de lado quando os Trindade, que estavam sentados lado a lado parecendo ter uma conversa amigável com Victória de pé já segurando um copo colorido assim como Patrícia que havia afastado alguns objetos na mesa para sentar na ponta, olharam para nós quase ao mesmo tempo. Suas reações foram tão distintas ao notarem Eva que quase pude diferenciá-los apenas por elas: Levi, um pequeno curativo na sobrancelha e olhos horrorizados, Luís, com o rosto perfeito e sobrancelhas arqueadas, e Lótus, ainda com a sombra de um hematoma no nariz e um risco avermelhado no canto da boca escancarada pelo queixo caído e olhos prestes a entrarem em curto-circuito de tão rápido que iam e voltavam pelo pequeno corpo de Eva.

Patrícia e Victória viraram para trás, a confusão em seus rostos se transformando em um bufo divertido e uma gargalhada exagerada que jogou a cabeleira loira de Vic para trás ao nos verem. Eu mordi o lábio para não rir, passando o braço pelos ombros de Victória assim que nos aproximamos e permaneci de olho nos três que piscavam como corujas. Eva se encolheu ao meu lado segurando um dos cotovelos, claramente tímida.

— Eu quase não te reconheci. — Disse Luís, parecendo surpreendentemente tranquilo.

— Você está extremamente gostosa. — Levi se levantou. — Venha, vamos para casa trocar de roupa.

— Ei, segura a onda aí, bonitão. — Patrícia chutou sua canela antes que Vic pudesse se meter, o fazendo cair sentado e chiando com as mãos no local machucado. — O pai dela já morreu faz tempo, ela não precisa de outro.

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