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Acho que os capítulos daqui em diante vão se manter um pouco mais longos, já que até agora não tô conseguindo diminuir nem o tamanho dos preenchimentos. Aviso de gatilho: menção a assédio sexual.

Capa nova! Quem amou? Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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Se havia algo que eu odiava mais do que acordar cedo, era acordar de ressaca. Eram quase sete da manhã quando acendi o segundo cigarro, sentada no meio-fio em frente à mansão branca e observando a vizinhança ainda dormindo com um olhar vazio e humor azedo.

Eu havia despertado aquela manhã em um quarto muito branco e impessoal, sentando em um salto com o coração na boca enquanto tentava me orientar em meio à névoa pesada do sono e língua seca como um deserto. E relaxei logo em seguida, fechando os olhos devagar ao ouvir o retumbar rouco da voz de algum dos trigêmeos e a risada suave de Eva ao longe atrás da porta do quarto de hóspedes. Foi quando percebi minha cabeça latejando no ritmo do despertador do meu celular no travesseiro ao lado e praguejei alguns palavrões ao lembrar da noite anterior.

Eu usara o pó de nuvem, consumido de uma das drogas que fazia da vida de Sandro e Eva um inferno. Me perguntei se devia me sentir culpada, se isso me deixava mais parecida com o meu pai. Mas mesmo que eu provasse uma merda e outra em festas, era apenas para animar e jamais traria isso para o meu dia a dia.

Eu tinha controle sobre mim mesma.

E não havia como eu acabar com os problemas de Sandro com as minhas próprias mãos, apesar de querer, e Eva também havia tomado as bebidas com o pó. Aparentemente meu único vacilo foi ter esquecido que estava tomando antibióticos, mas eu estava curada da gripe o suficiente para me sentir confiante e só cruzar os dedos para que nada se alterasse.

O final da festa de ontem foi anticlimático. Eu tinha certeza que teria levado um soco de Hector depois que estilhacei seu celular na parede e levei um empurrão indignado nos ombros, mas Lótus apareceu de repente e o puxou para um murro bem dado. Eva nos esperava na esquina da área de lazer, olhos preocupados e segurando minha jaqueta, e não me passou despercebido como ambos simplesmente ignoraram a presença um do outro.

— A festa acabou. — O gêmeo mais novo declarara.

— Por que? — Eu havia exigido. Ele apenas meneara com a cabeça para os portões ao longe e precisei espremer os olhos para ver luzes vermelhas e azuis piscando entre os carros na entrada do condomínio. — Achei que a polícia estava junto com os traficantes.

— Estão, mas algum dedo-duro nos denunciou e eles ainda precisam manter as aparências.

Apertei os dedos no casaco quando a tensão torceu minhas entranhas e Eva soltou um pequeno suspiro.

Quando chegamos na casa deles, Victória passou boa meia hora gritando sobre o quão imprudente eu era por afrontar um homofóbico dentro de seu grupo de amigos também homofóbicos e que eu poderia ter sido espancada ou pior. Enquanto isso, Patrícia estava deitada no sofá sem ligar muito para seu pedaço da calcinha aparecendo e com olhos injetados pela maconha, apertando os lábios para não rir até soltar:

— Natália é o tipo de pessoa que reagiria a um assalto.

— Eu já reagi. — Menti. — E roubei o canivete dele.

Sua gargalhada estourou e Victória grunhiu um palavrão, marchando dramaticamente para as escadas em busca de Pascoal, que havia ido trocar de roupa.

Na área externa, Iuri havia se encolhido em uma das espreguiçadeiras com um dos gatos vadios de Eva e parecia mais leve a cada segundo que passava com Levi, este sentado na beirada da longa cadeira determinado a distraí-lo.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora