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Acho que o único aviso hoje é sobre uma menção à homicídio. Se eu esqueci de algum, podem me avisar.

Enfim, perdão por qualquer erro de digitação (eu não revisei mesmo dessa vez) e boa leitura!

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A profetização de Enila sobre eu odiar aviões fez sentido na viagem de volta.

Na ida eu estava muito entretida com o tagarelar de Eva e a mão de Sandro na minha para prestar atenção em qualquer coisa ao meu redor. Agora, porém, Eva insistira em ficar no banco da frente com Lótus e Levi para que ambos fizessem as pazes da pequena tensão que se estabelecera entre eles nos últimos dias e eu me vi com Sandro e Luís no de trás.

Eu havia ido direto para a janela para não ter que ficar do lado do meu cunhado não tão secreto e Sandro sentou no meio. Pelo menos ele não estava cansado para me deixar remoendo de culpa caso dormisse com o pescoço todo torto e passou a viagem toda com aqueles óculos elegantes enfiados em um livro grosso, alheio à criança infernal atrás de nós – a maldita criatura passou o vôo inteiro chutando as costas da minha cadeira, me fazendo repensar se eu queria mesmo ter filhos no futuro.

Após algum tempo no ar, eu me levantei para ir no banheiro para respirar fundo, mas a pouca calma que reuni evaporara assim que voltei e vi que a pirralha continuava a sapatear na minha poltrona. Eu estava prestes a me sentar, mas virei-me com os dentes cerrados depois de um chute particularmente forte. Dei uma olhada nos pais dela – tapa-olhos, tampões nos ouvidos e baba escorrendo pela boca em um sono profundo –, antes de me inclinar sobre o banco e murmurar rispidamente:

— Se você não parar com essa porra agora, eu te jogo pela porta e ninguém vai perceber.

A garotinha ficou paralisada, abraçando as pernas com beicinho e olhos cheios de lágrimas.

Suspirei me sentindo bem mais leve ao me reacomodar no banco e nem o olhar mortificado de Sandro foi capaz de mudar isso. — Ela não deve ter nem cinco anos.

— Ela também não vai ter duas pernas se continuar me chutando. — Falei, nada arrependida.

Mas minha paz não durou muito. Cerca de meia hora depois, o avião começou a tremer como se estivesse acontecendo a porra de um terremoto ali dentro. Eu finquei as unhas na almofada, quase tão apavorada quanto tinha deixado a menina atrás de mim.

— São só turbulências. — Sandro tentou me tranquilizar. — Aquilo que Eva disse sobre o avião estar passando por uma nuvem irritada, lembra?

Eu mal pude ouvi-lo por cima das tremedeiras e do aviso sobre a turbulência em uma voz mecanizada nos mandando colocar os cintos.

— Eu juro por Deus que se essa merda cair... — Era como se estivéssemos sendo chacoalhados. — Eu nunca mais vou entrar em um avião de novo. — Eu duvidava que estaria viva para isso.

— O avião não vai cair. — E como se lesse meus pensamentos: — Se cair, as possibilidades de sobrevivermos é de mais de 90%.

— Não preciso de mais um trauma.

— Não vai acontecer nada. — Prometeu.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora