✹ 18 ✹

1.4K 129 69
                                    

Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

✹✹✹

Eva abriu a porta para mim em uma camisola de ursinhos com os cachos desgrenhados parecendo um arbusto ao redor da cara amassada.

— Bom dia. — Franziu o nariz. — Minha nossa, você está pura cigarro.

— Vou ficar aqui hoje. — Tirei os tênis e entrei apenas de meias. — Ainda está todo mundo dormindo?

— Você faz ideia de que horas são? E como assim vai ficar por aqui? — Seu rosto se iluminou um pouco na última parte.

— A amiga de Victória chegou hoje.

— Isso não está cheirando bem.

— Pois é, ela ficou me provocando de graça. Aquela vaca.

— Não, eu estou falando de você mesmo. Será que posso te emprestar uma camisa?

Fechei a cara. — Não. Um perfume é menos mal, mas depois. Responda minha pergunta.

Eva bocejou, trancando a porta atrás de mim.

— Que pergunta?

Eu bufei, sentindo a impaciência ondular através de mim.

— Está todo mundo dormindo?

— Só os irmãos. Sandro não está aqui.

Franzi o cenho, seguindo seus passos para dentro da casa silenciosa.

— Para onde ele iria tão cedo?

— Sandro não saiu agora, ele passou a noite fora.

— Ah, bom... — Engoli em seco, me perguntando se o mau presságio que eu sentia era realmente apenas ansiedade. — Ele disse para onde ia?

— Provavelmente dando uma olhada no local da festa de hoje. — Deu de ombros.

A madrugada inteira? Eu suspirei, acompanhando-a para a área externa. Por isso Sandro não mandou mensagem – alguém estava ocupado. Não que fosse da minha conta ou que eu tivesse lugar de reclamar, visto que eu também sumia do mapa vez e outra. Experimentando estar no lado oposto das situações que eu criava novamente, pensei que talvez aquilo fosse um acerto de contas do universo comigo. Incrível.

Miados esfomeados me tiraram de meus devaneios e eu ergui as sobrancelhas ao encontrar vários gatos de várias cores e tamanhos rodeando a área da piscina na direção de Eva.

— Oh, meu Deus. — Foi impossível não sorrir com aquelas inúmeras caldas balançando. — Eu morri e vim parar no céu?

— Eu te falei que tinha gatos! Eles vivem zanzando pelo condomínio, mas é aqui que eles mais ficam. — Disse enquanto dava a volta na bancada vazia da cozinha e tirava um pacote de ração de um armário no alto. E os miados subiram alguns oitavos.

— Nem imagino o porquê. — Eu ri, me agachando para acariciar aqueles que se enrolavam na minha perna.

— A Dara ama brincar com eles, mas Lótus não deixa muito porque ela sempre acaba com um arranhão. — Suspirou, pegando um grande e largo balde de metal e colocando-o no balcão para despejar a ração. Três gatos subiram no meio do caminho, mas Eva os manteve longe com suaves empurrões. — E Luís não deixa eles entrarem por causa dos pelos que soltam. Só Sandro que gosta deles, mas é porque ele toma remédio para dormir e não escuta os miados no telhado em época de cio.

Mordisquei o lábio, já sabendo do lance dos remédios. Era sinistramente reconfortante se relacionar com alguém com problemas parecidos. Eu não me sentia tão atrás na busca de uma vida normal como com os outros caras. Mas eu ainda estava, de certa forma, porque Sandro enfrentava seus problemas como podia, e eu me sentia enrolada nos meus em um nó apertado.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora