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Avisando sobre uma pequena e implícita passagem de estupro no final, mas juro que no geral é um capítulo leve.

Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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Mais tarde naquela mesma noite, eu permaneci no jipe quando todos saíram ao voltarmos para a chácara, a atenção presa no celular em minha mão enfaixada.

Eva virou o rosto por sobre o ombro, onde o braço de Lótus descansava, ao lado de fora para me lançar um olhar curioso e preocupado que não diminuía a felicidade brilhando em suas íris amareladas. E se aproximou, seu novo namorado a seguindo até certo ponto para nos dar privacidade, apoiando as mãos na janela aberta.

Quando ia abrir a boca para dizer algo, seus olhos foram atraídos até a leve iluminação no interior do carro que vinha de meu celular, o que pareceu ser o suficiente para calar qualquer coisa que fosse dizer.

O nome de Enila brilhava no visor e o aparelho vibrava repetidamente.

— Quem é? — Quis saber.

Por um instante eu quase não acreditei que nunca havia falado de Enila para ela, e respondi em voz baixa: — Minha irmã.

Eva mordiscou o lábio inferior, pensativa.

— Eu achava que você era filha única.

Ri sem humor.

— Por um tempo, eu fui.

Suas pálpebras estreitaram levemente como se por algum pensamento passageiro, mas logo suavizaram. — Como ela é?

Deslizei a língua sobre os dentes, procurando as palavras certas.

— Muito parecida comigo. Mas não tão bonita e bem mais chata.

A risada de Eva ecoou pela noite, distraída e solta de toda a cerveja que havia bebido.

— Uma cópia pirata de você, então.

— Acho que sim. — Abaixei a cabeça para encarar o nome de minha irmã até que virasse uma ligação perdida.

O suspiro de Eva chamou minha atenção de volta para cima. Ela andava de costas até onde Lótus estava, ainda me olhando quando perguntou:

— Você está brava com Sandro?

Rangi os dentes, não querendo pensar no final do jantar. A ligação inesperada de Enila estava sendo uma boa distração.

— Não deixe seu namorado esperando, Eva. — Me esquivei.

— Graças a Deus. — Lótus murmurou e fez Eva gargalhar alto ao agarrar sua cintura por trás. — Obrigado, Natália!

Só percebi que os observava subirem as escadas da varanda da casa com um pequeno sorriso nos lábios ao sentir minha feição cair de volta à tensão quando meu celular vibrou de novo, o nome de Enila ainda na tela.

Eu resolvi arrancar o band-aid de uma vez e atendi na segunda chamada.

— O que foi? — Pendurei o cotovelo na janela, puxando os fios de minha sobrancelha em castigo por soar mais grossa do que esperava.

Natália, oi. — Sua voz parecia borbulhar incerteza. Ou era apenas impressão do meu próprio nervosismo? — Está muito tarde? Espero não ter te acordado.

— Não acordou. — Cutuquei minhas unhas, meu coração acelerado. — Precisa de alguma coisa?

Então houve um pigarro do outro lado da linha antes de sua voz voltar ao seu tom usual, como o de uma mãe sem paciência para o filho pré-adolescente.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora