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Esse daqui demorou um pouco para sair porque meu notebook tava no conserto e agora que o rumo da história começou a ficar mais claro para mim eu quis deixar tudo organizado antes de postar, e tô satisfeita de verdade de como as coisas estão rolando, então... Boa leitura e perdão por qualquer erro de digitação!

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Se eu tinha pensado que Victória era um furacão, era porque eu ainda não conhecia Eva Prado.

— Eu estou tão animada  por você estar aqui! Sério, eu nem sei como agradecer, depois de tanto tempo! Fico feliz que tenha me ligado ao invés de falar comigo na festa, não sei de quem foi essa ideia estúpida e eu nem sei se a gente se veria lá. Eu surtei quando percebi que era você no telefone. Espero que não tenha decidido vir por insistência minha, tipo, porque ficou de saco cheio e então aceitou de uma vez. Esse é um projeto realmente importante, muito mesmo. Está com fome? Com sede?

Eu estava sem ar por ela.

Eva Prado era uma artista e queria me pintar. Seus quadros eram todos originais, óleo sobre tela e de um realismo incrível – ou era o que diziam. Ela estava fazendo uma coleção para sua exposição de formatura no fim do ano, fisgando pessoas aleatórias do campus que julgava excepcionalmente lindas para suas pinturas. Eva parecia não perceber que todo mundo queria ser pintado por ela quando explicara o quão burocrático era escolher uma pessoa e convencê-la.

Eu ignorei seu primeiro e segundo pedido há algum tempo, então recusei sutilmente o terceiro e voltei a ignorar os outros que vieram em seguida. Eu namorava Elias na época e mesmo que não me importasse em ser modelo de Eva, a cara dele fechou no momento em que abordei o assunto. Disse que não era apenas por Eva Prado ser do grupinho de Sales, ressaltando que os outros modelos dela diziam ficar seminus ou cobertos apenas por um fino lençol em partes estratégicas para suas obras. Elias não gostava de pensar em mim exposta desse jeito para milhares de pessoas, embora ninguém realmente tenha visto os quadros de Prado e a exposição ainda fosse somente um sonho.

É claro que eu aceitei a proposta de Prado quando terminei com Elias.

— Estou com sede, obrigada. — Meu sorriso educado veio naturalmente.

Eva parecia uma obra de arte por si só, baixinha e quase tão magra quanto eu se não fosse pelos quadris largos, pele bege quente, cachos castanhos espalhados em um cabelo curto que meu pai chamaria de menino, grandes olhos de mel e um rosto magnético. Eu a olhava pegar água para mim enquanto me perguntava porquê diabos as pessoas achavam ela intimidadora. Eva parecia muito adorável e fofa.

A casa dela era uma mansão de vários andares em um condomínio dolorosamente longe do centro e muito branca, com plantas verdes mais elegantes do que reconfortantes, e haviam três carros espalhados na garagem espaçosa quando cheguei há pouco tempo, apesar de ainda não ter visto ninguém. Fora ela quem havia atendido a porta, vestindo uma calça étnica florida, uma regata branca e descalça.

— Nós vamos lá para cima, onde fica meu estúdio. A iluminação lá é perfeita. Vou mostrar a você os quadros que estão prontos e as ideias que tenho para o seu. Geralmente leva quatro sessões, mais ou menos, mas são bem longas e depende de quanto tempo você consegue ficar parada. A preparação da maquiagem, cabelo e figurino leva um tempo também, e vamos ter que refazê-la todos os dias que você vier. É preciso paciência, mas eu prometo que vai ser...

— O que você está fazendo aqui?

Eu quase engasguei com a água antes de me virar para me deparar com Sales. Um Sales de regata regata preta e moletom cinza e descalço, braços musculosos e pomo de adão marcado.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora