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Perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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Victória jogou um pequeno balão de gelo em minha direção e cruzou os braços, a porta dos fundos da padaria batendo ruidosamente atrás de si quando ela saiu no seu intervalo. Eu quase derrubei meu cigarro na hora de pegá-lo, revirando os olhos para suas sobrancelhas erguidas.

— Foi ela quem começou. — Falei logo.

— Você poderia ter resolvido isso do jeito certo. Na justiça.

— Processá-la por ter entrado sem permissão? — Soprei a fumaça como um dragão raivoso. — Não seja burra, Victória, eu não tenho dinheiro para processar ninguém, e o condomínio não gastaria seu precioso tempo com algo tão fútil como uma briga de mulheres ciumentas. No máximo demitiriam aquele velho estúpido de coração mole que é o nosso porteiro. — Gemi ao pressionar o gelo nos nós lascados dos meus dedos. — Além disso, foi muito satisfatório socar a cara de sonsa da Nora. Tem coragem de ameaçar, mas não tem coragem de peitar. Mal posso esperar para ter uma oportunidade de quebrar o nariz de Elias também.

— Você quebrou o nariz dela?

— Não, parti o lábio junto com meus dedos naqueles dentes com dois socos, aí ela caiu. Nora sabe que está errada, aliás. Ela não vai fazer fuzuê em cima disso.

Victória respirou fundo. — Eu só não estou te dando um sermão sobre violência porque tenho quase certeza que ela iria bater na nossa porta se vocês não tivessem se esbarrado.

— Talvez até invadir nossa casa. Não duvido de nada.

Na verdade, eu secretamente duvidava que fosse aconselhável enfiar a polícia naquilo, por isso sabia que Nora ficaria na dela. Se Sandro tinha contato com traficantes e Nora soubesse sobre algo... Deus. Eu tinha uma sensação azeda que aquele buraco era mais embaixo, mais fundo do que parecia.

— Então o Sandro passou a noite com você depois do churrasco? — Victória me observou com olhos críticos. — Por isso ela "surtou"?

— Não me olhe assim, você não pode me julgar depois de ter passado a noite com Bruna. — Desviei.

— Eu estou te olhando normal. E a Bruna é minha namorada, brigamos e fazemos as pazes o tempo todo, como todo mundo. Vocês dois, por outro lado, achei que eram só amigos. — Ela terminou com ironia, mordendo um sorriso malicioso.

— Nós somos amigos. Apenas não somos mais amigos.

— Vocês estão ficando, então?

— Cara, a gente ficou essa madrugada e eu acabei de descobrir o quão surtada Nora pode ser. Me deixe fumar de boa enquanto penso, prometo que depois eu cubro quantos turnos quiser. — Bufei outra baforada de fumaça, batucando o suspensório do cigarro para as cinzas caírem.

— Não haverão mais turnos extras. — Victória gesticulou para suas roupas brancas sem o uniforme. — Patrícia está vindo morar com a gente, ela chega nesse fim de semana. Se você acha que eu era rica, triplique isso.

Franzi o cenho enquanto tragava. — Sua melhor amiga de infância?

— Sim. Ela tinha entrado na justiça pela metade da empresa do pai depois de ter deixado setenta por cento dela pra irmã que não tá nem aí com nada.

— Depois dizem que os pais não tem seus preferidos.

— Só foi preciso um pouco de pressão para a irmã abrir parte de tudo, mas, ainda assim, Patrícia deixou meio a meio.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora