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Aviso de conteúdo: menção a assassinato, menção a assédio.

Um pouco de angústia por hoje.

Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

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Já era terça-feira, mas parecia domingo. Não aqueles domingos depressivos de ficar o dia inteiro na cama apenas esperando a segunda chegar, mas aqueles domingos de acordar cedo para um churrasco e ficar na piscina até a tardinha antes de voltar para casa e dormir tão bem que o dia seguinte amanhecia menos pior.

Todos os dias pareciam domingo na chácara. E era bom, muito bom.

Eu estava me sentindo leve como uma pluma naquela terça, boiando em colchões de ar na piscina ao lado de Levi enquanto ele tagarelava sobre as maravilhas de Iuri, e Eva e Sandro matavam a saudade de cozinhar – o almoço não fora de tarde pela cidade como nos outros dias porque iríamos a um lago.

Eu havia acordado de bom humor. Na noite anterior tive sonhos vívidos, e não eram pesadelos. Era o brilho amarelado dos vagalumes acima do jipe que eu captei quando Sandro explorava meu pescoço com a boca no banco de trás, era o canto suave de Eva à noite afastando o medo irracional de passos pesados no corredor e inconscientemente me ninando até eu dormir, era a risada de Levi vibrando no meu peito em seus abraços apertados, era a voz de Luís ainda carregada de emoção após uma chamada de Enila que me mandara lembranças, era o brilho do flash da câmera de Lótus que rivalizava com o seu sorriso quando ele a erguia achando que ninguém estava olhando.

O lago havia sido um marco na infância dos trigêmeos e Eva. Eles passavam dias inteiros lá quando pequenos, Eva e Lótus caçando sapos porque ela, baixinha demais em um lago relativamente fundo, tinha medo da água e passava mais tempo fora do que dentro. Quando perguntei, temerosa, o que eles faziam com os pobres sapos, Eva gargalhou e disse que nunca haviam conseguido capturar um.

— Essa que é a graça! — Exclamara sorridente.

O sol provavelmente fritava os neurônios com o passar do tempo.

Naquele exato momento, nós estávamos estiradas sobre um grande lençol de piquenique com uma cesta realmente clichê cheia de petiscos aberta por perto de onde ela havia tirado uma garrafinha de suco para bebericar vez e outra. Poderia ser um milagre que a bebida ainda estivesse fresca sob um sol tão forte quando experimentei um pouco, mas não estava tão quente, brisa fresca embaraçando fios dos nossos cabelos.

Levi havia sido o primeiro a pular, ainda vestindo a sunga da piscina mais cedo, e nadava por perto da borda para conversar com Sandro que testava a água com a ponta do pé. Lótus subia lentamente as rochas ao longe tentando alcançar Luís que se divertia sob a forte torrente da pequena cachoeira que enchia o lago, a água parecendo espuma.

O tempo finalmente havia curado os hematomas dos trigêmeos, tornando-os uma dor de cabeça idêntica mais uma vez. Levi era o único que eu conseguia distinguir de perto com sua nova cicatriz falhando o final da sobrancelha e a corrente de prata brilhando rente ao seu pescoço, além dos piercings nas orelhas. Lótus e Luís, no entanto, eu já havia aceitado que dificilmente saberia quem era quem, apesar de eles sempre parecerem terrivelmente ofendidos quando eu os confundia. Mesmo com a cisma de Lótus em não usar roupas pretas, Luís também se absteve delas por conta do clima quente, o que me deixava na adivinhação.

Haviam pequenos detalhes ao meu favor, no entanto, como o fato de Lótus estar quase sempre grudado em sua câmera e o sorriso de Luís ter apenas uma covinha, diferente dos irmãos que tinham duas. Mas ficar encarando-os era estranho, então só me restava tentar a sorte ou ignorá-los.

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