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Perdão por qualquer erro de ortografia e boa leitura!

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O nome dele era Sandro Sales.

Altura mediana, cabelo preto liso, rosto anguloso e proeminente, olhos bem escuros e roupas de marca. Tinha uma quantidade obscena de seguidores em comparação com a que seguia, não postava quase nada sobre si além de algumas poucas fotos e divulgações das festas que dava junto com outros caras – provavelmente seus amigos – com um engajamento impressionante, respondia alguns tuites aleatórios em que era citado, curtia fotos de colegas, fotos com hashtag de suas festas, fotos de mulheres bonitas, esportes e memes.

Eu havia passado os últimos dias entrando no perfil dele, considerando e reconsiderando. Recorri ao Twitter quando não o achei no Instagram, mas não o segui e nem planejava.

Sales e seu grupinho eram famosos na faculdade principalmente por suas festas, a Elite, tão ricos e podres quanto o pessoal da famosa série que, de tanto ouvir falar, eu já tinha perdido a vontade de assistir. As festas eram pagas e organizadas, o ingresso variando de preço de acordo com a área e lote de bebidas – comum, VIP, Privado.

A primeira e única vez em que fui à uma Elite foi com Nora, minha ex-melhor amiga, que pagou ingressos VIP no meu aniversário. E até eu, que nunca gostei muito de festa, tinha que admitir que estava foda.

Nora se decepcionou ao descobrir que Sales e seu bando não ficavam na área VIP, mas no Privado. Ela tinha uma queda por ele desde o ensino médio, quando ele começou a dar essas festas sem compromisso e tirou sua virgindade em uma delas. Nora sempre jurou que não era nada demais, que só queria um replay, mas o cara aparentemente não repetia. E suas curtidas excessivas em tudo o que ele postava e os olhares famintos que o lançava diziam o contrário. Eu sabia que ela só não mandara mensagem para ele porque sua DM era fechada, e ele não seguia Nora de volta.

Nora era um dos motivos para que eu estivesse passado horas enrolada em um cobertor com o notebook no colo e negligenciando um celular repleto de mensagens e ligações perdidas. Mas o principal motivo era Elias, meu ex-namorado. Uma traição em dose dupla.

Eu ainda não havia chorado. Fazia dois dias que eu peguei os dois no jardim da mansão de Lola e eu apenas voltei para casa, deitei na cama e olhei para o teto, meu corpo agindo no automático. A ficha ainda não havia caído e a expectativa era como um céu cinza e tenso com a promessa de um temporal, ventos fortes balançando roupas no varal e outdoors. Mas nada da chuva.

Eu ficava me perguntando como isso aconteceu, a quanto tempo vinha acontecendo, como eu não tinha percebido. Mas não conseguia me perguntar o porquê, me convencendo que eu não queria saber da resposta, mas a verdade era que era insuportável demais para mim, que sempre sei de tudo, não ter sabido disso.

Eu me vingaria, é claro. Porque ninguém simplesmente me fazia de idiota. Não seria nada teatral ou perfeitamente arquitetado, porque eu não queria parecer desesperada e nada disso me importava realmente. Eu só precisava fazer algo.

Eu tinha checado meu celular uma vez apenas, quando fui tomar banho e quis colocar música. Vi de relance mensagens de amigos de Elias perguntando se eu estava bem, oferecendo apoio se eu quisesse conversar. Eu considerei respondê-las, considerei me vingar em cima deles. Mas os homens não eram como as mulheres que terminavam amizades por causa deles – não os que eu conhecia, pelo menos. Eles podiam até discutir, depois se zoavam e esqueciam. Como era possível? Eu não fazia ideia. Por isso parecia bobo e infantil transar com o melhor amigo do meu ex-namorado para me vingar por ele ter me traído com minha antiga melhor amiga. Eu não queria devolver na mesma moeda, não queria fazê-lo provar do próprio veneno. Eu queria fazer pior.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora