✹ 21 ✹

1.4K 142 102
                                    

Esse capítulo ficou mais longo do que eu esperava, só dizendo de passagem. Perdão por qualquer erro de digitação (eu realmente não revisei isso dessa vez) e boa leitura!

✹✹✹

— Você sabe, ele não quis mesmo beijar Nora. — Disse Eva. — Ela chegou do nada.

Eu sei. — Cuspi.

Como eu estava preferindo a morte do que almoçar com Sales e os Trindade, arrastei Eva para o restaurante que Victória e seus amigos costumavam ir. Apenas uma mensagem a faz aparecer no estacionamento, pulando animada no banco de trás ao lado de Patrícia e se inclinando para beijar minhas bochechas com força – o que eu aguentei por cinco segundos antes de empurrar sua cara para longe.

Era um restaurante popular, quase tão cheio de pessoas que formava uma bolha de calor no meio daquela cidade fria, os ventiladores no teto sopravam vento com tanta força que chegavam a chacoalhar a grade das hélices e fazia voar os guardanapos em sua mira. Só percebi que havia passado tempo demais comendo com Eva e companhia quando meu estômago roncou com a imagem do feijão cremoso fumegando no self-service.

— Então por que está tão brava? — Perguntou Eva enquanto nos servíamos vagarosamente na fila.

— Por acaso você está namorando com o Lótus? — Atirei, fazendo-a franzi o cenho.

— Não, ué. O que isso tem haver?

— Mas como você se sentiria se visse alguém que você não gosta indo para cima dele?

Percebi que toquei numa ferida quando aqueles olhos luminosos perderam a cor.

— Não teria sido a primeira vez.

— Não sei porque você se tortura assim de propósito. — Soltei ao colocar salada no prato. — É meio óbvio que vocês se gostam se prestar atenção, por que não faz alguma coisa?

— Eu podia dizer o mesmo para você, mas sei que não é tão fácil quanto parece. — Retrucou, cutucando a maionese com a grande colher como se nunca tivesse visto isso.

Eu ri, sem graça nenhuma.

— Ah, se você soubesse... Mas não, não estou brava com Sandro. Victória sumiu com todos meus cigarros, estou toda entupida de gripe e ainda precisei ir para a faculdade porque tive prova e tenho certeza que fui mal, perdi todo o vale-transporte da semana, meu psicólogo voltou de férias, ainda estou tentando me acostumar com a ideia de minha mãe ter morrido e, de quebra, Nora decidiu que quer mais um homem meu. Mesmo que Sandro nunca tenha sido meu e, na verdade, não quer mais me ver nem pintada de ouro. — Respirei fundo e abri um grande sorriso vazio. — Entendeu por que não estou de bom humor?

Eva piscou como o Gato de Botas.

— E-eu, hm... posso te abraçar?

— Claro que não. — Me afastei e fui pesar meu prato, xingando alto demais no caminho quando o ventilador jogou meu cabelo na minha cara e uma criança correu desembestada pelas minhas pernas, mas pelo menos o preço da comida estava razoável.

Eva correu para me acompanhar.

— Eu não fazia ideia sobre sua mãe. — Ela ofegou para acompanhar meus passos com suas pernas curtas. — Por que você não me disse? Você está bem? Eu sei como é perder uma mãe.

— Relaxa, não houve perda, só alívio, mas ainda é estranho. Minha mãe não era como a sua.

— Ah. Vocês não se davam bem? — Ela abriu um leve sorriso para a criança perturbada que passou correndo de novo. Onde estava o pai dessa criatura?

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora