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Recado no final, perdão por qualquer erro de digitação e boa leitura!

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— Por que?

Soprei a fumaça para fora da janela do meu quarto. Eu não costumava fumar ali, mas Victória vinha reclamando muito e acendendo incensos pelo apartamento inteiro em retaliação, então eu resolvi dar uma trégua. A vista era uma merda, mas pelo menos o motor quente do ar-condicionado do vizinho aplacava a friagem da cidade cinzenta, apesar do barulho infernal.

— Porque eu já tinha resolvido desacumular algumas coisas da faculdade hoje e eu tenho compromisso mais tarde.

— Compromissos mais tarde? Que furada.

Franzi o cenho. — Isso foi Levi?

— Sim, está no viva-voz. Estou varrendo o estúdio e ele está admirando você na pintura. — Eva suspirou do outro lado da linha. — Não estou invalidando seu compromisso, mas tem certeza que não foi por causa de ontem?

— Ontem? Como assim? — Me fiz de sonsa. E encarei confusa Oscar quando ele subiu no peitoril da janela, me olhando torto.

— Sei , Sandro voltou para casa todo ranzinza.

— Não sei como isso tem haver comigo, mas apesar do meu compromisso realmente ser uma completa merda inválida, não é furada.

O gato rastreou meu cigarro com as pupilas estreitas como se fosse uma coisa de outro mundo quando traguei mais uma vez. Ergui uma sobrancelha quando ele ergueu uma pata e a abaixou em seguida, calculista.

— Vai ser tão chato sem você aqui.

— Não vai, não. Eu já falei com a Vic, espero que esteja tudo bem o pessoal ainda ir.

— Ah, sério? — O tom de Eva se reanimou. — Tipo, Pascoal e Iuri também?

— E Brenda e a namorada de Victória. Brenda vai amar os trigêmeos, cuidado. — De repente, Oscar deu uma tapa forte no final do cigarro, as orelhas para trás enquanto observava a queda da bituca pela janela. Olhei para ele com horror. — Eu não te criei assim.

— Quem é Brenda? — Questionou Levi ao fundo.

— Legal! — Eva o ignorou. — Quer que eu guarde algo para Vic levar para você?

— Hm... — fiz careta para Oscar quando ele deu uma cabeçada na minha mão, pedindo carinho. — pão de alho. Bastante pão de alho. Não bastante, mas você entendeu.

Sim, ok. Até mais, então?

— Claro.

Coloquei o celular na escrivaninha sob a janela ao encerrar a ligação, puxando Oscar para o meu colo – ele veio de bom agrado, esfregando a cabeça no meu queixo – e escolhi não pensar no tempo que levaria para tirar os pelos que ficariam em minha camisa.

— Preocupado que a mamãe morra de câncer e não te alimente mais, hm?

Ele miou em concordância enquanto eu caminhava para fora do quarto bem a tempo de ver Victória toda arrumada sair do seu pisando duro pelo corredor, com cara de poucos amigos.

— Eita, o que rolou?

— Bruna não vai mais. — Eu a segui até a cozinha, onde seu celular carregava no balcão. Victória o desconectou com tanta força que fiquei com medo de lembrar que o cabo era meu.

VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora