Aquele era mais um dia comum na vida de Peter Wentz. Acordou pela manhã em seu grande apartamento frio e vazio, comeu uma tigela de um cereal nada saudável, que provavelmente matava-o lentamente, sentou na frente do notebook e começou a escrever uma estória de amor cheia de intrigas e uma paixão que dura para a eternidade.
Bom, só tinha dinheiro o suficiente para comprar aquele lugar, além de ter entrado na lista de escritores com mais influência da década, por seus romances. Mas isso não excluía o fato que sentia cada vez mais como uma fraude.
Passava noites em claro descrevendo paixões com finais felizes, relacionamentos duradouros e a crença em amor verdadeiro, porém, nunca havia sentido isso em toda sua vida. Não sabia mais se acreditava que era possível amar.
Sentia como se estivesse levando milhares de adolescentes, como um dia fora, a acreditar que era possível encontrar sua alma gêmea, para então, cair em um poço de decepção ao descobrir que isso não existe.
O amor era jovem, patético e inalcançável, aos seus olhos.
Naquela tarde, quando abriu suas redes sociais para ver se havia algo de interessante acontecendo no mundo, sentiu um misto de felicidade e culpa. Tinha dezenas de posts falando sobre como seus livros traziam alegria, esperança e salvavam centenas de vidas. Seu coração parecia prestes a explodir com cada um deles, sempre se sentia orgulhoso, porque essa era sua verdadeira paixão. Saber que fazia a diferença só tornava tudo melhor.
Contudo, ao mesmo tempo, tinha a sensação de estar enganando a todos. Como poderia escrever sobre sentimentos quando seu coração se tornara mais frio e sólido que um iceberg?
Até os sorrisos involuntários, que soltava quando escrevia uma cena de romance, logo se transformavam em uma expressão de tristeza e culpa.
Sua mente girava ao redor desses pensamento o dia inteiro, a semana inteira, o mês inteiro. Por isso, naquela tarde fria e nublada, decidiu que precisava dar uma volta na cidade para se distrair.
Trocou seu moletom velho por uma calça jeans preta e uma camiseta antiga do Metallica. Não estava com vontade de se esforçar mais do que isso para simplesmente tomar um café. "Não é como se fosse encontrar o amor da minha vida numa Starbucks", pensou e soltou uma risada irônica "O Pete de quinze anos estaria muito decepcionado comigo agora!".
Pegou seu celular, fones de ouvido e carteira, dirigiu-se a porta e, em vão, tentou pegar as chaves do carro em um pote. Depois de alguns segundos, lembrou que o veículo estava na oficina. Se não estivesse tão desesperado para se distrair, teria desistido na hora.
Fazia anos que não pegava ônibus, principalmente porque era algo que o deixava extremamente ansioso. Porém, decidiu encarar como uma oportunidade de ocupar sua cabeça com pessoas diferentes. Esse era um de seus hobbies como escritor, ver estranho na rua e imaginar suas histórias. Alguns chegavam até a servir de inspiração para seus livros.
Era engraçado pensar que uma pessoa qualquer tinha mudado o seu destino e nunca faria a menor ideia. Algumas poderiam até ser suas fãs e jamais saberiam que mudaram sua vida apenas existindo.
Estava distraído olhando diversos estranhos passando na rua quando sua atenção se voltou para um rapaz de cabelos loiros avermelhados que sentou ao seu lado. O que mais lhe impressionou foi a case de violão que carregava. Combinava com sua aparência, uma calça jeans com alguns rasgos no joelho, uma camiseta vermelha coberta por uma jaqueta de couro e um chapéu - Fedora? Talvez fosse alguma imitação, não parecia ter dinheiro para comprar algo tão caro.
Ele soltou um longo suspiro e fechou os olhos, abraçando a bolsa com força contra o corpo. Pete nem sempre acertava em suas previsões sobre as pessoas, porém, tinha certeza que não estava tendo uma noite fácil.
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One shots
FanfictionApenas idéias aleatórias que vêm na minha mente e são escritas em formas de pequenas estórias. ★ Peterick ✩ ★ Trohley ✩ ★ Frerard✩ ★ Rikey ✩