Beleza ●Peterick●

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Aviso: problemas de autoestima, citações a atos de homofobia e gordofobia.

Pete estava sempre se metendo em discussões com desconhecidos. Bom, não que eu possa culpá-lo, as pessoas corriam atrás de nós apenas para nos insultar. Era o lado ruim da fama, sempre tinha alguém que nos reconhecia e fazia questão de dizer o quão ruim éramos. Isso resultava em constantes agressões verbais ou, às vezes, físicas.

Naquele dia, Andy foi o primeiro a correr. Conversávamos sobre as músicas novas depois do show quando, de alguma maneira, viu o moreno empurrar alguém no chão e começar a socá-lo. Ele podia não ser exatamente forte, mas, provavelmente, o elemento surpresa fora de grande ajuda.

Enquanto o outro se preocupou em arrastar o desconhecido para longe, eu me ocupei em cuidar do nosso probleminha particular. Pete tinha um pequeno corte em seu lábio inferior e um na sobrancelha. Felizmente, apenas tinha sido atingido pela mão dele ao se debater para escapar dar agressões. Não tivera tempo de reagir apropriadamente.

- Acho melhor ficar longe da minha banda e dos meus amigos! - gritou.

- Pete, céus, fica calmo.

- Calmo é o caralho!

Continuei segurando-o, até que ambos se acalmassem, e o arrastamos para o ônibus. Era difícil lidar com as críticas, porém, cada um tinha sua maneira de passar por isso. Joe fingia que estava bem, mesmo que soubéssemos a verdade, e se escondia atrás de piadas. Andy simplesmente não ligava. Eu descontava tudo na música. E Pete, bem, ficava muito irritado. Claro que escrevia muitas coisas sobre isso depois, contudo, inicialmente só queria bater em algo (ou alguém).

A única pessoa que me deixava irritado a esse ponto, ironicamente, era ele. Nós já tínhamos brigado muitas vezes, ainda assim era estranho vê-lo em uma briga física com outra pessoa. Não diria que era ciúmes, soaria como se fosse masoquista ou algo do tipo, o que, com certeza, não sou.

Mas era estranho porque brigar era a segunda coisa que fazíamos melhor juntos. Depois de compor, claro. Óbvio que era meu melhor amigo no mundo inteiro e levaria um tiro por ele, só que isso não exclui as diversas desavenças.

Inclusive, naquele momento, estava prestes a iniciar uma discussão ao perguntar o porquê de agir daquela maneira.

- Porque aquele babaca estava falando mal da banda.

- Fazem isso toda dia. Aprendemos a ignorar calados.

- Falou das nossas músicas! Do nosso trabalho, Patrick! - sentou em sua cama, que ficava na frente da minha.

Desde o sucesso de nosso álbum mais recente, From Under The Cork Tree, tínhamos conseguido um lugar melhor do que nossa van destruída, porém, ainda era um pouco apertado. O lado bom era que tinha uma estrutura bem melhor, com um pequeno banheiro e um espaço com um sofá e uma televisão improvisada. Ao menos, a falta de espaço me permitiria cuidar de seus ferimentos sem levantar da cama.

Busquei o kit de primeiros-socorros, que era mais do que extremamente útil para a nossa banda, peguei um algodão, despejei um pouco de um líquido estranho e passei no corte.

- Ai! - gritou.

- Ninguém mandou socar alguém. Agora aguente quieto.

- Ele estava pedindo por isso - fez bico, como uma criança fazendo birra.

- O que ele disse de tão ruim? Escutamos todo o tipo de coisa, não é como se fôssemos bater em cada um que nos ofende.

- É que... foi pior do que a maioria das... Ai!

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