Halloween ●Peterick●

64 6 25
                                    

» nota: nem dá para acreditar que foi a primeira oneshot que comecei, lá em março. Mas só terminei agora, então acho que conta como recente ;)

¦Aliás, Pete como Mr. Sandman do vídeo de America's suithearts¦

♡ Inspirado pelos stories/tweets do Pete sobre migração das borboletas ♡

H A P P Y  H A L L O W E E N
1

Eu não queria estar ali. Preferia muito mais estar em meu apartamento estudando sobre borboletas ou até mesmo tentando decorar alguma lei idiota. A maioria das pessoas me achava estranho por ter uma leve obsessão por esses insetos. Mas elas não sabiam quantos segredos se escondiam atrás daquelas pequenas asas. Não tão pequenas, em alguns casos, já que a borboleta Olho-de-coruja pode chegar até dezessete centímetros. Enfim, eu amava tudo sobre aqueles insetos, o ciclo de vida, a transformação, a diferença que faziam no mundo.
Brendon havia me arrastado para aquele lugar e desaparecido no segundo seguinte. As pessoas ao meu redor pareciam estar se divertindo, dançando ao som da banda que tocava. O nome era Simple Plan ou algo assim. Tinha um babaca da minha faculdade, se não me engano. Não os achava bons o suficiente para me importar.
Estava parado há vinte minutos no mesmo lugar, bebendo aquela cerveja de qualidade baixa. Eram em situações como aquela em que questionava minhas escolhas de vida. Tinha vinte e sete anos, fazia uma faculdade que odiava e minha verdadeira paixão eram insetos. Isso sem contar minha fracassada vida amorosa. Nem conseguia me lembrar a última vez que havia beijado. Poderiam me chamar de O fracasso.
Meu único passatempo era julgar a fantasia dos que passavam. Obviamente eu não era nenhum especialista, porém, a culpa não era minha se aquelas pessoas tinham criatividade zero. Também estava tão entediado que faria qualquer coisa. Pensava "Mais uma vampira? Essa é a décima que vejo em cinco minutos. Pelo menos tem cabelo azul, vou dar então 7/10. Um astronauta..? Criativo, mas mal feito." Nem aquilo estava suficiente para sufocar o tédio que sentia.
- Você viu aquele cara vestido de borboleta? - um esqueleto falou passando por mim enquanto conversava com outro vampiro.
- Borboleta?! Isso é completamente patético.
- E gay!
Começaram a rir, se afastando. Senti meu coração acelerar ao ouvir aquelas palavras. Era simplesmente tudo que sonhava. Comecei a procurar desesperadamente ao meu redor. Talvez ele estivesse por perto, talvez pudesse vê-lo, talvez pudéssemos conversar.
Eu geralmente era um cara bem sociável, só que naquele dia estava fora do clima, sem vontade alguma de estar naquela festa. A maquiagem que começava a coçar não ajudava muito.
Já estava quase desistindo quando o vi. Era melhor do que havia imaginado. Ele era tão lindo que parecia que meu cérebro havia derretido. Percebi que tentava passar pelo meio das pessoas, sem estragar qualquer detalhe de sua fantasia, com certa dificuldade por ser consideravelmente pequeno. Vestia uma calça jeans preta e uma camiseta que combinava com as pequenas asas azuis presas na jaqueta que usava. Tinha certeza que estava literalmente boquiaberto.
Notei que olhava ao seu redor, registrando tudo que encontrava. Até seus olhos se fixarem em mim. Comecei a me desesperar quando o vi se aproximando cada vez mais.
- Perdeu alguma coisa? - questionou, parecendo irritado.
- Eu, uh...
Não conseguia pensar. Era ainda mais atraente de perto. Usava sombra azul, um delineado perfeito e um batom forte.
- Algum problema? - parecia prestes a me socar.
- Eu apenas, uh, gostei da sua fantasia.
Meu cérebro parecia ter derretido.
- Ah, claro. Já ouvi todo o tipo de coisa hoje, alguém começar a rir de mim usando esse argumento não é novidade - revirou os olhos.
- Mas... - franzi a testa - realmente gostei. É complementamente... extraordinária. Achei que ficou muito bem em ti.
Aquilo pareceu ter tirado as estruturas dele. Ficou sem reação por alguns segundos até que disse, em um tom de voz muito mais baixo do que quando me ameaçava:
- Posso te beijar?
Fiquei sem palavras. Ele... queria... me beijar? Um cara como aquele? Não sabia como proceder.
Tomou minha hesitação como algo negativo e logo acrescentou:
- Se não quiser, é só dizer, vou embora e te deixo em paz. Entendo se não gostar de caras ou sei lá - desviou o olhar.
- Não, não! - gritei mais do que o normal - Eu quero.
Ele deu um sorriso e se aproximou. Minha maquiagem ficaria horrível e com certeza iria sujá-lo. Não que isso importasse naquele momento.
Eu não fazia a mínima ideia de como agir. Não que fosse minha primeira vez, obviamente havia feito aquilo muitas vezes. Mas nem me lembrava direito. Digamos que minha vida amorosa havia morrido junto com os dinossauros. Ele, no entanto, parecia saber extremamente bem. Colocou as mãos no meu rosto e puxou levemente para baixo. Passou levemente a língua nos lábios antes de dar um sorriso e me beijar.
Aquela era uma situação pela qual nunca imaginei que estaria passando. Mas, não me entenda mal, estava adorando. Ele era realmente bom naquilo. Podia sentir seus dedos se entrelaçando no meu cabelo, puxando-me mais em sua direção.
Eu com certeza deveria me preocupar em estar fazendo aquilo no meio de uma festa - não que outras pessoas não estivessem fazendo. Só me sentia estranhamente exposto. Mas tinham coisas mais importantes para me preocupar no momento. Ele com certeza era uma delas.
Conseguia sentir um leve gosto de álcool em sua boca, não havia bebido muito. O que me incomodava um pouco era o sabor da maquiagem e o como aquilo deveria ser estranho e...
Ele me empurrou levemente para longe, separando-nos.
- Você precisa parar de pensar - falou.
- O que...?
- Consigo sentir que estava pensando em tudo ao nosso redor. Esquece, cara. Só... aproveita o momento.
Assenti, fechei os olhos e tentei limpar minha mente. Quando voltou a me beijar, parecia que tudo havia ficado melhor ainda, o que acreditava ser impossível. Esqueci o barulho das pessoas conversando, da música, dos gritos. Esqueci os possíveis olhares e comentários. Apenas pensei na maneira que ele se movia, na forma como me segurava com força e na maneira que minhas mãos pareciam se encaixar perfeitamente em suas curvas.
Não percebi quanto tempo passou. Podiam ter sido horas ou minutos. Estava tudo muito bom. Meu corpo parecia estar em chamas, cada toque dele fazia eu me sentir daquela maneira.
Subitamente ele se afastou, olhando ao seu redor como se precisasse sair.
- Está... tudo bem? - questionei.
- É que... deu meu horário. Preciso sair.
Soltei um riso.
- Você é uma espécie de Cinderela?
- Basicamente - deu um breve sorriso.
Mesmo com a minha maquiagem espalhada por todo seu rosto, continuava lindo.
- Tem certeza que não pode ficar mais?
- É melhor eu ir. Não vai querer me ver depois do horário.
- Por que?
- Algumas princesas não ficam bonitas após a meia-noite. Eu sou um caso desses.
Sem mais palavras, simplesmente saiu. Eu me sentia na porra de um conto de fadas bizarro. Conseguia ver o rapaz se afastando lentamente dentre a multidão. Quis gritar e implorar que voltasse, mas não tive coragem. Então, permaneci ali. Sozinho e com uma maquiagem estragada. Porém, carregando ótimas lembranças de um cara desconhecido vestido de borboleta.

One shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora