Playground ● Peterick ●

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~ Pete é obrigado por sua mãe a levar o irmão mais novo para brincar no parquinho com outras crianças ~

Patrick: IOH 
Pete: ab/ap

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Ele odiava aquilo. As crianças gritando e o sol escaldante. Teoricamente, poderia ficar na sombra, mas teria que ou ficar em pé ou sentar no chão. E a última coisa que queria era areia nos seus jeans novos. Aliás, naquele dia, parecia ter feito todas as escolhas erradas. Além de ter esquecido o celular em casa, ainda estava com uma roupa totalmente preta que parecia canalizar a energia solar diretamente em seu corpo. Por mais que odiasse aquilo com todas as forças, não podia irritar sua mãe naquela semana, não depois de ter saído escondido com os amigos. Havia passado as últimas duas horas queimando a bunda naquele banco de pedra, observando o pequeno demônio que chamava de irmão, que no momento brincava com um menininho loiro. Pareciam tão fofos de longe, mas sempre eram assim. Apenas quem vivia com Bronx sabia como era difícil. Eles falaram alguma coisa e se voltaram na direção de Pete, correndo de mãos dadas.
Era como se pudesse escutar a voz de seu pai dizendo "Não deixe seu irmão segurar a mão de garotos, podem pensar que ele é gay". Aquilo o irritava tanto. O menino tinha seis anos, segurados a mão de qualquer ser humano, não deveria ter toda aquela pressão para relacionamentos, deveria apenas viver a vida brincando com os amigos. O que mais o irritava era que sabiam sobre sua bissexualidade, porém, preferiam ignorar todos os namorados que já tivera.
- Pete! Pete! Pete! Pete!
- Oi...? - inclinou-se para ficar na altura deles.
- Esse é meu amigo Declan!
- É o seu "irmaozão"? - perguntou o menino com uma expressão surpresa.
- Aham.
- Sabia que também tenho um "irmaozão"?
- Sério? Eles podem ser amigos!
Começaram a pular, contentes com sua brilhante ideia. Diferente do pequeno, o mais velho tinha dificuldade para fazer amizades em tão pouco tempo. Provavelmente só resultaria em um silêncio constrangedor com um garoto idiota. Entretanto, ele não teve escolha, os meninos o arrastaram até o outro lado do parquinho. Quando viu seu mais novo "amigo" fez uma nota mental para agradecer Bronx mais tarde.
- Pat! Pat! Pat!
- Já disse para não me chamar... - sua frase morreu ao mover os olhos do celular e ver que tinha companhia, acenando timidamente.
- Esse é o "irmaozão" do Bronx! O nome dele é Pete! Vocês podem ser amigos?? Por favor??
- Não sei...
- Eu ia adorar isso - o falso loiro sorriu, sentando-se na pedra quente, o que fez o outro desviar o olhar com um pequeno sorriso.
Eles comemoraram e voltaram correndo para o escorregador, deixando-os a sós.
- Então, seu nome é...?
- Patrick.
- Prazer, Patrick - seria um grande clichê se dissse que faíscas saíram quando suas mãos se tocaram, mas a única coisa que sentiram foram as palmas suadas por causa do calor excessivo - Conte-me mais sobre você... nunca te vi por aqui.
- Eu acabei de me mudar para cá. Há uma semana, só.
- Sério?! O que está achando do bairro?
- Não tive muito tempo para conhecer, mas as pessoas até que são legais. Quer dizer, você é o único que realmente conversei.
- Então, sou legal...?
- Sim, e bem bonito também - disse sem perceber, em seguida sentindo o rosto aquecer. Felizmente foi salvo por seu celular tocando.
- Sim... tudo bem... entendi... não... me desculpe... estamos indo... - desligou o aparelho com uma expressão um pouco decepcionada.
- A minha mãe mandou que fôssemos embora. A gente se vê por aí?
- Espero que a gente se veja muito.
- Tchau, Pete.
- Até mais, Patrick.
Assistiu, com um grande sorriso, o ruivo se afastar. Pela primeira vez em muito tempo, Pete estava animado para voltar aquele parque.

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Duas semanas tinham se passado e nada de Patrick. Pete havia ido aquele parque todos os dias, na esperança de reencontra-lo, fora em vão. Provavelmente Bronx não deveria nem sequer se lembrar de Declan, a cada dia fazia um amigo novo.
Naquele dia, estava um pouco mais frio. Não estava derretendo tanto, mesmo com os jeans. Também levara seu celular, passando a procurar na internet fotos de tatuagens que gostaria de fazer.
Sentiu mãos macias cobrirem seus olhos e uma voz suave que nunca poderia esquecer.
- Adivinha quem é?
- Hum, Patrick?
- Ah, nem tem graça! Você já sabia.
Eles riam como crianças, só pararam quando Declan voltou, com uma expressão preocupada.
- Pete? Você quer ser amigo do meu irmão?
O loiro se inclinou, para poder ficar na mesma altura dele.
- Claro que quero - aquela resposta pareceu deixá-lo decepcionado.
- Mas ele não quer ser seu amigo.
- Não? - arqueou a sobrancelha.
- Escutei ele falando "plo" Andy que queria ser seu namorado.
- É? - tentou segurar uma risada nervosa, por mais que sentisse uma grande onda de ansiedade percorrer seu corpo.
- Sim. 
- Posso te contar um segredo? - abaixou o tom de voz, porém, deixou alto suficiente para ter certeza que Patrick ouvia - Também quero ser o namorado dele.
Os olhos do pequeno brilhavam. A realidade era que ele nem sabia o que "namorado" significava, mas sabia que seu "irmaozão" ficava feliz quando falava sobre Pete e para seu puro coração infantil, era tudo que precisava para que ele ficasse feliz também.
- Agora volte a brincar, mas não conta para ninguém o que eu te disse, quero que seja uma surpresa, tudo bem?
- Sim - sorriu abertamente e correu.
Voltou a sentar normalmente no banco, encarando o ruivo, que estava muito corado.
- Então... o que ele disse é verdade?
- O que você disse é verdade? - provocou, fazendo um sorriso desafiador moldar os lábios do outro.
- Eu nunca minto.
- Nem ele.
Ficaram um tempo apenas se olhando, os sorrisos não deixavam seus rostos.
- O que acha de encontrarmos um lugar com menos barulho, menos crianças, para podermos conversar melhor?
- Não poderia ter tido uma ideia melhor!
Pete segurou a mão de Patrick e, rindo, correram até o muro dos vestiários - não muito longe dali para que pudessem observar os meninos. Levar seus irmãos ao parque nunca tinha sido tão divertido.

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