One shots

Natal ● Peterick ●

- Eu quero ir até o Papai Noel... - Pete puxou a mão do namorado.
- Por que?
- Porque eu quero.
- Às vezes, parece que você tem sete anos de idade.
- Por favor.
Patrick jurava que o outro estava a ponto de se jogar no chão do corredor mais que lotado do shopping. Estava se sentindo um pouco enjoado com todo aquele barulho e pessoas andando para todos os lados.
- Não temos tempo para isso.
- Mas...
- Não tem outra opção. Temos que comprar presentes para muitas pessoas, nossa última prioridade é ver um cara usando uma roupa vermelha.
Não pôde esconder que ficou magoado. Obviamente queria aquilo. Não conseguia entender o porquê do humor alterado de seu companheiro. Geralmente gostava do Natal. Talvez fosse o estresse por causa do trabalho.
- Vamos - saiu andando, sem esperá-lo.
Seguiu-o em silêncio. Passaram por diversas lojas, cheias de pessoas se matando para comprar. Não queria estar ali. Por que não podiam simplesmente comprar pela internet ou dar um cartão presente?
O mais baixo parecia não dar descanso a ele. Sempre que tentava se sentar era repreendido por atrasar as coisas. Sentia saudades de quando iam lá apenas para andar, sem gritaria e quase discussões. Além disso, tinha que carregar todas as sacolas. Não se incomodava com isso, em um geral, mas naquele dia parecia que só servia para aquela função.
Seus braços estavam quase cedendo, assim como suas pernas. Seu estômago reagia a cada cheiro de comida e sua boca estava seca. Para piorar sua situação, precisava urgentemente ir ao banheiro. Tentava falar, porém, Patrick estava agindo tão rápido que não conseguia ter tempo para pensar.
- O que acha dessa camiseta para meu sobrinho? - questionou, segurando uma roupa pequena com a estampa de algum desenho que não conhecia.
- Legal... - respondeu, sem realmente prestar atenção.
- Poderia, por favor, parecer interessado nisso? Você parece uma criança, Peter. Pare de agir assim.
- Caralho, o que eu fiz? Não ligo para a droga da camiseta que comprar. Só quero ir embora.
- Você é um adulto, aceite isso. Não pode ir... ver o Papai Noel ou sei lá o que quer.
- A culpa não é minha se você perdeu toda a porra do espírito natalino.
As pessoas o encaravam, obviamente. Principalmente o mais baixo, que estava vermelho a ponto de parecer prestes a explodir.
- Temos que comprar essas coisas, não tenho tempo para sua besteira infantil.
- Se estou atrapalhando tanto, vou te deixar sozinho. Se precisar de mim, estarei tomando sorvete lá fora, exatamente como o idiota infantil que sou!
Antes que pudesse se arrepender, saiu da loja. Tinha certeza que passaria as próximas horas sozinho, infelizmente namorava um cara teimoso demais para se desculpar. Sabia que seria sua responsabilidade ir atrás do ruivo. Mas no momento, estava com muita raiva para pensar naquilo.
Observava com mágoa os casais passando, rindo, segurando sacolas, conversando e segurando mãos de crianças. Só conseguia pensar em como queria ter aquelas coisas. Todos seus planos haviam sido destruídos. Sentia-se vazio. Nem mesmo o sorvete tinha um gosto bom. O alívio de ter ido ao banheiro e finalmente estar descansando não compensava a falta que sentia de seu parceiro.
- Oferta de paz? - ouviu alguém dizer enquanto estava muito distraído com seu celular para notar as pessoas que passavam.
Patrick estendeu uma sacola em sua direção, com uma expressão de desculpas.
Abriu lentamente o pacote, encontrando uma camiseta com a estampa do Baby Yoda.
- Isso é... para mim?
- Claro - sentou ao seu lado - Não tenho outro namorado para dar.
- Obrigado, obrigado - seus olhos pareciam brilhar.
Abraçou-o.
- Olha, fui um completo idiota mais cedo. Não fez nada de errado. Estava sendo um adulto burro.
- Tentou realmente me comprar com uma camiseta de um personagem depois de gritar comigo por ser infantil?
- Sim...? Olha, me desculpa. Fui um completo babaca. Estou estressado com tudo isso, mas não é desculpa.
- Também agi como uma criança mimada. Devo desculpas a ti. Mas acho que vou ter que comprar um novo presente para você. Então, teremos que ficar mais um pouco.
- Por que?
- O meu é infantil demais.
- O que é? - questionou, sorrindo ao observar o quanto o outro havia gostado da camiseta.
- Não pode saber.
- Posso sim.
- Mas...
- Por favor, por favor.
- Tudo bem - revirou os olhos - é um pijama do Batman.
- Espera, aquele que falei?
- Sim.
Estava boquiaberto, literalmente. Nunca imaginou que aquilo seria uma possibilidade. Sempre que tinha o desejo de algo assim, sentia-se um completo idiota e preferia não comentar, por mais que soubesse que Pete jamais julgaria.
- Acho melhor comprar outra coisa...
- Não!
- Então, não quer que troque seu pijama do Batman por uma brinquedo mais adulto, tipo uma prancheta?
- Não! 
Começou a rir e abraçou o mais alto.
- Vamos ver o Papai Noel?
- Já está tarde...
- Vamos, Pete!
Segurou sua mão e começou a quase correr. Chegaram no local em tempo recorde. Porém, o homem estava quase saindo ao chegarem.
- Desculpa, senhores, está fechado - uma garota vestida de elfo comunicou.
- Por favor, ele quer vir aqui o dia inteiro. Só alguns minutos. Por favor... e o seu...espírito natalino? 
- Vou abrir uma exceção especial, ok?
- Obrigado, muito obrigado.
O moreno sentou no braço da poltrona ao lado do idoso, deu um grande sorriso e esperou enquanto uma foto era tirada.
- O que quer de presente, meu filho? - perguntou, seguindo o roteiro.
- Ah... quero que meu namorado se case comigo.
O ruivo não respondeu. Piscou várias vezes, tentando entender o que estava realmente acontecendo.
- O que...?
- Senhor papai Noel, poderia entregar isso para o meu namorado, por favor?
Entregou uma pequena caixa de presente para o velhinho, que sorriu ao estender na direção de Patrick. Assim que segurou, notou que era uma caixa de anel, abriu e encontrou uma linda aliança com uma pedra decorando a parte de cima.
- Aceita?
- Sim! Sim, claro!
Estava chorando e não conseguia parar de sorrir. As pessoas ao redor observavam. A elfa batia palmas empolgada fazendo seu chefe acompanhar. Ele não conseguia parar de encarar seu anel. Parecia um sonho natalino se tornando real.
Pete abraçou Patrick com força e sussurrou em seu ouvido:
- Esse é um presente adulto suficiente? Ou ainda prefere uma prancheta?

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Boas festas!