Vampires will never hurt you ●Peterick● Parte 2

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¡Aviso: smut com certo nível de violência, se não sentir-se confortável com esse tipo de conteúdo, recomendo que não leia esse capítulo¡

A última coisa que ouvi antes de morrer foi uma declaração de amor. Mas a primeira coisa que ouvi quando voltei a viver foi, bem, nada. Acordei debaixo de terra úmida e fria. Ao conseguir me livrar daquela prisão, entendi o que havia ocorrido. Havia se passado dias que estava ali, considerado como mais uma vítima da praga. O castelo estava totalmente abandonado. Não tinha uma pessoa sequer, nem mesmo Patrick.
Tudo que pude sentir foi ódio. Ele me seduzira com uma proposta de vida feliz e eterna ao seu lado. O que recebi foi uma vida solitária e eterna. Por isso, decidi dedicar todos meus anos a encontrá-lo. Para poder descontar tudo que me fez passar. Talvez até terminar com a sua imortalidade, usando a mais bela estaca que pudesse achar.
Cacei-o por todos os continentes, em todas as eras. Mas nunca tinha conseguido realmente ficar frente a frente com ele.
Até esse exato momento. Descobri que ele era Patrick Stump, 22 anos, funcionário de uma loja de discos em Chicago. Foi extremamente difícil chegar naquele resultado. Esperava que valesse a pena. Mal podia esperar para ver aqueles olhos azuis novamente.
Apesar de toda a dor que me causara, jamais deixou de ser o meu único e verdadeiro amor. Meu primeiro amor. Claro que me relacionei com diversos homens ao longo dos anos, mas nenhum chegou aos seus pés. Nenhum me fazia sentir tão completo quanto me sentia perto dele. Talvez uma pequena parte minha esperava que ainda me sentisse assim quando o visse novamente.
Meu plano quando finalmente encontrasse-o estava pronto há anos. Iria dizer o que sempre quis falar e matá-lo. Por isso carregava uma estaca mais que especial em minhas mãos. Ela havia sido feita com a cerca do castelo onde fui abandonado por ele. Estava tudo preparado e detalhado, já tinha decorado cada pequeno passo. No entanto, tudo foi por água abaixo no instante que o vi.
- Você não envelheceu um dia sequer - minha voz ressoou no quarto escuro.
- Quem está aí? Como chegou aqui?
Ele gritou enquanto tentava acender a luz. Porém, congelou assim que falei novamente.
- Não me reconhece mais, Patrick?
- Peter...?
Como se cronometrada, a luz acendeu. Ali estava ele. Quem eu buscara por centenas de anos. Usando uma camiseta antiga de banda e jeans rasgado, o que deixava-o bem mais velho. Com certeza acreditaria que tem 20 anos. Entretanto, ainda mesmo rosto perfeito pelo qual havia me apaixonado.
Aqueles míseros segundos foram capazes de me desviar de tudo que planejara desde o século quatorze. Meus pensamentos evaporaram assim que uma lágrima escorreu por sua bochecha pálida.
- Você me achou.
Aquela frase me fez voltar à realidade. Corri em sua direção e empurrei-o com força contra a parede. Envolvi seu pescoço com minha mão, em uma mensagem clara de que não estava ali em paz.
- Depois de tanto tempo te procurando, sim, te achei. Tudo porque me abandonou!
- Eu...
Pressionei com mais força, não podia correr o risco de ser convencido.
- Fez com que eu acreditasse em um futuro perfeito, vivendo com o meu amigo. Não, com meu amigo não. Com o garoto que dizia que me amava! E eu queria tanto isso. Não faz ideia. Nem sequer me deu a chance de dizer que te amava!
- Peter...
- Não deixarei que me engane novamente. Tudo que disse era mentira, não era? Nunca fui especial para ti. Apenas me usou. Se queria meu sangue, era só ter pego, não precisava me condenar a uma vida infeliz!
- Por... favor...
- Não se preocupe, irei retribuir o favor. Está vendo isso?
Apontei o pedaço de madeira que estava em minha outra mão para o seu peito.
- Feita perfeitamente com uma parte do local em que você tirou tudo de mim. O que acha disso agora?
Soltei-o levemente para que não perdesse a consciência. O desespero em seu olhar estava quase amolecendo meu coração. Mas não deixaria terminar tão facilmente.
- Faça isso... rápido, por favor.
- O quê?
- Mate-me, eu imploro.
Aquilo tirou minhas estruturas, fazendo com que me afastasse totalmente. Deixei que a madeira caísse no chão com um baque, quase como uma representação de como me sentia.
- Está certo. Eu não deveria tê-lo deixado... fiz com que passasse seus dias sofrendo... mereço que tire minha vida... do mesmo jeito que tirei a sua.
Franzi a testa, afinal, não esperava que aquela fosse a reação. Queria que gritasse comigo, se defendesse ou mesmo tentasse me matar. Só não queria que agisse daquela maneira irresistivelmente perfeita.
Voltei a ser o garotinho confuso e triste de antes em segundos.
- Por que me deixou?
- Meus pais... eles me fizeram te deixar. Disseram que eu havia feito a escolha errada e que era tolo e jovem demais. Tive que ir.
- Não disse que poderia se separar deles quando quisesse?
- O problema é que estavam certos. Era novo demais para entender o peso de condenar alguém a uma vida imortal.
- Já era tarde demais!
- Só percebi após anos. Voltei, mas, obviamente, você tinha desaparecido.
- Por 672 anos eu te procurei. Cada mínimo rastro que poderia ter deixado segui. Por que se escondeu tanto se me queria por perto?
- Estava com medo. Sabia que não me perdoaria. Estava certo, como posso ver. Quando demorou, assumi que teria esquecido da minha existência.
- Como poderia te esquecer?
- Não sei. Acho que nunca soubemos o que realmente significávamos um para o outro.
- Eu sabia. Mas você nunca me deixou te contar. Por que me mordeu logo depois de dizer que me amava?
- Estava com medo que não fosse recíproco ou que entrasse em desespero e desistisse. Não podia arriscar.
- Eu te amava, Patrick. Por mais confuso e assustado que estivesse na época, eu te amava.
- Sinto muito. Nunca deveria ter te transformado.
- Não é isso!
Sentei em sua cama, encarando-o. A forma como estava encostado ali me lembrava muito nosso primeiro beijo. Só que dessa vez nossos corações estavam cheios de mágoa.
- A única coisa que não deveria ter feito era me abandonar. As coisas teriam sido perfeitas se estivesse ao seu lado. Sabe com quantas pessoas me envolvi na esperança que fossem como você? Ou tudo que tive que aprender sozinho porque não estava ao meu lado? Todas as mortes que escapei enquanto tentava te encontrar?
- Agora é tarde demais. Mereço pagar pelo que fiz. Uma vida por outra vida, Peter.
Foi preciso confessar que senti falta de alguém me chamando daquele jeito. Somente ele conseguia dizer da maneira perfeita. Então, percebi que a raiva havia desaparecido. Minha vida toda fora em vão. Estava com o objetivo errado esse tempo todo. Não queria me vingar, só queria tê-lo de volta. Sem ele, passaria mais tempo ainda sozinho. Era minha chance de conquistar o que mais sonhei: Patrick.
- Não acha irônico como estamos nos reencontrando? Em um apartamento no alto, no meio de uma epidemia, isolados do mundo ao nosso redor. Apenas nós dois.
Sorri, adorava quando fazia essas comparações. O ódio que sentia não passava de saudades extrema, finalmente pude perceber.
- Sei que é muito difícil fazer isso, porém, espero que me perdoe, de verdade. Nunca quis te machucar. Fui uma pessoa horrível e mereço a vida de merda que tenho. Realmente acho que não mereço o seu perdão, as coisas que fiz foram horríveis demais. Mas se puder pensar nisso, acho que ajudaria muito a nós dois. Você também merece ser feliz sem ter esse peso sobre suas costas.
Pensei no que dizia. Era horrível admitir, mas estava certo. Tinha desperdiçado toda minha vida atrás dele. Seria estranho não ter mais um objetivo. Ele sempre fora meu objetivo principal. Agora estava sozinho e sem motivação.
- Agora que me achou, vai simplesmente ir embora sem me matar? Sem... fazer nada?
- Eu não tenho mais nada que queira aqui.
- Certo - abaixou a cabeça e encarou o chão.
Levantei-me e fui em direção à janela. Quis chorar. Todo sacrifício para ir embora daquele jeito. Era um tolo por deixar que saísse daquela situação tão facilmente. Se bem que, por ele, era um tolo em todos os sentidos. Achava que tinha me preparado, mas estava tão despreparado quanto na primeira vez que o vi.
- Pode ficar com essa... estaca. Não vou mais precisar dela.
Aguardei uma resposta, no entanto, só obtive silêncio. Quando estava prestes a sair, tive uma ideia. Era algo simples, porém, não sairia dali sem nada.
- Quer saber? Preciso fazer uma coisa antes de ir.
Arregalou os olhos em um misto de surpresa, medo e curiosidade. O meu sorriso só deve tê-lo confundido mais ainda, já que pareceu encostar mais na parede. Eu me aproximei de Patrick lentamente, como um caçador atrás de sua presa. Ele parecia tão pequeno e assustado, tão indefeso. Não parecia nada com aquele que conhecera no passado.
- Ah, você não faz ideia de quantas vezes imaginei esse momento - segurei, novamente, em seu pescoço, enquanto sussurrava em seu ouvido.
Fui descendo com a minha boca, tocando levemente na pele fria dele, até chegar ao local que estava ocupado por meus dedos. As marcas de mais cedo estavam desaparecendo, esse era um lado bom de ser um vampiro, não ter que ficar com marca nenhuma de ferimento. Exceto por um que jamais deixaria seu corpo.
Voltei a observar sua face. Parecia angelical, com os olhos fechados e os lábios entreabertos. Soltei-o para que pudesse usar minhas mãos para deixar a cabeça dele de lado. Ali estava o exato local em que ele havia me marcado séculos antes, então, mordi levemente. Não era como se fosse transformá-lo novamente. Só precisava que por um tempo tivesse um lembrete do que havia feito comigo. Quando forcei os dentes com um pouco mais de força, ele gritou. Mas não como esperava. Não era dor ou desespero. Era prazer.
Aquilo fez com que eu soltasse uma risada de surpresa. Definitivamente não era algo que aconteceria 600 anos atrás. Afastei-me dele, agora sorrindo mais do que antes. Podia ver com clareza o machucado em seu pescoço. Era exatamente o que queria e muito mais.
- Me desculpe - sussurrou.
- Estamos quites, não precisa se desculpar. Além disso, não foi tão ruim quanto esperava.
Abraçou o próprio corpo, dando um pequeno sorriso. Continuava parado como se temesse meu próximo movimento. Ousaria dizer como se desejasse meu toque novamente.
- Acho que isso é um adeus - falei.
- Sim... pelo menos posso fazer direito dessa vez. Adeus, Peter.
Observei-o a fim de obter uma última imagem de como era antes de desaparecer para sempre. Porém, quanto mais permanecia ali, menos conseguia pensar. Era como se meus instintos mais primitivos tivessem sido despertados. Literalmente estava me tornando selvagem, se continuasse ali por mais alguns segundos começaria a agir sem pensar. Iria atacá-lo como atacava um animal quando estava faminto. A diferença é que podia sentir no olhar dele que queria aquilo. O jeito que seus olhos pareciam perfurar minha mente me dizia tudo que precisava saber.
- Adeus... Patrick.
Dei um passo para trás, pronto para ir embora de vez, mas ele me impediu. Palavras não foram necessárias. Estendeu sua mão em minha direção como se implorasse para que ficasse. E eu não perderia aquela oportunidade.
- Sabe que eu mudei muito nesse tempo? Não temo mais punições divinas, aceitei ser um eterno pecador. Não há nada que tema nesse mundo.
- Então me prove.
Sorri. Teria o que me pedisse, sem hesitação dessa vez.
Avancei sobre ele, fitando-o intensamente. Não desviava de seus olhos azuis arregalados que quase desapareciam atrás da pupila dilatada.
- Não sabe o quanto sonhei com isso...
Segurei seus pulsos acima de sua cabeça e usei a outra mão para tirar seu cinto. Estava tentando ir devagar, mas era complicado. Quando você passa 600 anos longe de alguém, é extremamente difícil se controlar. Estávamos tão próximos que conseguia sentir seu peito se movendo contra meu antebraço.
Voltei minha atenção ao que mais esperei durante todo aquele tempo: os lábios avermelhados dele. Era completamente diferente senti-lo daquela maneira. Da última vez que beijei-o não passava de um garotinho amedrontado e confuso que se culpava pelo que sentia por seu melhor amigo e estava prestes a morrer. Agora estava morto há mais tempo do que poderia contar e não sentia mais medo ou culpa. Era movido somente pelo desejo.
Estávamos sem tempo e cegos demais pela luxúria para pensar, quando notei, a camiseta dele do Metallica estava rasgada no chão. Lentamente desci minha boca até seu pescoço, mordendo e sugando a pele fria. No começo foi difícil me acostumar ao fato de não ter mais calor corporal, mas estava acostumado. Não tinha muito como evitar isso quando se está morto.
Eu realmente gostaria de ter ido devagar, tinha tanta coisa que gostaria de fazer com ele, mas não tínhamos tempo. Estávamos fora de controle. Por isso, afastei-me dele enquanto tirava as roupas desesperadamente. Patrick pareceu ter entendido o recado e tirou as últimas peças que o mantinham vestido. Sinceramente, nunca havia ficado nu tão rápido quanto naquele instante. A cama estava atrás de mim, contudo, não podíamos desperdiçar aqueles preciosos segundos com tamanho esforço.
Pressionei-o contra o concreto frio e segurei firmemente em suas coxas, levantando-o na altura de minha cintura. Ele passou as pernas ao redor do meu corpo e se apoiou em meus ombros. Aquele era o momento pelo qual havíamos aguardado 672 anos. Nada dos últimos séculos pareceu importar quando finalmente uni nossos corpos em um só. Nenhum relacionamento, mágoa, doença, vida ou morte. Nada importava além de nós dois.
A voz dele falhava entre os gemidos, seus olhos estavam fechados e podia sentir suas unhas rasgando minha carne, tamanha força que colocava. A marca estava tão gritante, tão aparente... tão perfeita. Era uma lembrança da conexão que tínhamos, algo que jamais poderia ser quebrado. E, naquele momento, sentíamos como se fôssemos eternamente inquebráveis e unidos. Era um mundo inteiro que estava se desenrolando à nossa frente e podíamos aproveitar o quanto quissemos. Não que fôssemos durar muito, porque estávamos sobrecarregados demais por prazer para durar mais que alguns minutos.
Se tiver que ser honesto, diria que jamais pensei que seria daquela maneira. Quando não me imaginava matando-o, me imaginava encontrando-o de forma romântica. Por décadas, me recusei a me relacionar com qualquer pessoa. Era misto de esperança que ele aparecesse e medo de encarar esse mundo. Quando tudo aconteceu, sabia que já velho demais para agir daquela maneira, só não tinha me casado porque meu pai não tinha mais ninguém e precisava de uma companhia. Porém, sabia que aquele seria o último inverno que passaria sem uma esposa. Só o pensamento de me casar era assustador por si só, mas descobrir que tinha sentimentos por homem era infinitamente pior. Eu tinha visto o mundo inteiro mudar diante dos meus olhos. Tantos anos de segredos, relações escondidas, mortes. Ninguém sabe como me sinto ao ver pessoas como eu sem medo e lutando por quem são. Então, toda vez que pensava no Patrick e em tê-lo novamente, imaginava um encontro perfeito. Talvez eu nunca tivesse deixado de ser um garotinho tolo e apaixonado. Mas a realidade tinha sido bem diferente. Não havia nada de romântico ou delicado naquele momento. Era selvagem e agressivo. Podia sentir minhas pernas cansando e meus braços queimavam por sustentar o peso dele e pelos movimentos rápidos, porém, não ligava. Minha mente estava totalmente nublada pelo desejo cego, imprudente e cru.
Naquele segundo, não passávamos de corpos. Sem alma, sem sentimentos, sem histórias ou mágoas. Como animais, agíamos apenas pelo mais puro e intocado instinto.
- Peter... - gritou, apertando meus ombros com mais forças.
Decidi usar toda minha força naqueles últimos segundos, mesmo que a dor estivesse se espalhando cada vez mais. Estava difícil de respirar, mas precisava fazer com que aquele fosse o melhor momento de nossas vidas. Estava tão bom, uma parte minha não queria que acabasse. Mas sabia que meu corpo não aguentaria mais. Teria que me esforçar para que fosse perfeito para ambos. E foi o que fiz.
A cada movimento parecia que o tempo parava. A única coisa na qual conseguia pensar naquele momento era nele. No seu corpo perfeito, na sua voz quebradiça, na lágrima solitária que escorria por sua bochecha e nos seus lábios perfeitamente entreabertos.
Decidi repetir o que havia nos levado a fazer aquilo e mordi seu pescoço. Nunca achei que aquele ato me faria sentir tão excitado, principalmente porque foi algo que odiei pelos últimos séculos. Contudo, finalmente estava em paz com ele e comigo mesmo. Meu passado estava finalmente onde sempre deveria ter estado: no passado. Aquele momento era o recomeço e, bem, era um recomeço melhor que jamais havia imaginado.
Não fui mais capaz de me conter quando senti-o arquear as costas e pressionar as unhas na minha carne. Nem conseguia mais me escutar gritando, o prazer foi tão intenso que meus ouvidos apitavam.
Logo o cansaço atingiu meu corpo, de forma muito mais intensa do que tinha me acostumado ultimamente. Então, apoiei todo meu peso contra ele, enquanto tentávamos nos recuperar do que ocorrera.Tirou as pernas de cima da minhas coxas e ficamos encostados na parede. Tudo parecia tão irreal, ainda mais com o pensamento confuso pela sobrecarga de emoções.
- Senti sua falta, Peter - sussurrou.
- Me chame de Pete.
- O que?
Virei meu rosto para que não estivesse mais apoiado em seu peito e repeti.
- Eu gosto do nome Pete.
Patrick sorriu e foi impossível não sorrir junto. Aquela tinha sido, em toda minha vida, a vez em que mais me sentira vivo. Ele era quem havia tirado minha vida e agora quem me trazia de volta a ela novamente.
- Mal posso esperar para fazer isso de novo - riu.
Depositei um beijo leve em sua testa e falei:
- Finalmente posso dizer: eu te amo.

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