Príncipe na torre ●Petekey●

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Pete adorava sua vida. Ninguém ousava incomodá-lo em sua cabana, não importava o que estivesse acontecendo. Era tudo perfeito, mesmo que sua fama não fosse das melhores. Muitos o chamavam de 'ogro', como se fosse um insulto. Na verdade, até gostava desse apelido, porque evitava que desconhecidos se intrometessem em seus assuntos particulares.

Infelizmente, não passava de um ser humano comum com um péssimo passado... Tudo devido a ter sido pego com outro homem. A partir desse momento surgiram vários boatos sobre como era uma péssima pessoa que fazia coisas horríveis, como assassinato apenas por diversão.

Ficar isolado de todos fez com que as lendas aumentasse e tudo ao seu respeito se tornasse assustador. Só gostava da lama porque fazia bem a sua pele sensível (nada de fortalecer seus músculos para matar seus inimigos) e vivia das suas plantações de vegetais no quintal, nada de caçar e matar animais todos os dias. Absolutamente cada aspecto da sua reputação era mentira e o fato que a originou se perdeu.

Isso não importava, gostava da paz que aquilo proporcionava. Vivia excluído da sociedade, longe de todos. Bom, quase todos.

Apenas uma pessoa no mundo inteiro teve coragem de se aproximar, Joe, que era, assim como ele, alguém desprezado naquele reino. Havia o ajudado a fugir quando estava prestes a ser vendido para um circo de aberrações. Ele era irritante, falava demais e sempre queria ajudar. Seria um ótimo amigo se não tivesse sido feito para ser solitário.

Apesar de tudo, teve uma ideia que salvaria sua paz quando o lorde da região mandou viver ali todos que "poluíam" seu reino. Iria se encontrar com aquele tal "lorde" e exigir sua terra de volta. Para seu desprazer, o único que poderia ajudá-lo a encontrar o tal era ele.

Assim, juntos confrontaram Lorde Toro, que se provou muito mais arrogante e desprezível do que imaginavam. Ele se recusava a devolver o local, exceto se fizessem um favor. Precisavam resgatar uma princesa em uma torre guardada por... um dragão? Com certeza aquela história tinha passado por muitas alterações. Era impossível que existe aquele tipo de criatura, porém, enfrentaria qualquer um para ter sua vida de volta.

Foi assim que começou uma jornada digna de um livro de conto de fadas bem ruim.

Passaram por uma floresta quase interminável, até chegar em uma montanha imponente e assustadora. Ter que escalar aquilo foi extremamente difícil e desgastante, mas nem perto do terror que foi atravessar uma ponte quebradiça com Joe chorando ao seus pés.

- Não consigo! Não consigo! - choramingou.

- É só não olhar para baixo - Pete gritou.

- Já olhei. Nós vamos morrer!

- É só continuar andando.

- Meu sangue estará nas suas mãos.

Revirou os olhos, antes de começar a balançar as cordas sem parar enquanto se movia para a frente. Em meio ao desespero, o outro nem percebeu que haviam chegado ao outro lado.

- Pronto.

- Mas... como?!

Apenas deu de ombros e continuou o caminho, fingindo não ver o sorriso incrédulo que lançou. O local era escuro, cheio de armaduras e esqueletos de antigos combatentes que buscavam libertá-la. Pete observou os corpos por alguns instantes, até retirar um dos capacetes e vestir. A ideia de usar algo tirado de um cadáver não lhe agradava, mas não poderia correr o risco de reconhecê-lo quando saíssem e achassem seus cartazes de procurado.

Depois de algumas voltas no primeiro andar, percebeu que o outro estava chamando muita atenção e disse:

- Duas coisas. Um: fica quieto. Dois: vai atrás da escada.

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