Professor ●Peterick● Parte 2

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Conversar com Patrick era algo realmente viciante. A cada mensagem, sentia que seria incapaz de passar um dia sem conversar com ele. Tinha percebido que era muito mais do que um simples professor de escolinha. Sabia tocar diversos instrumentos, cantar e falar outras línguas. Adorava vê-lo contar sobre o que amava, pois conseguia sentir a animação através da tela. Quase conseguia vê-lo arrumando os óculos e movendo as mãos freneticamente, como fazia nas reuniões de pais.

Pensar nisso ainda deixava-o nervoso. Odiava pensar no quão errado era estar apaixonado pelo professor de sua filha. O pior era que as conversas alimentavam suas falsas esperanças de que algo aconteceria. Porém, não poderia se afastar. Sentia que explodiria se ficasse longe dele.

Aqueles pensamentos dominavam ainda mais sua mente quando estava sozinho, como naquele sábado ensolarado. MJ estava com seus melhores amigos, Joe e Andy, e as filhas deles no zoológico, então, decidiu usar o dia para arrumar a casa. Apesar de ter colocado música em seu celular, o silêncio sem a presença infantil era excruciante. Sentia falta de escutar os desenhos animados na televisão ou ela falando sozinha com os brinquedos, antes de chamá-lo para participar da brincadeira.

Agora, o único som do ambiente era do movimento das roupas que colocava na máquina de lavar e das músicas do Dookie, seu álbum favorito do Green Day.

Quando "Coming clean" começou a tocar, parou alguns segundos para refletir. Aquela música era sobre criar coragem para se assumir, para assumir quem era e o que queria. Não poderia simplesmente continuar fugindo com a vazia esperança de seus sentimentos acabarem de um dia para o outro.

Precisava tomar uma atitude, não poderia desperdiçar tempo.

Em uma cena que considerou patética na sua cabeça, jogou a última camiseta na máquina, apertou os botões e foi atrás de seu celular. Eram nesses momentos que agradecia por ter sua própria lavanderia em casa e não precisar sair toda hora.

Sem desligar o som, começou a digitar uma mensagem para Patrick. Como convidar alguém para um encontro? Estava com medo de soar desesperado e ser rejeitado. E havia, ainda, a possibilidade de que não quisesse nada além de sua amizade. Parecia muito mais provável do que gostaria de pensar. Mas sair com um amigo não é nada demais, certo?

Com isso em mente, digitou e apagou uma mensagem mais de cinco vezes, até encontrar a frase perfeita.

pw: vai fazer algo hj? estou entediado e n aguento mais ficar em casa, o q acha de sairmos?

Realmente esperava que aquilo não tivesse soado como segundas intenções e não assustasse-o. Enquanto esperava, decidiu ver se o quarto da menina estava desarrumado ou precisava de uma limpeza. Parecia clichê, mas limpar era realmente algo relaxante.

Quase fazia com que esquecesse da ansiedade percorrendo suas veias.

O problema era que tudo lembrava ele. Incluindo os desenhos pendurados na parede de cor pastel. Tinha um de uma atividade intitulada "Desenhe sua família", em que ela fez rabiscos dos dois de mãos dadas, e no canto havia um carimbo com o nome de Stump e uma carinha sorridente.

Como alguém era capaz de ser tão adorável não conseguia compreender.

Ele se perguntou se um dia poderia tê-lo no desenho ao seu lado. Se poderiam ser uma família de verdade.

Sabia que estava sonhando alto demais, não tinha quase dado o primeiro passo que era um encontro e estava pensando em casamento, ainda havia altas chances de ser rejeitado e...

Seus pensamentos foram interrompidos quando o toque de mensagem se sobrepôs a música por alguns segundos. Abriu a conversa rápido demais, porém, estava muito ansioso para se fazer de difícil.

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