DON'T CALL ME PAT ● Peterick ●

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{Príncipes como no vídeo de I've been waiting}
Todas as pessoas tinham uma alma gêmea. Alguns chamavam isso de bênção. Outros de maldição. O fato era que todos deveriam encontrar o seu amor. Do contrário, se tornariam cada dia mais fracos, até simplesmente morrerem.
As coisas só se tornavam piores quando quem estava no jogo era alguém poderoso. O povo não confiava em um rei que nem sequer encontrara o amor verdadeiro. E esse era o maior medo de Patrick. Para os que acompanham essa história, devem se dirigir a ele como Vossa Majestade. Usar "Meu Rei" também seria aceitável. Mas nunca, nunca mesmo pense em se referir a ele como "Pat". Muitos homens cometeram esse erro e pagaram com suas vidas. Bem, na verdade a reputação da família Stumph era muito conhecida. Os governantes mais assassinos e cruéis da história dos oito reinos. Seu pai fora o pior. Poderia tentar fazer uma lista dos crimes que cometera, mas temo que isso levaria alguns dias. O rapaz não era muito diferente do progenitor. Muitos alegavam que se olhasse diretamente em seus olhos por tempo demais seriam condenados a morte. Ninguém era superior a ele. Ninguém poderia ser. Ninguém seria. Ou era o que pensava. Antes de se perder no caminho para encontrar sua alma gêmea.
O antigo governante havia falecido recentemente, então estava no reinado por um breve período apenas. Porém, os boatos a respeito de sua saúde estar piorando por não encontrar seu amor estavam se espalhando rapidamente.
Nenhum rei havia chego na idade de trinta e dois anos sozinho. Ele já tinha conhecido todas as damas dos oito reinos vizinhos. Todos os lordes das províncias. Não havia uma pessoa de poder que não tivesse se apresentado como pretendente.
Todos matariam por aquelas riquezas. Porém, poucos eram aqueles que estavam dispostos a ficar ao lado do homem que mais temiam.
O maior problema era que tudo sobre ele não passavam de mentiras. Bem, nem tudo. Ele era de fato um homem poderoso e arrogante. Também não admitia que o chamassem por apelidos. Porém, não chegava aos pés de ser como seu pai. Alguns o chamavam de um verdadeiro covarde perto do progenitor. As vezes desejava ser como ele, forte e corajoso, capaz de matar um exército friamente. Não conseguia ser assim. A primeira vez que tirou a vida de um homem causou-lhe três semanas de noites não dormidas. A partir daí decidiu que nunca mais sujaria suas mãos de sangue.
Naquele dia, conheceria mais uma dama. Estava cansado daquilo. Se não fosse pela eminente perda de poder, já teria desistido.
O tempo se arrastava enquanto esperava. Sentado em seu trono de ouro, observava os outros dando a vida para atender seus desejos. Adorava aquela sensação.
- Vossa Majestade, a dama chegou. Há um jovem com ela. Enviado pelo rei para protegê-la.
- Deixem-nos entrar - comandou.
Ao ver o pequeno grupo atravessando a grande porta, não pôde conter um sorriso de escárnio. Conhecia aquele homem. Famoso por todos os reinos. O filho bastado do rei. O filho preferido do rei.
Diferente da reação natural, o outro rapaz não parecia minimamente impressionado ou amedrontado na presença de Patrick.
- Vejo que foi enviado para proteger... sua irmã.
- Meu pai sabe o que faz. Escolheu o melhor para trazê-la em segurança. Quer dizer, para garantir que fique segura na presença de um Stumph.
O ruivo deixou o sorriso debochado morrer, ficando furioso. Aquele insignificante não tinha direito de desrespeitá-lo daquela forma. Gostaria que pudesse fazê-lo pagar pelo que fez. Porém, não podia correr o risco de irritar um de seus maiores aliados.
- Onde estão vossos modos? - estendeu a mão - Cumprimente o anfitrião.
Observou com divertimento enquanto o moreno caminhava lentamente em direção ao local onde estava. Então quando ele segurou sua mão e direcionou os lábios a sua pele, uma dor lancinante atingiu o peito dele, fazendo com que caísse de joelhos. Tal foi o espanto dos presentes ao perceber que ambos estavam iguais, os olhos fechados com a expressão de dor e a mão sobre o peito, que a menina desmaiou.
Ao se recuperar totalmente, o rei finalmente percebeu o que tinha acontecido. Em desespero, passou o dedo sobre uma cicatriz no formato de um coração bem no centro de seu peito. O símbolo que acometia todos que encontravam sua alma gêmea.
- Não! - gritou - Isso é impossível! Não!
Muitos nobres já tiveram seu amor escondido entre os camponeses. Isso nunca foi um problema. Afinal, sua verdadeira paixão era mais importante que qualquer título. Porém, nenhum jamais tivera um que fosse um bastardo. O fruto do maior crime que um homem poderia cometer. Um erro que deveria ter sido extinguido.
Se seu predestinado morrer, não terá problemas com sua saúde. Será como se uma parte do encantamento fosse anulado. Isso, contudo, não significa que as consequências são nulas. O indivíduo estará condenado a infelicidade e será incapaz de amar.
Talvez aquilo fosse mesmo uma maldição. Alguns diziam que foi jogada por uma mulher que tinha o sonho que todos fossem felizes no amor. Outros que foi por um bruxo que havia sido traído por seu amado e queria que ninguém passasse pelo menos, fazendo com que nunca se enganassem em quem amavam. A maioria acreditava que veio de um lugar desconhecido, jogada sobre o mundo para puni-los.
- Não! Eu me recuso! Não! - continuou a berrar.
Os homens o encaravam perplexos. De fato, era como se seu corpo estivesse bom novamente. Sem as tosses ao fim de cada frase e sem a respiração falha.
O outro apenas permanecia no mesmo lugar, de joelhos aos pés do rei. Seu rosto, no entanto, demonstrava o mesmo desprezo. Os cabelos longos haviam caído sobre a face, então só o fitava através de uma mecha. O seu olhar demonstrava o quanto o sentimento de repulsa era mútuo.
- Tirem-no daqui! Tirem esse bastardo da minha frente! - ordenou.
- Meu nome é Peter. Aprenda a me chamar assim, vamos ter que passar um longo tempo juntos - disse em um tom baixo, porém debochado, antes que fosse arrastado para fora do salão.

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