Mãos dadas ●Peterick●

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Pete tinha a sorte de namorar o cara mais perfeito do mundo. Patrick possuía traços que pareciam ter sido esculpidos pelos mais habilidosos artistas, seu corpo parecia ter sido moldado pelos deuses, sua voz era uma dádiva dos anjos e sua coração feito de puro ouro.
Contudo, seu maior problema era ser frágil. As vezes parecia uma folha de vidro, qualquer atrito podia quebrá-lo em vários pedaços. Quando as pessoas o encaravam na rua, se aproximava do namorado em busca de segurança. Se alguém o respondesse de mal-humor, seus olhos verdes se tornavam cristalinos pelas lágrimas que se formavam. Se gritasse com ele, seu lábio começava a tremer levemente e tentava a todo custo buscar algo para se refugiar. Quando criticavam sua aparência, chorava por horas em sua cama.
Por essas razões, Pete cuidava dele com todo o amor e carinho do mundo. Todos os dias dizia como era lindo e que amava sua voz. Acordava-o com beijos e o fazia dormir com leves carinhos. Amava-o com todas as suas forças. Nunca um dia sequer imaginava não dar a ele a quantidade de amor e carinho que necessitava.

♡ ♡ ♡

Aquele dia estava quente e claro, era um ótimo domingo para passear no parque, então foi o que fizeram. O sol iluminava o rosto do mais baixo, transformando sua face em algo praticamente angelical.
As pessoas os encaravam quando passavam, era inevitável. Eram bem diferentes, constratavam entre si. Formavam um belo casal, não era possível negar.
Estava tudo perfeito. Até o momento em que passaram por um grupo de adolescentes sentados em um banco. Eles apontaram, riram e disseram coisas horríveis. Pararam assim que o moreno lhes lançou um olhar assassino, porém, era tarde demais, Patrick tinha ouvido o que disseram. Abraçou o próprio corpo e começou a andar mais rápido. Lá estavam as lágrimas, escorrendo por seu rosto de porcelana. Tentava correr atrás dele, contudo, não obtinha sucesso.
- Tricky - gritou, seguindo-o pelo meio das árvores.
Sabia que naquela parte a vegetação ficava mais densa, não queria que se perdesse ali.
Finalmente ele parou, no meio de uma clareira cercada por flores. Era quase como uma obra de arte. Um rapaz de cabelos ruivos parado, usando um macacão negro em constraste com a camiseta de tom pastel cercado pelas mais bela flores, enquanto seu belo rosto estava marcado por uma expressão melancólica e suas bochechas pareciam estar cheias com milhares de cristais, formados por suas lágrimas.
A presença do outro não se encaixa em toda aquela beleza. Mas não iria deixá-lo sozinho.
- Patrick... - sussurrou.
- O que eles falaram é verdade...
- Não é.
- Pete, para de mentir para mim.
Aproximou-dele e colocou as mãos em seu rosto.
- Patrick, você é maravilhoso. Eles estão mentindo.
- Não, é verdade - tentou desviar o olhar, mas foi impedido.
- Prefere acreditar em uns garotos idiotas ou no seu namorado que nunca mentiu e que te ama mais do que tudo no mundo inteirinho?
Ficou em silêncio, apenas o som de seus soluços era ouvido.
Pete se abaixou e pegou uma pequena flor amarela, colocando atrás de sua orelha.
- Olhe como você é lindo... - sorriu.
O outro ainda estava inseguro do que pensar.
- Venha se sentar do meu lado - puxou para o chão.
A grama incomodava um pouco suas pernas, mesmo com os jeans, porém, não era importante, precisava deixá-lo bem.
- Posso te falar sobre diamantes?
Assentiu lentamente, recolhendo várias pequenas flores.
- Eles são bonitos, muito bonitos. E brilhantes. Chamam atenção de todos por onde passam. Eles são extremamente preciosos.
- Por que está me falando isso?
- Você é como um diamante. Lindo, brilhante e precioso. Mas sabe o que mais se parece? Todos pensam que diamantes são frágeis, que podem quebrá-los com qualquer pequeno movimento. Porém, eles são resistentes, mais do que alguns metais, inclusive. Você acha que é fraco por se sentir mal e chorar, só que isso mostra que é muito mais forte que eu, que pode demonstrar o que sente. Eles não podem te quebrar, você é forte e precioso.
Assim que terminou, o menor se jogou em seus braços, abraçando-o com força.
- Eu te amo, Pete.
Sorriu, passando os braços ao redor de seu corpo.
- Eu te amo muito mais, Patrick.
O ruivo se afastou e colocou a flor atrás da orelha do outro.
- Você ficou lindo assim.
- Obrigado.
Ficaram sentados ali por alguns minutos, apenas apreciando a vista e a companhia que tinham.
Aquela cena parecia uma obra de arte, encantaria a todos. A harmonia perfeitas era criada por eles. As cores, suas personalidades e desejos formariam uma antítese perfeita se descritos em um poema. Um ambiente banhado de amor e compreensão, com pequenos detalhes de tristeza. Ah, sim, era belo demais.
- Trick, precisamos ir.
- Petey, não quero ir.
- Não podemos ficar aqui o dia todo.
- Mas... não quero passar por lá de novo.
- Lembra do que falei? Você é forte. Eles não vão dizer aquelas coisas. Todo mundo só vai reparar em como as flores ficam bem em você e no seu sorriso lindo. Tudo bem? Para isso preciso que sorria.
Patrick não conseguia segurar. Deu um sorriso, abraçando-o com mais força.
- Pode segurar minha mão se ficar nervoso, ok? Estou aqui para o que precisar.
Levantaram-se e saíram do local. Fizeram o caminho de volta, ao chegar perto do grupo, o ruivo apertou sua mão com força, mas não deixou que seu sorriso morresse. Quando notou que o outro não percebia, Pete mostrou o dedo do meio para eles usando seu braço livre.
- Eu consegui!
- Eles ficaram chocados com tanta beleza - apertou-o contra si.
Ambos se sentiam como se estivessem flutuando. Podiam enfrentar o mundo todo um ao lado do outro. Nada poderia atingi-los, nem mesmo as pessoas más.
Sentaram em um banco, observando o dia que parecia ainda mais lindo. A idosa que estava ali sentada sorriu e disse em um tom doce:
- Que bonitas flores. Ficam bem em vocês.
Foi como se o rosto deles se iluminasse com aquelas simples palavras.
- A senhora quer uma?
- Oh, não precisa.
- Eu insisto - o mais baixo pegou uma das flores que segurava e estendeu na direção dela - Posso?
Ela assentiu e ele posicionou no mesmo lugar que carregavam as deles.
- Ficou ótima! Não acha, Petey?
- A senhora ficou muito bem com isso, de verdade.
Ela sorriu mais e os agradeceu.
- Vocês me lembram de quando eu e meu marido éramos jovens. Ele adorava colocar essas florzinhas amarelas no meu cabelo.
A expressão dela se tornou triste enquanto fitava o chão.
- Uma pena que não o tenho perto de mim.
- Não precisa ficar mal - Patrick segurou sua mão - Ele está em um lugar bom e te ama muito.
Uma lágrima silenciosa escorreu por sua bochecha. Pela primeira vez em algum tempo, alguém havia conseguido fazer com que se sentisse bem a respeito da morte de seu companheiro. Aquele garoto estava certo.
Então, se virou para Pete e disse:
- Cuide bem dele. Ele é precioso demais.
- Vou sim - depositou um beijo na bochecha pálida do outro.
- Trick, vamos?
- Tchau - falou para a senhora.
- Adeus, meninos!
Patrick segurou na mão do namorado, querendo ao máximo mostrar o quanto amava-o.
As pessoas os encaravam. A maioria dava pequenos sorrisos. Algumas faziam comentários. Outras pareciam incomodadas. No entanto, nada daquilo importava. Quando estava juntos, o mundo não tinha importância. Eram invencíveis. Suas mãos unidas eram um símbolo do laço de amor infinito que compartilhavam e que jamais poderiam tirar deles.

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