Sk8er boi ●Peterick●

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★Inspirada na letra de Sk8er Boi da Avril Lavigne★

Essa história começou há muito tempo. E não é nada complicado demais. Eu era um garoto, ele era um garoto, como posso tornar isso mais óbvio?
Era meu último ano do Ensino Médio, além da pressão adolescente normal, ainda tinha que passar por aquilo. Odiava ter que passar pela pista todo dia, principalmente porque não conseguia ignorar as pessoas ali. Um em especial. E, falando no Diabo, ali estava ele. Sorrindo para mim do alto da rampa com o Sol batendo contra sua imagem. Eu jamais admitiria, mas era uma bela visão.
Tentei andar mais rápido, porém, ele deslizou em minha direção. Um skate era certamente mais veloz que eu, então, nem tentei correr.
- Dançou muito, Stumph?
- Não enche, Pete.
Se me perguntassem, negaria até o fim que gostava da atenção do garoto punk. Nós éramos totais opostos. Ele andava por aí com roupas largas ou rasgadas, camisetas com estampas agressivas de bandas, tatuagens e a franja negra tinha uma mecha vermelha. Eu usava sempre as melhores e mais atuais roupas e sempre deixava meu cabelo ruivo o mais arrumado possível. Isso sem contar que o hobby dele era subir e descer rampas com um pedaço de madeira sobre rodas. Gostava das coisas mais delicadas, o meu era dançar em um palco usando os mais belos figurinos.
- Só estou perguntando. Eu amaria te ver dançando naquelas saias, qual o nome mesmo?
Revirei os olhos. O pior era que ele provavelmente não estava mentindo. Deveria mesmo querer me ver dançando. Ele era tão irritante e gentil.
- Você não pode levar seu skate para apresentações. Sinto muito, não poderá ir.
- Eu pego um táxi. Ou você me dá uma carona.
- No meu carro? Vai sonhando.
- Por que eu sou chique demais para ele?
- Você sequer tem um terno?
- Posso pegar o do meu pai.
- Um terno não vai combinar com esse seu cabelo e as unhas pintadas.
- Infelizmente n posso arrancar minhas unhas e raspar meu cabelo não tornaria as coisas mais agradáveis.
- Infelizmente nunca poderá me ver apresentando, então.
- Mas nada nos impede de sair para jantar - sorriu, passando as mãos sujas pelo cabelo. Odiava-o por ser tão atraente.
Tão diferentes e, mesmo assim, eu o desejava profundamente. Todos sabiam que ele era totalmente caidinho por mim. Porém, ninguém poderia saber que era recíproco. Meus amigos iriam me expulsar se soubessem o que sinto por alguém que usa aquelas roupas largas e idiotas.
- Te vejo mais tarde, garoto.
Ele não era bom o suficiente para mim. Nunca seria. Ele era apenas um skatista desarrumado e eu era a grande aposta do ballet da cidade. Não poderia me deixar levar por alguém como ele. Merecia bem mais do que aquele garoto jamais poderia oferecer.

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Eu gostaria de poder terminar essa história cinco anos trás. Quando dispensei Pete por não ser nada. No entanto, as coisas jamais seriam tão fáceis para mim. Ele estava em absolutamente todos os lugares. Outdoors, revistas, comerciais, vídeos, jornais, fotos nas redes sociais. Ele era um grande baixista que tinha uma das bandas de maior sucesso do país.
Descobri que faria um show em minha cidade da pior maneira possível. Estava sentado em casa, sozinho com meu gato, passando de canais até parar acidentalmente na MTV. Nem lembrava que aquele canal existia, mas tive que largar o controle e impedir que o pequeno animal destruísse metade do meu apartamento. Quando voltei, o anúncio estava brilhando, quase gritando para mim. No mesmo instante, liguei para meus amigos, óbvio que já tinham comprado ingresso.
Fiquei indeciso, deveria mesmo ir ver o cara por quem havia sido apaixonado e nunca confessado? Bem, tudo aquilo era passado. Não havia problema nenhum em ir.
Pelo menos foi o que pensei. Quando cheguei lá, o sentimento foi bem diferente. Aquele cara era a definição de beleza e sucesso. E eu havia rejeitado-o. Eu era um idiota. Achava que tudo era sobre aparência e beleza. Aquele rostinho bonito jamais perceberia o homem que ele poderia se tornar. Mas eu não era aquele garoto. Conseguiu ver que ele valia.
- Ei, aquele é o namorado do Pete! - meu amigo literalmente gritou em meu ouvido, apontando para um cara de óculos ao lado do palco.
Eles tinham se tornado mais do que bons amigos. O skatista era dele agora. Havia desperdiçado todas minhas chances, perdido em meus valores superficiais e mesquinhos. Meus amigos julgavam-no tanto e agora estavam ali gritando seu nome como todas aquelas pessoas. Eles diziam que era impossível alguém gostar de um menino ridículo que usava roupas largas e tinha cabelo colorido. Nunca disse nada por causa deles. Agora me arrependia amargamente.
E ele também parecia não ter se esquecido de mim. Meu coração errou as batidas quando anunciou sobre o que seria a próxima música.
- Essa música foi escrito por mim, com a ajuda do meu ilustre namorado, sobre uma antiga história de amor. É sobre um garoto que conheci há muito tempo, que nunca viu meu valor e, bem, disse "Te vejo mais tarde, garoto" e nunca mais apareceu. Ele já deve ter me esquecido, deve estar em algum lugar de rico por aí. Mas já que posso, vou ganhar dinheiro com isso!
Ele não poderia estar mais errado. Eu lembrava muito bem e estava bem longe de ser o que pensou. Contudo, estava certo em me usar para ganhar dinheiro. Tinha sido um babaca e perdido minha grande chance. Agora o namorado dele estaria no estúdio com ele, nos bastidores ao seu lado. E eu era apenas mais um na multidão.
É assim que a história termina.

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