Professor ●Peterick● Final

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O lado ruim de ter Patrick em sua casa o tempo todo era que não podia esquecer da sua presença. Sempre estava lá, sendo o mais perfeito o possível, fazendo tarefas que nem sequer pedira, ajudando MJ com as atividades escolares, ou fazendo panquecas estupidamente boas.

Na primeira semana, tentou não pensar muito nisso, o que se tornou difícil, mas não impossível. O problema foi na segunda semana, quando percebeu que não poderia ignorá-lo para sempre.

Era como um sonho disfarçado de um doloroso pesadelo. Tinha tudo que queria, porém, não da forma certa. A pior parte que sabia que era sua culpa. Se tivesse dito que estava pronto... poderiam estar juntos.

Só que decidiu, ao acordarem naquela manhã fatídica, ser honesto e dizer que não tinha certeza se ainda correspondia seus sentimentos. Claro que o outro insistira em ir embora para não causar problemas. Felizmente, depois de um longo debate, conseguiu convencê-lo de que era melhor ficar ali por enquanto. Pelo menos, até que pudesse voltar ao Texas e arrumar suas coisas.

Nem ele sabia o porquê de querer tanto a sua presença. Considerou que fosse a melhor maneira de entender seus sentimentos. O lado bom é que estava certo.

O lado ruim é que percebeu que o amava.

Tinha certeza disso a cada dia que passava. Havia momentos em que queria poder se jogar em seus braços e beijá-lo até esquecer seu próprio nome. Em outros, só desejava encarar seus olhos, confessar seu amor e abraçá-lo com força. O que fez, no entanto, foi engolir o que sentia e seguir a vida como se nada estivesse acontecendo.

Estava se acostumando com sua presença, já nem passava tantas noites chorando pensando nele, quando um choque de realidade abalou sua estrutura. Ele não ficaria ali para sempre. E, no momento em que passasse por aquela porta, o teria perdido para o resto da eternidade.

Quando acordou naquele dia, não imaginava que, em menos de meia hora, estaria sentado no balcão da cozinha percebendo que perderia o homem que amava.

- Acho que vou voltar para o Texas na próxima semana. Arrumar minhas coisas para me mudar para um novo apartamento aqui.

- Espera, já encontrou um lugar aqui?

- Sim. Vou morar um tempo com o Ray, um amigo meu.

- Tem certeza? Sabe que pode ficar o quanto precisar, certo?

- Pete, não posso mais te incomodar. Não deveria ter vindo aqui, compliquei sua vida, causei problemas na sua relação com a MJ...

- Problemas? Ela te adora!

- Mas ela faz perguntas. É natural. Nossa relação é complicada, como podemos explicar tudo que aconteceu?

- Não precisamos.

- Você mesmo disse que era melhor permanecermos apenas amigos. Será melhor para a nossa amizade se não estiver aqui como um lembrete irritante de tudo que aconteceu.

Conseguia sentir a mágoa na sua voz. Mas não poderia culpá-lo. Estava certo. Era hora de seguir caminhos separados. Superar.

- Tudo bem, só... tem certeza que é seguro voltar para lá?

- Provavelmente esqueceram de mim. Deve ter outro professor mais interessantes para eles ameaçarem.

- E se eu for com você?

- O quê?

Não fazia ideia de onde surgira aquela ideia. Talvez fosse sua tentativa de se manter perto dele, mesmo que por pouco tempo.

- Se formos juntos para o Texas.

- Mas e seu trabalho? Sua filha?

- Podemos ir no fim de semana. Acho que dois dias seria suficiente para arrumar tudo, não acha? Ela fica na casa do Andy e do Joe, seria como uma festa do pijama para as crianças.

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