CAPÍTULO 34. NOVOS ALIADOS

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— Aconteceu alguma coisa? Ela tá bem?

Gabriela continha o tom de preocupação.

— Fisicamente, sim. Emocionalmente, acho que em tanto. – Bianca girava as chaves nos dedos com um ar pensativo.

— Você veio até aqui pra me dizer isso?

— Não, vim pra te carregar comigo até ela. – Disse, em tom de ordem, mas Gabriela se manteve imóvel.

— Você bateu a cabeça ou algo assim?

A pergunta fez Bianca revirar os olhos.

— Olha, eu sei que sou a penúltima pessoa que você esperava na sua porta pra falar isso... Mas eu nunca vi a Camila sofrer antes, e ela não vai melhorar, especialmente se vocês terminarem. Se você ficar de braços cruzados, não espere que ela volte pra cá hoje, conheço minha mãe, ela vai convencê-la a ficar lá com eles.

Era uma constatação óbvia, e Gabriela sabia. Camila estava magoada e poderia facilmente ser influenciada pela mãe, que sempre fingia boas intenções. Roçou as mãos pelo rosto e respirou fundo, rendendo-se.

— Tá bem, o que você quer que eu faça?

— Quero que deixe de ser tão medrosa e tão passiva, pelo amor de Deus! Você nunca precisou de manual pra deixá-la feliz e afrontar todos que fossem contra o namoro de vocês. Parece até que foi você quem perdeu a memória! A nossa preocupação sempre foi pensar que, mais dia, menos dia, ela terminaria machucada. E adivinha só? Agora ela está. Ficar aqui acoada e deixar ela ir só prova que quem era contra estava certo no fim das contas.

Bianca chacoalhou toda a estrutura de Gabriela sem precisar tocá-la.

—  Tá certo. Você tem razão.

— Você ama a minha irmã de verdade? Acha que pode fazê-la permanentemente feliz?

— Acho que nasci pra isso.

— Então, mexa-se. – Ordenou. – Você tem meia hora, eu te espero lá embaixo.

— Tá bem. Qual é o plano?

— Plano? – Bianca não conteve a risada. – Você acha que eu planejei alguma coisa nessas últimas duas horas?

***

— Então... Sério? Nenhum plano?

Gabriela encarava o portão da casa dos pais de Camila com preocupação. Bianca tinha as mãos na cintura e torcia o nariz tentando pensar no que faria dali para frente.

— Não.

— Um plano seria ótimo. – Gabriela tremia.

— Está com medo?

— Não... – Respondeu sem firmeza.

— Tá ouvindo todo esse barulho? – Apontou para a casa. – Tem umas 70 pessoas lá dentro, eles nunca fazem festa pra pouca gente. A gente só precisa te colocar lá sem que uma pessoa te veja: minha mãe.

— Eu sei que esse era o momento em que eu deveria te dizer que você é bem mais legal do que eu pensava, mas eu tô ocupada demais tentando não surtar.

A frase arrancou uma gargalhada de Bianca.

— Olha, você engravidou minha irmã, agora aguenta a bronca. Vamos, eu vou entrar com o carro e você entra atrás.

— Não prefere que eu deixe o meu aqui fora e entre com você no seu? Seria mais discreto.

— É, bem pensado... – Bianca analisou Gabriela por cima dos óculos escuros.
– Ok. Hora do show.

Você, de verdade (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora