CAPÍTULO 35. VELHOS INIMIGOS

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Gabriela desceu as escadas antes de Camila. Dessa vez, o medo já não lhe travava as pernas, afinal, já havia sido descoberta e ainda estava com todos os ossos intactos.

- O que aconteceu? - Bianca aguardava disfarçadamente no pé da escada. - Eu saí por um minuto e quando voltei minha mãe estava cuspindo fogo.

- Sua mãe entrou no quarto e viu a gente.

- Ai. meu. Deus. - Disse, pausadamente. - Ela... Ela viu alguma coisa que...?

- Não, a gente não tava fazendo nada.

Bianca respirou aliviada.

- Ela não te mandou embora? Como ainda está viva?

- Elas se enfrentaram e... Acho que a Camila ganhou. Ela parece ter cedido, finalmente.

- Não, isso é muito estranho. Ela nunca perde, só recua. Fique em lugares onde hajam testemunhas. - Brincou, com certa seriedade.

Camila desceu em seguida. Discretamente, buscava Gabriela com os olhos, mas antes que a encontrasse, cruzou com sua mãe.

- Vamos. - Tomou-a pela mão e seguiu andando.

- Pra onde?

- Você vai cumprir sua parte do acordo.

Cristina a levou até o jardim da casa, onde uma senhora e um rapaz a aguardavam. Camila sabia que era o par que haviam lhe arranjado. Apenas respirou fundo e continuou andando, ensaiando todos os sorrisos falsos que daria durante a noite.

- Isabel, querida. - Cristina acenou, de longe. - Essa é minha filha mais nova, Camila.

- Nossa, como é linda! Este é Danilo, meu único filho.

As duas pareciam estar em uma negociação que envolvia os próprios filhos.

- Olá. - O rapaz estendeu a mão e cumprimentou Camila. Tinha olhos verdes e cabelos castanhos. Era alto e vestia um smoking azul apertado, que mostrava os braços definidos. De fato, era um homem muito bonito, isso Camila constatou de imediato. Mas havia nele, assim como em todos os outros homens, um defeito: Ele não era Gabriela.

- Oi. - Camila lançou o primeiro sorriso forçado da noite, apertando sua mão.

- Veja como eles combinam! - Cristina deu alguns passos para trás, apreciando a imagem dos dois juntos, como um par de itens à venda.

- Vamos deixá-los conversarem em paz, somos velhas demais pra estar no meio de uma conversa de dois jovens tão bonitos.

- Ah, fale por você! - Cristina riu, cobrindo a boca e entrelaçando os braços com a amiga.

Camila observou a mãe sair, satisfeita. Já estava completamente arrependida de ter aceito estar naquela situação, mas não havia outro jeito de desistir sem que houvessem constrangimentos.

- Então... Camila? - O rapaz puxou assunto. - O que você faz?

- Sou professora. - O tom parecia querer encerrar o assunto ali mesmo, mas ela continuou. - E você?

- Corretor... De imóveis. - Explicou o óbvio, nitidamente desconcertado. - Você é muito bonita.

- Obrigada.

- Quer beber alguma coisa?

- Não posso.

- Por quê? - Ele arqueou a sobrancelha.

Camila percebeu que o rapaz não havia reparado em sua barriga já saliente, ou simplesmente reparava mais no seu rosto e seios do que em todo o resto.

Você, de verdade (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora