CAPÍTULO 25. SEXTA À NOITE (+18)

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Gabriela entrou em casa em silêncio. Já sentia as dores da briga pelo corpo todo. Ainda tinha os braços e um dos supercílios sujos de sangue, e o olho esquerdo já começava a inchar. Dava passos lentos e mancava, evitando apoiar a perna esquerda no chão. A casa permanecia em silêncio, mas as luzes acesas indicavam que Camila ainda estaria acordada. Conforme a adrenalina baixava, sentia a dor aumentar, e todas as frases de Pedro se repetiam na sua cabeça. Percebeu que Camila estava no banho e quis evitar o confronto, pelo menos daquele jeito. Tomou um remédio forte para dor e deitou no sofá, de costas para a sala. Queria dormir e esquecer aquela noite.

Alguns minutos depois, Camila saiu do quarto e deparou-se com Gabriela deitada na sala. Não pôde evitar uma certa frustração em vê-la deitada, depois de ter aceito o convite de comemorar o aniversário de namoro. Ainda seminua, já com os cabelos secos, caminhou até o sofá.

— Oi... Achei que chegaria mais tarde...

Camila aproximou-se para dar um beijo em seu ombro, quando percebeu que Gabriela estava inteiramente machucada.

— Gabriela? O que aconteceu? – Perguntou, assustada.

— Nada.

— Como nada? Olha pra você! Você tá toda machucada!

— Não foi nada.

— Não mente pra mim, por favor. Vira aqui pra mim, olha pra mim.

Gabriela virou-se, em silêncio.

— Meu Deus, Gabriela! Isso foi um soco?

—Foi. Do seu namorado.

— Quê? Que namorado?

— O cara que você beijou no hospital e no jantar dos seus pais.

Camila levantou-se, assustada.

"Merda."

— O que ele te disse? – Camila perguntou, ainda sem se mover.

— O que você acabou de ouvir.

— Gabriela, eu posso explicar...

— Essa frase é péssima pra iniciar uma explicação. – Riu.

— Tá bem. – Respirou fundo. – Aconteceu. Eu tava confusa, tava perdida, não sabia o que fazer, nem pensar, nem como agir com o nosso relacionamento...

— E aí você foi e beijou ele. Duas vezes, em duas ocasiões diferentes.

— Não, ele me beijou! Ele queria que a gente voltasse. – Camila sentou-se novamente ao lado de Gabriela. – Acredita em mim, aquilo não significou nada, pelo contrário, me fez perceber que ele não era a pessoa que eu queria.

— E quem é a pessoa que você quer? Você não quer a ele, e nem a mim. – Gabriela tentou levantar.

— Calma, não se mexe. Fica parada, eu vou buscar um pano úmido pra limpar todo esse sangue, ou vai ser pior depois.

Camila seguiu até o banheiro e retornou com um pano molhado e alguns curativos. Tomou os braços de Gabriela e limpava com cuidado. Olhava cada arranhão, cada corte, a expressão de decepção de Gabriela, que evitava o contato visual, e sentiu seus olhos lacrimejarem de culpa.

— Eu não acredito que ele fez isso com você. – Camila sussurrou. – Eu não acredito que eu fiz isso com você.

— Por que você não me contou?

— Como se conta isso pra alguém? Na primeira vez que aconteceu, eu mal sabia seu nome, estava assustada. Ele me deu um beijo e um comprimido pra abortar. Na segunda vez, ele me beijou e eu transei com você.

Você, de verdade (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora