— Gabriela, espera... – Camila estendeu a mão em sua direção, já sabendo que não conseguiria contê-la.
— Que porra é essa, garoto? O que você tá fazendo aqui e com essa droga de flores!? – Júlia tomou as dores, arrancando o buquê e jogando-o no chão.
— Que droga, Pedro! Você sabia que ela tava aqui! – Camila socou o colchão com os punhos cerrados.
— Calma, só quis te trazer um agrado, não precisa ficar nervosa. – Pedro quase sorria, satisfeito pela confusão que havia causado.
— Pedro, deixa a gente a sós, por favor. – Camila esfregava as mãos na testa.
— Tudo bem, te espero. – Beijou sua mão.
— Pedro – Desvencilhou-se – Só... Vai.
Júlia apoiava-se com uma das mãos no leito e a outra na cintura, e tinha uma postura indignada. Aguardou em silêncio até que que a porta fechasse e estivessem a sós.
— Quem é Paola? – Camila torceu o nariz.
— Por quê?
— Não sei, talvez porque essa garota liga e estala os dedos e ela vai correndo?!
— Por que você se importa?
— Eu não me importo, só... Quero saber.
— Você terminou com ela?
— O quê? Não.
— Você quer terminar?
— Você espera que eu simplesmente fique com uma pessoa que eu nem conheço?
— Se ela fosse um homem, se você acordasse e fosse um outro cara ao invés do Pedro, você tentaria ficar com essa pessoa desconhecida, não?
Camila hesitou em responder. Sabia a resposta, mas não a entregaria de bandeja.
— Eu não tenho nada contra ela, só... Não me vejo com ela dessa forma!
— Não estou dizendo pra você ir pra um quarto transar com ela, estou sugerindo que vá pra sua casa, que também é a dela, e experimente a rotina que você tinha antes do acidente, isso vai te ajudar!
— Será que eu posso pensar?!
— E já não está!?
— Só me deixa ficar sozinha. – Bufou.
— Isso quer dizer que eu posso mandar aquele peso inútil ali fora embora?
— Ah, Cristo, ainda tem mais essa! – Cobria o rosto com as mãos – Deixa ele entrar pra eu me despedir.
— Pensa rápido, seu tempo tá esgotando. Você provavelmente vai ter alta amanhã.
Júlia despediu-se de Camila com um beijo seguido de um olhar que a fuzilava, como a de uma mãe que acabara de dar uma bronca no filho. De dentro do quarto, Camila, apesar de toda a preocupação, não pôde conter a risada ao ouvir a voz de Júlia no corredor para Pedro.
— Se despeça e vá embora, cuzão!
— Nossa, que gênio forte, hein!? – Pedro ria, enquanto fechava a porta do quarto com cuidado.
— Me desculpa por isso, Pê.
— Não tem problema, eu é que deveria te pedir desculpas, não queria causar essa confusão.
— Não, relaxa, essa confusão já está instaurada por várias razões.
Pedro sentou-se junto à Camila e aproximou seu rosto, vidrado em sua boca. Camila conhecia aquela expressão; para ela, ainda parecia extremamente recente, apesar da diferença física de todos os anos que haviam se passado e da aparente postura de adulto que - finalmente - tinha alcançado. Em um piscar de olhos, sentiu seu corpo sendo puxado contra o dele, de uma forma urgente, em uma versão do rapaz que ela ainda não conhecia. Sentiu uma mão invadir suas costas e percorrer até sua nuca, enquanto a outra apertava seu quadril. Entregou-se por alguns segundos, que não sabia quantos eram, e talvez fosse melhor não contá-los.
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Você, de verdade (Romance lésbico)
RomansaLivro 2 concluído - Sob Nossas Peles: https://w.tt/2RUs4tJ O que acontece depois do "felizes para sempre"? Essa é a história de Camila e Gabriela, um casal que vivia feliz para sempre. Até o capítulo seguinte. Após um acidente de carro que quase lhe...