Você, de verdade (Romance lésbico)

CAPÍTULO 42. CONFRONTO

O relógio marcava 3:03h da manhã quando Camila percebeu que estava completamente desperta, no meio da madrugada. Gabriela já dormia há algum tempo, mas Camila, ao contrário da maioria das noites onde o cansaço a consumia, ainda estava com a cabeça a mil, pensando em tudo que havia acontecido. O corpo nu de Gabriela estava coberto apenas da cintura para baixo e Camila a observava há vários minutos. A luz do abajur ao lado da cama auxiliava o mapeamento minucioso que fazia com os olhos em cada pedacinho do corpo exposto. Dormia com uma expressão tranquila, que a deixava ainda mais bonita aos olhos de Camila. Quando apenas olhar não era mais o suficiente, levou a mão até o seu corpo e o alisou com a ponta dos dedos, com cuidado. Deslizou os dedos pelas costas, até o ombro, descendo pelo braço, sentindo a pele macia.
Camila não podia acreditar que aquela mulher realmente estava ao seu lado e que estava disposta a passar o resto da sua vida acordando e dormindo ao seu lado. Sentiu que a vida adulta havia se formado em um piscar de olhos, mas talvez essa sensação fosse só por não lembrar do decorrer de todo o processo. A ideia de casar e ter filhos jamais havia passado pela sua cabeça, mas estava assustadoramente tranquila com toda aquela situação. Parecia o certo. Quando pensava em ter aquela mulher somente para si, um sorriso brotava no seu rosto automaticamente, animado com a ideia. Apreciou a vista que tinha à sua frente por mais alguns minutos, até que o corpo de Gabriela se mexesse lentamente e a voz indicasse que estava acordando.

— Amor? – Gabriela chamou, ainda de olhos fechados.

— Oi...

— O que foi? – Perguntou com um murmúrio e o maxilar ainda parecia travado pelo sono.

— Nada. – Camila a tranquilizou com um leve carinho em seus cabelos. – Só tô sem sono.

— Tá pensando no quê?

— Em você. – Camila respondeu com um sussurro e fez os olhos de Gabriela abrirem lentamente.

— Mas eu tô aqui. – Sorriu, caçando seu corpo com a mão e alisando sua coxa.

— Por isso mesmo.

Gabriela riu, um tanto sem jeito, e fechou os olhos novamente, acariciando Camila. O vai e vem dos dedos ia da cintura até o meio da coxa e tinha toda a atenção de Camila, que sentia o corpo cada vez mais quente. Ficaram em silêncio por alguns minutos naquela posição.

— Linda... – Camila sussurrou próximo ao seu ouvido. – Eu sei que esse carinho é pra me ajudar a dormir, mas está tendo o efeito contrário.

Os olhos de Gabriela abriram novamente, dessa vez acompanhados de um sorriso que entendia bem a frase.

— É? – Aproximou-se, deixando que a mão deslizasse da coxa para os glúteos, apertando com uma força leve.

Camila assentiu com a cabeça e pressionou o lábio inferior com os dentes, quase como se sentisse culpa pela sensação que percorria o seu corpo.

— Você não precisa, meu amor, volta a dormir, você já tava dormindo... – Camila disse com pouca força, enquanto sentia o corpo de Gabriela cada vez mais perto do seu.

— Acha que eu conseguiria dormir depois de te ouvir falar isso?

Gabriela avançou sem pressa em seu pescoço, mordendo de leve enquanto deslizava sua mão, dessa vez explicitamente maldosa. Os braços de Camila foram os primeiros a se entregar, envolvendo o corpo de Gabriela. As bocas se encontraram em um beijo quente, que mostrava a vontade dos dois corpos. Camila sentia a umidade prestes a escorrer pelo meio de suas pernas e a vontade aumentava ao sentir as mãos de Gabriela e o cheiro do seu corpo tão perto de si. As bocas pareciam feitas sob medida uma para a outra e se encaixavam perfeitamente. Soltou um leve gemido ao sentir suas pernas serem separadas lentamente, enquanto Gabriela posicionava seu corpo entre elas. Gabriela deslizava os dedos pelas coxas, em uma forma de provocação e aviso do que faria e Camila abriu as pernas um pouco mais, dando passagem.