Gabriela cantou pneus pela cidade vazia até o centro da cidade. Conhecia o pub que Aline havia lhe dito que estava mas, àquela altura, sequer sabia se ainda estaria lá, apesar de poucos minutos terem passado. Ao chegar, freiou de forma brusca e estacionou o carro de qualquer forma, entrando no lugar sentindo a sua respiração pesada e adrenalina a mil. Não demorou para que visse Aline se esquivando de três homens, que pareciam nitidamente estarem perturbando. A garota parecia nitidamente bêbada e mal tinha forças para se debater.
— Ei... Ei! Ei! – Gabriela gritou agressivamente na terceira vez, empurrando um dos rapazes, que a tomava pelo braço, tentando arrancar-lhe um beijo no pescoço. – Deixa ela!
— Que porra...? Vai procurar sua turma, garota, ela tá com a gente! – O rapaz estranhou e Gabriela reconheceu o tom de voz, semelhante ao que ouvia na ligação.
— Você é o Theodoro, não é? – Gabriela enfrentou com os olhos tomados de raiva e viu a reação inesperada do rapaz ao ser chamado pelo nome. – Vai à merda, seu filho da puta! Se eu souber que você encostou nela de novo, eu vou atrás de você e te mato! Você me ouviu? – Gabriela finalizou falando lentamente, para que cada palavra em tom de ameaça fosse ouvida claramente.
— Quem é essa doida? – O rapaz franziu o cenho para Aline em indignação
— Ela é minha mulher! – Aline disse firme, agarrando-se forte em Gabriela. – E se eu fosse você, escutava o conselho dela.
Gabriela não esperou por uma resposta. Viu a dúvida nos olhos dos três homens, mas sabia que nos seus haviam certeza: estava tomada por uma raiva que a tiraria do controle. As poucas pessoas que ainda estavam no local apenas observaram enquanto Gabriela tomou a bolsa de Aline sobre a mesa e a carregou para o lado de fora. Caminharam até o carro e Gabriela abriu a porta para que Aline entrasse, dando a volta em seguida e entrando em silêncio. O carro saiu cantando pneus e Gabriela tinha uma veia saltada no pescoço que lhe era típica nas poucas vezes que havia perdido o controle daquela forma.
Aline estava em choque no início, ainda não acreditava no que havia acontecido e sequer tinha certeza de que aquilo realmente estava acontecendo. Quando a adrenalina baixou, sentiu um alívio imenso em ter sido salva daquela forma por Gabriela e só ali percebeu a gravidade da situação em que estava. Seus olhos encheram de lágrimas, talvez pelo forte efeito do álcool no seu sangue. Olhava fixamente para Gabriela, que olhava apenas para a estrada, ainda respirando pesado. Parou subitamente, atravessando a rua sem explicações e entrou em um posto de gasolina, retornando um minuto depois com uma garrafa d'água.
— Toma. – Gabriela entregou-lhe a garrafa. – Bebe isso.
— Você tá brava comigo? – Aline falava arrastado, com um bico que controlava o choro para que não caísse.
— Me diz onde você tá morando, eu vou te levar pra casa.
— Em frente à Biblioteca Municipal, aqui no Centro. Você tá brava comigo?
— Bebe a água, Aline.
As duas seguiram em silêncio até o local. Aline ainda estava embriagada, mas isso não tirava de si o constrangimento que sentia pelo que havia acontecido. Não parou de olhar Gabriela durante toda a viagem, enquanto tomava grandes goles da água.
Quando o carro parou em frente ao prédio, um grande silêncio tomou conta do ambiente. Gabriela estava visivelmente irritada.— Você consegue subir? – Perguntou, olhando-a com o cantos dos olhos. Aline apenas assentiu com a cabeça, mas tinha dificuldade até mesmo de segurar as chaves. – Vem, me dá essas chaves, eu te ajudo.
— Não, não precisa. Eu sei me virar.
— Pára com isso, Aline. Vamos.
Gabriela incrivelmente tinha calma novamente nas palavras, e aquilo acalmava Aline. Rendeu-se em seguida, lhe entregando as chaves e retirando o cinto de segurança. Gabriela saiu apressada e a tomou pela mão, auxiliando no desembarque, que fez desajeitada. Sem pedir permissão, Aline envolveu os braços ao redor do seu pescoço e montou no seu colo, laçando sua cintura com as pernas. Gabriela não questionou a atitude e seguiu prédio adentro com a ex no colo.
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Você, de verdade (Romance lésbico)
RomansaLivro 2 concluído - Sob Nossas Peles: https://w.tt/2RUs4tJ O que acontece depois do "felizes para sempre"? Essa é a história de Camila e Gabriela, um casal que vivia feliz para sempre. Até o capítulo seguinte. Após um acidente de carro que quase lhe...