CAPÍTULO 46. FORWARDS

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Camila acordou devagar, dando um suspiro longo. Antes que abrisse os olhos, sentiu a mão de Gabriela sobre sua pele, por dentro da blusa e moveu-se apenas o suficiente para se virar, aproximando os corpos. Gabriela tinha um cheiro inebriante pela manhã, Camila sentia que era um cheiro que vinha direto da alma e exalava pela pele. Observou-a dormindo por alguns segundos e quando olhar já não era o suficiente, tomou seu rosto gentilmente com os dedos e passou a distribuir beijos pelo seu rosto e nos lábios ainda fechados, cheirando sua pele com um sorriso frouxo.

— Ei, bonitinha, acorda... – Camila sussurrou no pé do ouvido – Você tá me devendo uma coisa.

Camila desceu ao pescoço, distribuindo mordiscadas pelo maxilar, até se deparar com uma marca em sua pele, já quase na nuca.

— Linda, você se machucou? O que é isso?

— Hm? – Gabriela murmurou, ainda sem se mexer.

— Isso aqui no seu pescoço.

Os dedos de Camila deslizaram com cuidado pelo local, quase com pena e medo de machucá-la, até que a marca ficasse borrada com os toques e tornasse visível que não se tratava de uma lesão.

— Gabriela, isso é batom?! – Os toques passaram a ser mais grosseiros para confirmar. – Por que tem batom no seu pescoço?

— O quê? – Perguntou, ainda desorientada.

— Por que tem uma marca de batom no seu pescoço? Que marca é essa? – Camila sentou-se, ainda sem entender, e perguntou um tom que exigia uma explicação.

"Merda.". Gabriela levou as mãos ao rosto e respirou fundo. Contar sobre o que havia acontecido não estava exatamente nos seus planos, mas ali, não teria como escapar.

— Quem esteve aqui? – Camila continuou questionando, séria.

— Calma. Ninguém esteve aqui.

— E você acordou magicamente com uma marca de batom no pescoço? O que você fez ontem depois que eu dormi?

— Espera, calma, eu vou te explicar. – Gabriela sentou à sua frente, passando a mão sobre os cabelos e os ajeitando grosseiramente. – Ontem à noite, eu... Recebi uma ligação.

— Ah! Claro, como sempre. – Ironizou com uma risada e levou as mãos ao rosto. – E quem estava precisando tão urgente te dar um beijo no pescoço?

— Ninguém. A Aline estava numa festa e os amigos dela deixaram ela sozinha e bêbada com uns caras.

— Sua ex? Você fugiu no meio da noite e me deixou aqui sozinha pra ir atrás da sua ex?!

Camila sentiu um calor percorrer o seu corpo na mesma hora. Apertou os lençóis com força, descontando neles a raiva que sentiu pelas imagens que começavam a passar pela sua cabeça.

— Camila, não foi dessa forma, ela precisava de ajuda, mal conseguia falar.

— E tinha que ligar logo pra você, é claro. – Ironizou. – Em que parte da história essa marca no seu pescoço entra? – Cruzou os braços em indignação.

— Ela não conseguia andar e se apoiou em mim. Só... Só pode ter sido nessa hora.

Gabriela não deu detalhes. Sentiu que já estava enrascada demais. Passou a mão pelo pescoço sem carinho e retirou o resto da macha avermelhada que havia na pele.

— Isso é uma marca de beijo, Gabriela! Não foi um simples borrão. – Camila respirava fundo pelas narinas e parecia criar coragem para a pergunta que rodava sua cabeça. – Aconteceu alguma coisa entre vocês?

Você, de verdade (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora