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AK narrando...
Aqui na boca, hoje tá o bixo, cheio de noia comprando todo tipo de drogas. Faturamento tá lá em cima. Olho meu caderninho de quem me deve e pra minha surpresa até que tem pouca gente (Risos) é assim mesmo que eu gosto.
Estou lá vendo tudo concentrado no meu trabalho e escuto uma voz que me dá nojo.

Beatriz: Oi amor.
AK: É o que ? Quem é teu amor aqui?
Beatriz: Você.
AK: Me respeita. Que eu já te mandei o papo pra não me chamar assim. Agora mete o pé daqui.
Beatriz: Desculpa.
AK: Vai embora !

Vejo ela chegar perto de mim, na mesma hora levanto e bato na mesa.

AK: PORRA. TU É SURDA CARALHO?
Beatriz: Não.
AK: ENTÃO VAZA.
Beatriz: Mas...

Antes que ela pudesse terminar de falar eu dei um tapa em seu rosto, não queria ter que fazer isso mas a mina, não escuta. A porta se abre e ela sai dali chorando e JF entra.

JF: Qual foi mano, que que tá pegando?
AK: Essa puta que não faz o que eu mando.
JF: Elas querem te dar gostoso.
AK: Mas eu não tô afim dessas putas.
JF: Eita que a Grazi sentou gostoso.
AK: Vai se fuder mano.
AK: Deixa eu te mandar o papo. Chega carregamento hoje, tu pode ir receber?
JF: Pode deixar comigo.
AK: Beleza, vai com uns vapor viu ?
JF: Confia chefe.
AK: Já é.

JF foi lá olhar o carregamento que estava chegando. Volto a cuidar dos assuntos da boca, porra a contabilidade tá dando muito errado, contratei um guri faz pouco tempo ele tem um cursinho na área, mas parece que o serviço dele está todo errado ou ele não sabe o que está fazendo.
Olha as horas e vejo que já são 13 horas, resolvo ligar para a Grazi.

Ligação On.
Grazi: Alô.
AK: Oi princesa.
Grazi: Que surpresa.
AK: Tá aonde?
Grazi: Acabei de sair do meu antigo emprego e estou indo almoçar e você?
AK: Tô na boca. E como assim antigo emprego?
Grazi: Resolvi largar o estágio.
AK: Tá certo, pretende almoçar aonde? Sobe aqui pro morro, mando alguém ir te buscar e almoçamos juntos.
Grazi: Iria comer em algum restaurante aqui por perto, mas aceito seu convite.
AK: Beleza, vou mandar um vapor ir te buscar.
Grazi: Vou passar em casa e ele me pega por lá então.
AK: Já é. Tchau.
Grazi: Tchau.
Ligação Off.

Peço para o vapor que está de olho nela, já passar e pegar ela na casa dela e trazer pro morro.

Grazi narrando...
Estava indo em direção ao restaurante que tem aqui perto, mas ai recebo uma ligação do AK me pedindo para ir ao morro, almoçar com ele, lógico que eu aceitei. Vou para a minha casa, tomo um banho, escolho um vestido leve soltinho, passo uma make básica e calço uma rasteirinha, como já vou para lá resolvo que irei ficar por lá e me arrumar na casa da Bruna para depois sairmos com a Liz, separo uma roupa para mais tarde e tudo que vou precisar. Ouço meu celular tocar.

Ligação On.
AK: Já tem um vapor em frente ao teu prédio, ele está em um corolla preto.
Grazi: Tá bom, já estou descendo.
AK: Qualquer coisa tu me liga.
Grazi: Ok.
Ligação Off.

Chamo o elevador e em poucos minutos já estou no carro com o vapor acho que já vi ele antes, chegamos perto do morro e o vapor já manda um rádio pro AK.

Rádio On.
Vapor: Chefe.
AK: Pode falar. Tá com a Grazi ai ?
Vapor: Estou sim chefe, levo ele para aonde ?
AK: Deixa ela lá em casa que eu tô subindo.
Vapor: Tá.
Rádio Off.

Chego na casa da Liz, vapor entra na garagem com o carro, desço do carro ele me ajuda com a bolsa e me leva para dentro e vejo minha amiga Liz.

Liz: Amiga, você por aqui?
Grazi: Achei que sabia que eu iria vim.
Liz: Na verdade não. Vai ser minha cunhada é?
Grazi: (risos) engraçadinha.
Liz: Ia amar te ter aqui todo dia.
Grazi: Também iria amar, mas não quero atrapalhar a liberdade de vocês.
Liz: Nem vai, vem deixa eu te apresentar a Dona Maria.
Grazi: Boa tarde Dona Maria, tudo bem ? Prazer Grazi.
Dona Maria: Boa tarde minha filha, tudo sim e você?
Grazi: Estou bem.
Dona Maria: Não sabia que hoje teria visita não.
Liz: Pior que nem eu (Risos) mas ela é de casa.
Dona Maria: Menos mal (Risos).
Grazi: Liz, vou deixar minhas coisas aqui na sua casa, resolvi ficar por aqui até irmos mais tarde.
Liz: Pode trazer tudo que é seu pra cá, se quiser. Vou arrumar um quarto de hóspedes pra tu.

Ouço o porta abrir e vejo AK entrar, ele vem até mim e me dá um selinho que me deixa com vergonha, mas termino a conversa com ela.

Grazi: Engraçadinha.
AK: A casa está aberta pra você. Liz não precisa de quarto de hóspedes não, leva para o meu.
Liz: Sério?
AK: Sim.
Liz: Meu Deus, abençoa.
Grazi: O que foi Liz?
Liz: Amiga depois te conto.
AK: Segredinho é?
Liz: Teu segredo mesmo (Risos).
AK: Fala na minha frente.
Liz: Então Grazi, é que meu irmão não trás mulher aqui e nunca deixou nenhuma subir para o quarto dele.

Olho pra AK, e o mesmo balança a cabeça confirmando, fico em choque mas Dona Maria nos interrompe, avisando que o almoço está pronto.
Almoçamos, ajudei a Dona Maria a arrumar a cozinha junto com Liz e em seguida andei um pouco pela casa.
A casa do AK, ficava no topo do morro, na verdade nem é uma casa e sim uma mansão, muito maior e bonita do que a da Bruna. Subi até a laje e fiquei ali admirando a vista da Favela do alto, é tão linda, no fundo de longe ouço um funk tocar, crianças brincando na rua e pessoas passeando, tudo estava tão tranquilo.
Fico ali admirando até sentir dois braços musculosos me abraçar em volta da minha cintura.

AK: Finalmente te achei.
Grazi: Aqui em cima é tudo tão lindo.
AK: Esse é um dos meus lugares preferidos aqui, da varanda do meu quarto também dá para ver a favela toda por outro ângulo.
Grazi: É tão bom, ver que está tudo em paz, aqui não é como passa nas televisões e nos jornais.
AK: Confesso que não. Aqui é perigoso, mas o meu povo precisa de mim aqui. Quando eu era moleque, meu pai foi preso e isso aqui ficou na mão dos policiais isso sim era o inferno aqui, até as crianças apanhavam deles, todo mundo que subia e saia levava bacu ou apanhava. Geral preferia se esconder.
Grazi: Como eu queria que essa cena, que vejo agora fosse para sempre, a primeira vez que pisei aqui foi sábado nunca tinha vindo antes. Confesso que já cheguei aqui com medo pelo que me aguardava, antes de ir falar com você estava tão preocupada, mas o JF conseguiu me acalmar.
AK: JF é sangue bom. Meio baitola mas é gente boa.
Grazi: Tenho ele como um irmão.
AK: E eu ?
Grazi: Não sei bem, só quero permitir viver esse momento, essa fase boa.
AK: Vai sim. Decidiu o que sobre o apartamento?
Grazi: Irei hoje com as meninas olhar ele, mas o que acontece eu não quero ser tratada igual as minas que tu fica no morro, que te dá por dinheiro ou qualquer outra coisa.
AK: Hmmmm, mas você não é elas, tu é diferente eu gosto de você. Só quero te ajudar e te tirar daquele ninho de cobras.
Grazi: Eu sei, agradeço por isso.
AK: Você vai levar a sério sobre continuar vendendo as drogas?
Grazi: Vou sim, mas só aos sábados assim da pra mim faturar um bom dinheiro.
AK: Tá bom. Mas cuidado.
Grazi: Eu sei.
AK: Vamos deitar um pouco? Mas tarde preciso voltar pra boca.
Grazi: Sim vamos, preciso descansar antes de sair com as meninas.

Amada pelo Traficante.Onde histórias criam vida. Descubra agora