Cap 31

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Letícia;

Porra, eu estou sem palavras. O 157 me chamou de "minha mulher" para a psiquiatra.

Foi o que acabou quebrando o gelo, já que eu estava em total estado de choque com um dos crimes dele. Um dos assassinatos que ele cometeu, matou a mulher de um tio dele. Ele disse que espancou ela até a morte e não sente um pingo de reforço.

Dayane: Bom, obrigada por me receberem. Eu aconselho que vocês se afastem, não é bom ter uma relação com um indivíduo nesse estado. - Concordei abrindo a porta. - Se preciso, sabe onde me encontrar. Tenha um bom dia.

Eu já nem sabia o que dizer, apenas dei tchau à ela e fechei a porta. Eu tenho que tentar conversar com o 157, não vou conseguir ficar perto dele sem entender os motivos.

Vai ser agora, ou eu vou ficar louca.

Sei que ele tá no quarto dele, já que ele mesmo disse que não cheirou cocaína ontem e está em total abstinência. E é o único motivo pelo qual ele usa o quarto, se drogar até apagar.

Talvez eu bateria na porta, mas eu nem ligo mais. Um mês de conivência e ele estar usando qualquer tipo de droga, é a coisa mais normal que acontece.

157: O caralho, bate na porta porra. - Apenas fechei a porta e sentei no meio da cama. - Fala doutora.

Encarei ele encostado na parede enquanto fumava um cigarro de maconha.

Letícia: Eu não queria me intrometer, mas porque matou a mulher do seu tio? Tipo, não é legal conviver com um cara que matou outra mulher.

Prendi meu cabelo com um rabico em um rabo de cavalo básico. Ele largou o cigarro em um cinzeiro em cima da cômoda e se aproximou. Sentou do meu lado passando a mão no meu rosto, fazendo um tipo de carinho.

157: Tu lembra da Pietra que eu te comparei? Porra, ela era lindona.. Parecida com tu, cabelo longo e loiro, corpão e com a mesma marra. - Tirou a mão do meu rosto e ficou outra vez me analisando.

Letícia: Linda ao ponto de atrair a atenção do seu tio então? - Cruzei os braços e ele sorriu sem mostrar os dentes.

157: É por isso que eu gosto de tu, pensa rápido. - Suspirou dando um tapinha no meu rosto. - Ela sumiu pô, fugiu de nós dois porque tava grávida e eu não sabia. Do nada ela voltou, anunciou pra essa favela inteira que estava grávida e que o filho ia ser herdeiro. Nunca cheguei a saber se o filho era meu, porque eu.. - Segurou meu rosto outra vez. - Não deixei ela explicar, espanquei ela sem dó, enquanto o filho da puta do meu tio sumiu no mundo.

Letícia: E.. e a criança? - Ele deu de ombros. - 157...

157: Não sei e nem quero saber, não sei nem se sobreviveu. E é melhor que não tenha sobrevivido, porque se não, tudo isso aqui e até o chão que tu tá pisando vai ser dessa criança. E aí eu vou ter que matar ela pô, que deve ter no máximo cinco anos.

Ele disse tudo, com uma total paz. Como se fosse uma coisa totalmente normal.

Letícia: Não tem nem o que eu dizer. Meu Deus do céu, você não sente remorço?! Um pingo de culpa? - Tirei a mão dele do meu rosto.

157: Por ela não, pela criança sim. Por isso eu fiz um pacto comigo mermo e nunca, vou ter um filho.

Confesso que a última fala me pegou de surpresa, ele me deu esperanças de uma coisa que ele não quer e sabe sei lá, o que ele ia tentar fazer.

Porra!

Ele literalmente deu a entender em todas as conversas, que iria doar o espermatozoide..

Letícia: Não vai doar o espermatozoide pra mim ter a criança? Sério isso? Você me dá todas as esperanças do mundo de que vai ser o pai de um filho meu, e aí diz isso?!

Acho que até ele se surpreendeu com a minha fala, só pela expressão facial dele eu consigo perceber isso.

Mil vezes burra.

...

ARTIGO 157Onde histórias criam vida. Descubra agora